Treze anos afastado de Salvador, o cantor e compositor Chico Buarque já marcou a data em que volta a se apresentar para o público baiano. A temporada será em março, nos dias 15, 16, 17 e 18, na sala principal do Teatro Castro Alves, no Campo Grande.
Mas é bom correr e preparar o bolso. Os ingressos começam a ser vendidos esta segunda-feira nas bilheterias do TCA e nos SACs dos shoppings Iguatemi e Barra. Os preços variam de R$ 140 a R$ 180 a inteira.
A turnê nacional estreou em agosto e é sucesso de público. Até agora foi vista por 140 mil pessoas em sete cidades e coleciona recordes desde a estréia em São Paulo. Somente de apresentações extras foram oito na capital paulista, três em Portugal e uma em Belo Horizonte (MG), além de casas lotadas em Campinas e Ribeirão Preto (SP). O fenômeno se repetiu no Rio de Janeiro, que tinha temporada para um mês, que teve de ser estendida por mais duas semanas.
INÉDITAS E CLÁSSICOS Tanto tempo de ausência em shows de Salvador tem dois motivos. O primeiro é que o artista ficou longe dos palcos por oito anos, quando se dedicou a literatura e ao livro Budapeste. O outro motivo é que, segundo o produtor de Chico, Vinícius França, a turnê de As Cidades (1998) não encontrou pauta livre no TCA na época para a apresentação do músico.
Grande compositor de letras e melodias, Chico sempre se mostrou tímido ao vivo. Postura que parece ter mudado um pouco nesse retorno à música. Em declaração recente, afirmou ter descoberto o prazer de estar no palco e de cantar. Foram necessários 40 anos para eu gostar de cantar. Quem sabe daqui a outros tantos estarei aqui a bailar, disse durante uma das apresentações no Coliseu de Lisboa, em outubro passado.
O repertório baiano deve seguir a linha dos últimos shows com as 12 composições de Carioca (Biscoito Fino), lançado em maio de 1996 e que já é duplo disco de ouro com mais de cem mil cópias vendidas. O restante são de clássicos e pérolas e inclui outras 17 músicas.
De épocas e estilos distintos, as 29 canções escolhidas se unem por meio de um roteiro cuidadosamente costurado por idéias afins. É quase uma historinha, uma dramaturgia. Minha cabeça tem isso, uma coisa puxa a outra, como Mil Perdões, que levava para A História de Lily Braun , que por sua vez chamava A Bela e a Fera, explica o compositor, que nos últimos 30 anos só havia realizado quatro turnês: Chico e Bethânia (1975), Francisco (1988), Paratodos (1994) e As Cidades (1999).
No set então devem estar Subúrbio, Outros Sonhos, Ode aos Ratos,Dura na Queda,As Atrizes, Ela Faz Cinema,Bolero Blues, Renata Maria, Leve, Sempre, Imagina e Porque Era Ela, Porque Era Eu , do disco novo.
As outras ficam entre Voltei a Cantar, Mambembe, O Futebol, Morena de Angola,Mil Perdões, A História de Lily Braun, A Bela e a Fera ,Ela É Dançarina,Eu Te Amo, Palavra de Mulher, As Vitrines, Futuros Amantes, Morro Dois Irmãos, Bye Bye Brasil, Cantando no Toró,Grande Hotel,Na Carreira , Sem Compromisso, Deixe a Menina , Quem Te Viu, Quem Te Vê e João e Maria Chico será acompanhado pelo maestro Luiz Cláudio Ramos (violão) João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados), Wilson das Neves (bateria), Chico Batera (percussão), Jorge Helder (contrabaixo) e Marcelo Bernardes (flauta e sopros).
SUPERPRODUÇÃO A turnê, que tem patrocínio da operadora TIM e apoio da companhia área Gol, traz à capital baiana o show completo, inclusive com a iluminação criada por Maneco Quinderé, que utiliza 30 moving lights e interage com o cenário minimalista concebido por Hélio Eichbauer, um móbile de seis metros de largura com o contorno das montanhas cariocas, que flutua sobre Chico e os músicos.
Completa a cenografia uma escultura circular em metal, transformada ora em sol ora em lua, dependendo da incidência da luz. O pano de boca do palco reproduz um desenho inédito de Heitor Villa-Lobos, de 1947, presente do maestro para os tios de Eichbauer.
Criado por Marcelo Pies, o figurino despojado de Chico é composto por uma calça de seda azul-marinho e um pulôver de algodão, em tons degradês de azul. O show foi registrado em DVD durante a temporada paulista, quando ele gravou 33 canções.
A previsão é que o produto chegue às lojas no segundo semestre, assim que ele terminar a turnê, que deve ir até julho.