Ashley Malia e Natália Figueiredo | Foto: Felipe Iruatã | Ag. A TARDE
Grupo se apresenta neste sábado, no Pelourinho
Esquentando o clima deste inverno, o grupo Àttøøxxá traz para Salvador mais uma edição do ‘Bailaum BLVCKBVNG’ (Bailão Black Bang). Em quase três horas de música, o evento que acontece neste sábado, 3, na Praça Tereza Batista (Pelourinho), promete trazer os maiores hits da banda, comandada por Rafa Dias, Raoni, Chibatinha e Oz. Em entrevista ao Portal A TARDE, os jovens falaram dos eventos ‘Bailaum BLVCKBVNG’ e ‘TáBATENU’ (Tá Batendo), novas parcerias e combate ao racismo.
Nesta edição do bailão, os artistas revelaram uma surpresa para o show, que é a nova versão de uma música que eles gostam muito e que está fazendo sucesso internacionalmente. Eles não revelaram qual é a música, mas adiantaram outros detalhes, como a participação especial do grupo de rap Underismo e de Sucrilho Boladão. O evento, que acontece de março até novembro, existe desde 2017. Além do ‘Bailaum BLVCKBVNG’, os músicos produzem outra festa, desta vez no verão, a ‘TáBATENU’. “É o evento do verão, mas é como se fosse outra versão do bailão”, explicou o DJ e produtor musical do grupo, Rafa Dias.
Com o último álbum lançado em 2018 - o ‘LUVBOX’ -, Àttøøxxá revelou que tem novidade chegando este ano, como parcerias com a cantora e drag queen Glória Groove, o rapper baiano Hiran e Baco Exu do Blues.
Mistura
A mistura rítmica já é uma marca registrada do Àttøøxxá, que acabou conquistando o coração da juventude baiana nos últimos tempos. Para o DJ e produtor musical do grupo, Rafa Dias, o público se identificou com o som que eles fazem e conseguiu assimilar essa identidade. “Se Chibatinha ‘botar’ uma guitarra em qualquer lugar do mundo, a galera vai saber [que é ele]”, brincou.
Para os quatro artistas, essa identidade própria não nasceu junto com o grupo, foi uma construção. “Quando a gente começou, a galera não entendia qual era a nossa cara, porque a música é tão livre que não tem uma cara. Talvez a nossa cara tenha se tornado não ter cara”, explicaram eles, que têm como referências artísticas desde o Movimento Tropicalista, que teve seu auge no Brasil, no final da década de 1960, até o Afrofuturismo, combinação de arte e cultura da diáspora africana com elementos de ficção científica e futurismo.
Eles contaram que essa mistura de referências e ritmos presentes no som do Attooxxa faz parte de uma tendência de artistas negros do mundo inteiro. “A gente está dentro dessa tendência. Chegamos em um momento da música que fica até difícil, com tanta informação, fazer só um som”, pontuaram eles, frisando que há muitas possibilidades para fazer música hoje em dia. “A gente não coloca barreiras, a música ‘tá’ indo para um lado e a gente só vai”, disseram.
Combate ao racismo
Recentemente, os músicos do Attooxxa ganharam os holofotes ao denunciar a decoração de um hotel em que estavam hospedados em Belo Horizonte. Os quadros que decoravam o hotel continham imagens que remetiam ao período da escravidão e os jovens demonstraram esse incômodo em um vídeo publicado nas redes sociais.
Quando questionados sobre o assunto, os artistas fizeram questão de pontuar a importância de se posicionar, enquanto grupo, no combate ao racismo. “Acredito que é super importante a gente se posicionar, mas até então, pelo resultado que obtivemos, o pessoal não sabe o que é racismo. As pessoas não têm noção, mesmo que elas sejam racistas. Acho que é esse o grande problema, o contexto… As pessoas não entendem”, lamentou o vocalista Raoni.
Os artistas declararam que a maior preocupação foi a forma superficial como o caso foi retratado. “As pessoas não focaram nesse propósito [de denúncia] para focar em polêmica ou fofoca”, disse Raoni, que acredita que este é o momento de falar. “Várias pessoas nos chamaram de vândalo sem saber, mas é melhor se taxado de vândalo do que ficar ‘passando pano’”, finalizou o vocalista.