Alex Torres* | Foto: Felipe Iruatã | Ag. A Tarde
Atualmente, o Trio Nordestino é composto por Beto Sousa, Luiz Mário e Jonas Santana
Com mais de 60 anos de estrada, o 'Trio Nordestino' se destaca por ser o grupo de forró mais antigo em atividade. Fundado em 1958, o grupo surgiu após deixar de acompanhar o 'rei do baião', Luiz Gonzaga. Assim, os três componentes da época - Coroné, Lindú e Cobrinha - começaram a escrever as páginas dessa história que perdura até os dias atuais, já com uma nova formação.
Em entrevista ao Grupo A TARDE, a equipe, composta por Beto Sousa, Luiz Mário e Jonas Santana falou sobre a manutenção da essência do forró em suas canções durante todos esses longos anos de trajetória.
"Existe uma história no futebol que diz que 'time que está ganhando, não se mexe'. Então temos que deixar uma herança para os próximos trios que estão chegando, herança que foi herdada do grande mestre Gonzaga. Por isso que não mudamos em nada, a não ser de componente quando morre", afirmou o vocalista.
Se o dito popular é verdadeiro, o time do Trio Nordestino não só está ganhando, como marcando um gol de placa. O último trabalho do grupo, por exemplo - o álbum intitulado de "Canta o Nordeste" - concorreu a diversos prêmios internacionais, inclusive ao Grammy Latino de 2017, na categoria de Melhor Álbum de Raízes Brasileiras. Em 2018, eles ainda venceram o Prêmio da Música Brasileira (PMB) como melhor grupo regional.
"Acho que não existe coisa melhor para o artista do que o reconhecimento, e o maior ápice do Trio Nordestino, além de ter concorrido ao Grammy, foi subirmos lá e vencido o Prêmio da Música Brasileira. Foi como vencer uma Copa do Mundo", contou o grupo com emoção.
Sertanejo no São João
Sobre a ascensão do Sertanejo nas festas juninas, o Trio se manteve firme na preservação da essência, não somente do próprio gênero em si, como da festa cultural nordestina. "Eu não considero como sertanejo. Porque as músicas que são tocadas hoje, não seguem a raiz do ritmo em si [...] Não temos nada contra, só que quando se fala em São João, se pensa em Forró. Então temos que dar valor ao nosso ritmo, que é herança do nordestino", cravaram.
O grupo ainda concluiu falando a respeito das alterações que eles precisam fazer para manter viva a cultura 'forrozeira' que eles tanto prezam. "Quando queremos modernizar no forró, por exemplo, podemos colocar uma guitarra ou algum outro tipo de instrumento. No entanto, não podemos fugir da nossa essência".
Mesmo com a concorrência, eles falaram sobre a grande agenda de show que eles terão que cumprir durante esse São João e concluiu falando da felicidade que sentem em estar mantendo viva a herança do ritmo apresentado a todo país pelo velho 'Gonzagão'.
"Para a gente, está sendo maravilhoso. Apesar da crise que existe em todos os lugares, estamos rodando a Bahia toda, indo a Sergipe também, dando um foco na região nordeste e ficamos muito feliz com isso", finalizaram.