Chico Castro Jr.
Dr. Sin está em turnê de final de banda
O headbanger, assim como o sertanejo, é, antes de tudo, um forte. Talvez por isso, o heavy metal seja tão apreciado no interior. Está aí a 3ª edição do festival Ruídos no Sertão para não nos deixar mentir.
Este ano, são dois dias - sábado e domingo - com 11 bandas de diversos estilos de metal e várias partes do Brasil, mais uma da Argentina, Enconffined. As headliners são a lendária Dr. Sin (hard rock) e Torture Squad (thrash / death metal), ambas de São Paulo.
Ainda há a gaúcha Hibria, as mineiras Hellway Train e Grey Wolf, a carioca Farscape, a paulista Metalizer e as baianas Trepanator, Escarnium e Storm. Infelizmente, este ano não tem um grande nome do metal gringo como em 2015, com o grupo Metal Singers, que reuniu ex-vocais de bandas como Iron Maiden e Accept.
"Esse não é nosso foco principal", avisa Gildásio Correia Júnior, produtor do Ruídos. "Priorizamos valorizar as boas e grandes bandas do cenário metálico do Brasil. O que aconteceu com o Metal Singers foi uma combinação de fatores que gerou a oportunidade de traze-los. Obviamente, estamos sempre atentos ao cenário para aproveitarmos novas oportunidades", garante.
E, se em 2015, o festival contou com apoio de edital da SecultBa, esse ano o produtor teve que se coçar: "Nesta edição, os recursos basicamente são provenientes de investimentos próprios, com apoio também de algumas empresas privadas e da Prefeitura Municipal de Poções, que apoia o Ruídos desde a primeira edição", conta.
Produtor de shows em Poções há dez anos, Gildásio conta que, no início, o pessoal local estranhou: "Posso dizer que já se assustaram muito", ri.
"Ano passado, houve uma verdadeira invasão de metalheads à cidade, o que foi um divisor de águas nesse sentido. A população tem abraçado o festival a cada dia mais, estão percebendo que é um marco para a cidade. Para o comércio local, o saldo também foi muito positivo em termos de benefícios, mas infelizmente, os apoios ainda estão um pouco tímidos por parte dos comerciantes locais", lamenta.
A saideira do Doutor
Uma das bandas brasileiras mais importante do seu nicho, a Dr. Sin está em plena turnê pelo país, com três datas só na Bahia: sábado em Poções, 27 de fevereiro em Serrinha e 28 em Salvador. Uma pena que o motivo de tanta atividade seja o anunciado fim da banda.
"Sim, estes são os ultimos shows da Dr. Sin. Antes de mais nada, quero esclarecer que entre nós a amizade vem antes de tudo", afirma o vocalista e baixista Andria Busic.
Formada em 1991 por virtuoses (Andria, seu irmão Ivan Busic na bateria e o guitarrista Eduardo Ardanuy), o trio já nasceu grande, se apresentando em grandes festivais, com contrato em gravadora major, músicas em trilhas de novela e hit nas rádios (Futebol, Mulher e Rock 'n' Roll, de 1995).
"Justamente por isso estamos parando, para não estragarmos uma história maravilhosa. Com o tempo, as prioridades mudaram, principalmente para Edu, que focou mais a sua própria marca, EA. Mas, para nós, não mudaram, sempre priorizamos o Dr. Sin acima de tudo", afirma.
Em Poções, os doutores prometem aplicar suas habituais doses cavalares de hard rock nos pacientes, agora com a emoção extra da despedida: "Posso afirmar pra todos que estiverem lendo que, a cada show que fazemos, fica mais emocionante, pois vemos o carinho demonstrado pelos nossos fãs e já começamos a sentir saudades de tudo. Podem ter certeza que verão um show onde nos entregamos de corpo e alma - como sempre fizemos, só que mais", garante.
Com uma trajetória brilhante, a Dr. Sin se despede do seu fiel público indo ao seu encontro em todo o país e de coração aberto, sem arrependimentos: "Foi uma trajetória maravilhosa, cheia de sonhos realizados e uma vida dedicada ao rock e aos nossos ideais, tudo feito com muito amor e respeito. Somos muito felizes por podermos fazer parte da história do rock e de muitas vidas que nos apoiaram e ainda nos apoiam, onde quer que estejamos. Nos vemos na estrada", conclui Andria Busic.