Artistas e equipe organizadora apresentam o Festival Boca de Brasa durante coletiva de imprensa
As linguagens artísticas da periferia vão subir ao palco principal do Teatro Castro Alves - TCA com merecido prestígio. O responsável por reunir todas elas no mais alto posto de legitimidade da arte baiana é o Festival Boca de Brasa. O evento acontece no dia 13, às 20 horas.
Em coletiva de imprensa realizada ontem no Espaço Cultural da Barroquinha, a equipe responsável por tocar a iniciativa contou detalhes sobre a programação do evento.
O festival terá a participação de 30 grupos artísticos e mais de 200 pessoas em cena. A direção artística é assinada por Zeca de Abreu e a musical por Luciano Bahia.
Além disso, os cantores Margareth Menezes e Saulo Fernandes farão uma participação especial na noite. Saulo é considerado um dos padrinhos da ação incentivadora.
Longa vida
O projeto Boca de Brasa surgiu em 1986, durante a gestão municipal de Mário Kertész. A intenção era valorizar a potencialidade artística das comunidades periféricas.
A iniciativa foi retomado por Fernando Guerreiro, diretor da Fundação Gregório de Mattos - FGM, num novo formato. Há três anos, oficinas voltaram a acontecer em bairros como Uruguai, Lobato e Itapuã.
Segundo ele, o festival vai apresentar para um público mais amplo as especificidades de linguagens dos bairros.
"O movimento de valsas em Cajazeiras é fortíssimo, a percussão na Liberdade tem muita qualidade, o teatro na Boca do Rio é fantástico. O subúrbio hoje também tem uma cena cultural estruturada", conta.
É importante destacar, segundo Fernando, que nas regiões da capital onde existem núcleos de cultura os índices de violência são menores.
Visibilidade merecida
A diretora Zeca de Abreu diz que sempre trabalhou com comunidades periféricas e fica emocionada ao ver gente bacana se esforçando pela arte. "As estrelas são eles. O boom dessa ação tem que reverberar dentro das próprias comunidades periféricas".
O ator Fabrício Cumming movimenta o bairro de Plataforma, dá vida à condessa Tabatha Vermont e integra a grade do festival com comédia. "Esse projeto fomenta o protagonismo da periferia em cena. Estou animadíssimo com essa oportunidade".
O rapper Mr. Armeng também se apresentará na noite. Ele é natural do Nordeste de Amaralina e lá fez uma oficina de elaboração de projetos. "Salvador precisa desse incentivo para ferver a cultura das comunidades", afirma.
Ju Lourenço encabeça o grupo musical Vozes do Engenho, residente do Engenho Velho de Brotas, e se diz muito animada com a apresentação. "É uma oportunidade ímpar mostrar nosso trabalho de 12 anos num lugar legitimado".
O grupo Balé da Comunidade, iniciativa de Edson Souto em Cajazeiras, também subirá ao palco do TCA.