Shows, disco, livro, exposição, musical e filme estão programados para homenagear o mestre
Não há dúvidas de que Caymmi é grande. Mesmo com cerca de uma centena de músicas compostas, a obra do baiano é uma das mais importantes da música brasileira. Apesar disso, o que se vê na programação do ano de seu centenário de nascimento (confira alguns destaques ao lado) é o esforço da família para realizar alguns projetos e iniciativas espontâneas de artistas que reconhecem a grandeza do músico, a despeito das dificuldades financeiras.
Para Nana, Dori e Danilo, os três herdeiros do cantor e compositor, na verdade o ano Caymmi começou em 2013 e segue até 30 de abril de 2015. Ano passado, eles lançaram "Caymmi", CD de canções pouco conhecidas do pai, e fizeram turnê pelo País. Até o próximo ano, esperam a realização de outros projetos engatilhados.
"Tem exposições, a Record está produzindo um documentário, também pediram autorização para um musical de teatro. O que faltou de todo universo artístico foi um balé. O resto acho que está coberto", brinca Danilo.
Para a família, toda homenagem tem a mesma importância. Dori e Danilo, por exemplo, dão o mesmo peso às reverências de artistas baianos no Carnaval deste ano, como Margareth Menezes, Daniela Mercury, Gilberto Gil, Paulinho Boca de Cantor e Ivete Sangalo, e ao projeto do CD "Dorival Caymmi - Centenário", que vai contar com a participação de Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e dos três filhos. "Cada convidado canta duas músicas e os três cantam juntos O Que é Que a Baiana Tem?", explica Dori, que dirige o disco com o músico Mário Adnet. "O Adnet tem vivência nesse esquema de leis de incentivo. Mas algum levantamento de dinheiro não deu certo no meio do caminho e nós entramos de sócio da gravadora Biscoito Fino", acrescenta.
A família diz não ter sido procurada pelo governo do Estado da Bahia, que apresentou para o centenário uma programação de eventos de pequenos porte. Só nas últimas semanas os Caymmi receberam convite de Daniela Mercury para participar de um show gratuito da cantora neste domingo, 4, às 19 horas, no Farol da Barra, com apoio da prefeitura de Salvador e patrocínio do banco Itaú. O evento estava marcado para acontecer nesta quarta-feira, 30, às 20h, mas foi adiado por conta do mau tempo em Salvador.
Danilo vem representar a família e cantará 12 músicas no show. Pensando em não deixar a data "passar em branco" na terra do pai, há muito tempo o músico já tinha programado três shows no Café-Teatro Rubi do Sheraton da Bahia Hotel (de quinta a sábado). Ele também trabalha em um disco com repertório de Caymmi, produzido por Domenico Lancellotti e Bruno di Lullo. "É o ponto de vista dos jovens. Faço o que eles mandam, justamente para ter uma capilaridade com o futuro".
"A gente saiu na frente para ter uma independência porque essas coisas (o apoio governamental) são tão burocráticas que às vezes atrapalham. É lógico que se vierem vão ser bem aceitas. Mas se tivéssemos ficado esperando ia ser muito difícil", explica Danilo.
O Matita Perê é um dos que espontaneamente homenageiam Caymmi, nos domingos de maio, no Gamboa Nova. "O teatro é pequeno, Caymmi é grande. O que vamos fazer é do tamanho que a gente pode, não do que gostaríamos", diz Borega, o maestro do Matita.
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