No repertório do show, 16 canções que falam da identidade baiana
“Sinto-me um baiano, um nordestino, muito vitorioso por conseguir fechar mais um ciclo com a turnê do disco O Azul e o Sol. Apesar de todas as dificuldades para percorrer o Brasil, andar com um cenário de show pela estrada, fazer um disco em uma época tão digital, fomos vitoriosos. E é esse clima que vamos passar no show, dizer o quanto valeu, o quanto foi positivo”, ressalta Saulo Fernandes. O cantor encerra neste sábado, 5, a turnê do terceiro disco solo com apresentação, às 18h, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA).
O álbum O Azul e o Sol é uma crônica sobre Salvador, seus bairros e o povo baiano, em especial os afrodescendentes, moradores da periferia. Saulo classifica o disco como um “álbum de textos, livro de músicas”, composto por 16 canções, conectadas por palavras que expressam o lado alegre e feliz da vida.
“É um disco e um show em que lá estamos nós falando de Salvador e da Bahia mais uma vez. Quando não estava na moda falar da Bahia, seguimos falando. A vida inteira a gente fala desse assunto. Primeiro é o sotaque, onde a gente se identifica. Segundo que é uma reafirmação da nossa baianidade. Isso faz com que eu reveja tudo do passado. Por isso respeito quem chegou antes e abriu as portas para que pudéssemos passar. Falar de Salvador e da Bahia é uma maneira de me ver representado. São duas fontes que não se esgotam”, afirma o ex-vocalista da Banda Eva.
O show deste sábado é para matar a saudade. Cantar e dançar ao suingue da música forte da Bahia. Saulo vai passear pelas músicas de O Azul e o Sol e outros sucessos de sua carreira e esse espetáculo não poderia deixar de ser na Concha Acústica do TCA. “A Concha é um lugar fantástico, é a casa perfeita, é o meu palco fixo. É um ponto de encontro dos soteropolitanos. Encerrar uma turnê na Concha é o maior prêmio de todos”, concluiu.
Periferia
Saulo traçou um caminho de volta às origens do axé music, seu olhar voltou-se aos bairros periféricos de Salvador, que em sua avaliação é onde reside a real beleza da primeira capital do Brasil. Seus textos têm sido referências para alguns jovens poetas como Kelvin Foky do Coletivo Pé Descalço, morador do bairro Castelo Branco. “Saulo é toda pluralidade baiana. É um dos poucos artistas do axé music que mantém viva a tradição que nos rega. A sua doçura, alegria e luz me contagiam muito”, diz Kelvin.
Com sua humildade peculiar, Saulo diz que fica maravilhado em ouvir depoimentos como o do jovem poeta, mas afirma que é ele que faz dos bairros, onde a Salvador africana se revela, seu guia. “As comunidades, os bairros da periferia são fontes de talentos. Aí tem uma arte com expressões fortes que merece atenção e precisa ser revelada. São cronistas de suas próprias vidas, que sentem necessidade de escrever e buscam falar de si. Eles são minha fonte de inspiração. Meu texto vem da beleza dessas pessoas”, destaca Saulo emocionado.
O caminho traçado por Saulo o tem levado ao encontro do povo baiano e de outros lugares. Projetos como a Pipoca do Saulo e o Canto da Rua crescem e consolidam-se a cada edição. As músicas do disco O Azul e o Sol foram bem recebidas pelo público. A aceitação fez surgir algumas ideias que o cantor vai materializar ainda este ano.
“O Azul e o Sol foi um disco bem cantado, bem aceito. A galera chegou no carnaval cantando todas músicas. Daí nasceu a ideia de um projeto audiovisual. Não sabemos ainda se será um DVD, por isso prefiro falar em audiovisual, porque nos dias atuais não tem como não ter o lance do vídeo”, afirma o cantor.
Projetos
Quanto a Pipoca do Saulo, que tem se firmado como um dos momentos de destaque do Carnaval de Salvador, o artista se diz feliz com o crescimento e o reconhecimento do público. “A pipoca é só amor. É algo crescente, isso me amplifica e me dá felicidade. Mas faz também com que eu me preocupe com a proteção das pessoas. Estamos caminhando para um projeto dedicado às crianças, uma espécie de ‘pipoquinha’. Até porque não queremos conter o crescimento da pipoca. Conter é algo muito feio e não queremos isso, ao contrário, queremos abrir mais as paredes e os portões. É pra isso que a pipoca existe”.
Já o Canto da Rua está confirmado para o segundo semestre e mantém firme o objetivo de ser um fortalecedor da música baiana. “É um compromisso mais local, regional. É um projeto que gosto muito de realizar porque me permite uma conexão com a cidade de Salvador. O projeto todo é pensado para falar da Bahia e suas canções. É a nossa identidade, a busca pela reafirmação do nosso lugar. Com o Canto da Rua tenho a oportunidade de ser mais baiano”, frisa.