Pedro Pondé está em nova fase da vida e carreira
É o mesmo Pedro Pondé de sempre. O que olha no olho, faz questão de conversar depois do show e tem a arte como seu ápice. Mais maduro, lança quatro músicas inéditas no seu novo EP Licença e mostra que realmente está em uma fase diferente da sua vida, mais reflexivo, paciente e que busca entender e questionar o mundo.
Volta à carreira solo depois de anos nos vocais da banda Scambo, mas acredita estar em um curso perene, dando continuidade ao seu trabalho. "Eu não consegui nem chamar de lançamento. Não é nem questão de achar pretensioso, é porque eu realmente me sinto continuando", afirma sobre o novo EP.
As novas canções, que vão ser apresentadas nesta sexta-feira na boate Zero, refletem os questionamentos íntimos e as ideias de Pondé nesse momento de rencontro com a música baiana e com a liberdade. "É o momento que estou, de me reconectar mais com a espiritualidade, colocar a cabeça no chão e saber que sou miudinho que nem uma formiga", reflete.
Pausa, Licença, O Vento e Ao Mar são as quatro canções inéditas que compõem o projeto. Com a participação andré t., Ênio Nogueira, Hugo Sambone, João Teoria, Erick Almeida, Tatiana Trad, Ângelo Canja e Fabrício Mota, o produto tem uma essência coletiva e experimental. "Só músico de peso, só gente bacana. O clima da gravação foi ótimo. Cada um contando histórias da música, dos músicos, não teve aquela pressa para produzir. Foi tudo na leveza, com calma. Fluiu bastante, foi bem natural o processo. Estou bem feliz", declara Pondé sobre a produção do novo disco.
Solo
Sem ser adepto a rotulação de gêneros musicais, Pedro se enxerga como um híbrido e acredita que a estratificação musical não é relevante para arte. "Eu acho que isso é uma preocupação do mercado e não deve ser uma preocupação dos artistas, porque muita coisa nova nasce justamente das misturas. Seria muito limitado o artista pensar que é disso ou daquilo", declara.
Quando colocada em pauta a liberdade, o músico logo faz a assimilação com o seu momento solo e analisa que junto a ela vem as responsabilidades das decisões. "Quanto mais livre você é, mais responsável você tem que ser", diz.
"Estou extremamente livre, muito bem acompanhado, mas em vários momentos me vejo sozinho e não acho que seja solidão. É solitude, eu pensando sobre o que eu quero dizer, sobre como posso colaborar com a vida das pessoas e o retorno disso acaba sendo bem real ", reflete.
Mais conectado com a sua verdade e realizado com os projetos em andamento, Pedro acredita que vivencia um momento único de rencontro com a música baiana e está com a mente aberta para o que está por vir.
"Hoje sinto para onde quero ir, mesmo que não esteja claro na minha cabeça para onde quero ir. A realização dessas músicas tem dado esse retorno", afirma.
Tempo
Na praia de Amaralina, em frente ao mar, onde aconteceu a entrevista ao A TARDE, Pondé reflete sobre o tempo e como ele molda a vida. Afirma que por muito tempo se deixou levar pelas incertezas do futuro e pelas memórias do passado, mas que ao descobrir o poder do presente consegue experienciar melhor os instantes.
"Costumo dizer que não existe passado, existe memória. Não existe futuro, existe imaginação. Tenho uma memória legal, tenho uma imaginação fértil, mas gosto de sentir o vento bater na minha pele como ele está batendo agora", reitera.
Ativo nas questões políticas do país, analisa que o momento que estamos é fundamental para acordar a população brasileira e trazer a arte como transformação.
"O principal papel da arte é sensibilizar, tornar as pessoas mais sensíveis. O papel da arte, naturalmente, acaba sendo político, espiritual, social, porque quanto mais você sensibiliza a pessoa, mais ela se torna consciente da realidade", declara.
| SERVIÇO |
Pedro Pondé + Zuhri
Onde: Boate zero
Quando: sexta, às 22h
Quanto: R$ 30 (plateia) e R$ 50 (mezanino)
Sob supervisão do editor--coordenador Marcos Casé