O público tailandês poderá assistir à versão integral do polêmico "O Código Da Vinci", graças a uma apelação bem-sucedida feita na quarta-feira contra uma ordem da censura que cortava os dez minutos finais do filme.
"O comitê decidiu por seis votos a cinco conservar o filme como está", disse a jornalistas James Dhiraputra, do Buena Vista International, depois do comitê de apelações do conselho de censura do país de maioria budista ter assistido ao longa.
O comitê ordenou à distribuidora afixar avisos no início e final do filme informando que se trata de uma obra de ficção, depois de grupos cristãos terem protestado contra a tese da obra, segundo a qual Jesus Cristo teria se casado com Maria Madalena e tido filhos.
Um integrante de um grupo cristão se disse entristecido pela decisão sobre o filme, que sugere que Jesus teria criado uma dinastia cuja existência a Igreja Católica estaria procurando ocultar, por todos os meios possíveis -- inclusive assassinatos.
"Respeitamos a decisão", disse Thongchai Pradabchananurat, presidente do Comitê Coordenador Protestante. "Já expressamos nossa opinião sobre este caso. Teremos que perdoar, simplesmente". Mas os grupos imprimiram 100 mil folhetos para entregar às pessoas que vão assistir ao filme, apontando o que afirmam ser imprecisões na obra.
A apelação bem-sucedida na véspera da estréia do filme na Tailândia pôs fim à ameaça de que o filme pudesse não ser exibido num país de 63 milhões de habitantes, dos quais apenas cerca de 1 milhão são cristãos e 6 milhões são muçulmanos, que também vêem Jesus como profeta. A distribuidora da versão cinematográfica do best-seller de Dan Brown, dirigida por Ron Howard, havia dito que não se curvaria à ordem original da censura, de corte dos dez minutos finais.
"A mensagem da produtora é clara: não vamos retalhar o filme", disse à Reuters o representante da Sony Pictures Releasing International, Arm Charoensiri, antes do anúncio da decisão da apelação. Os chamados de boicote ao filme lançados pelo Vaticano e o boom de publicações religiosas que visam desmentir o livro proporcionaram à Sony Pictures o tipo de publicidade que dinheiro nenhum é capaz de comprar.