Show aconteceu na noite do sábado, 14, no palco da Concha Acústica do TCA
“Por essa luz eu disparo / Sem repetir nhenhenhém / O Brasil é que é meu faro / Levaremos tudo além / É no samba que eu preparo / De Xerém a Santo Amaro / De Santo Amaro Xerém”, cantavam Maria Bethânia e Zeca Pagodinho na abertura do show De Santo Amaro a Xerém, que aconteceu na noite do sábado, 14, no palco da Concha Acústica do TCA, em Salvador.
“Amaro Xerém”, música de abertura escrita por Caetano Veloso especialmente para o show, traduz o que o espetáculo seria: uma homenagem ao samba, o que une o coração desses dois artistas. Na sequência, eles trouxeram a canção atemporal de Dona Ivone Lara, “Sonho Meu”, que marcou a primeira parceria dos artistas em 2016.
O espetáculo conta com uma mistura dos músicos que trabalham com Bethânia e Zeca e tem direção musical de Jaime Alem (violão) e Paulão Sete Cordas (violão). A banda também é formada pelos músicos Rômulo Gomes (baixo), Paulo Dafilin (violão e viola), Marcelo Costa (bateria/percussão), Jaguara (percussão), Esguleba (percussão), Paulo Galeto (cavaquinho) e Vitor Mota (sax e flauta).
Afeto e descontração
Nas 37 músicas, divididas entre os artistas em momentos em dupla e individuais, a descontração marcou presença. Zeca e Bethânia, quando juntos, eram só sorrisos e elogios. O afeto entre eles era palpável principalmente nos momentos em que um deles olhava para a plateia como se estivesse sentindo vergonha por receber elogios.
Zeca, em seu momento solo, enquanto cantava “Ogum”, recebe Bethânia ao palco mais uma vez, trazendo seu tom dramático ao declamar a “Prece a São Jorge”. Logo após, o palco é somente dela. E Bethânia não poderia começar seu momento solo sem colocar o samba de roda no pé e puxar “Falsa Baiana”.
Ainda quando estava sozinha, Bethânia cantou “Marginália II” (“Aqui é o fim do mundo”) e trouxe com o tom político enraizado na canção um grito de “Mariele presente!”, sendo ovacionada pela plateia. No repertório individual da santantamerense, ainda estavam presentes as clássicas que marcaram sua carreira como “Pano Legal/Café Soçaite”, “Negue” e “Reconvexo”.
Sapucaí em Salvador
Se é para falar do amor pelo samba, Bethânia e Zeca não deixariam de cantar sobre a paixão que sentem pela Mangueira (ela) e Portela (ele). De volta ao palco, novamente sozinho, Zeca trouxe toda sua irreverência ao homenagear a águia azul e branca do Rio de Janeiro. Em “Portela/Nunca Vi Coisa Mais Bela”, “Lendas da Amazônia” e “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”, Zeca reafirmou o poder da maior campeã do carnaval do Rio de Janeiro. Bethânia também mostrou que a Mangueira estava presente e forte.
A baiana entrou no palco a caráter, com plumas verde e rosa, as cores da Mangueira, declamando versos de “A Menina dos Olhos de Oyá”, samba enredo que fez a Mangueira vencedora em 2016 ao homenageá-la. Em “A Surdo 1”, inédita de Adriana Calcanhoto, Zeca voltou ao palco e brincou, sambando enquanto Bethânia declamava os versos para a Mangueira.
No bis, Zeca e Bethânia se abraçam, reverenciam o público e agradecem ao som de “Deixa a Vida Me Levar”, com direito a pulinhos de Bethânia no palco, deixando o público com gostinho de “quero mais” e torcendo para que essa parceria se estenda para além.