Loja fechada e policiais na Av. Joana Angélica
O grau de expectativa foi inversamente proporcional ao desempenho do comércio baiano neste mês de junho. O que tinha tudo para ser um dos picos de vendas do ano com Dia dos Namorados, São João e Copa das Confederações, acabou sendo um fracasso para um dos setores com maior dinamismo da economia baiana.
Uma conjunção de fatores como três feriados, dias "enforcados" e protestos espalhados pelas principais cidades do Estado resultaram numa queda das vendas na comparação com o mesmo período do ano passado.
Na raiz dos três fatores está a realização Copa das Confederações, que teve Salvador como uma das suas seis cidades-sede.
Vendida como uma grande oportunidade para os comerciantes baianos - que participaram de diversos eventos sobre como potencializar os negócios no período - o torneio acabou sendo prejudicial ao setor, que arcou com vários dias de lojas com as portas fechadas.
Resumo do ato, nas palavras de Valnice Silva, gerente de uma ótica na avenida Sete de Setembro, foi um período em que "alguns encheram os bolsos, enquanto esvaziavam os do comércio".
Os resultados do mês ainda não foram consolidados pelas principais entidades que representam o setor. Mas há registros de perdas que chegaram a até 50% na comparação com o período junino do ano passado.
A rede de farmácias de manipulação A Fórmula, por exemplo, registrou uma queda de 20% nas suas 14 lojas. "Junho foi o pior mês do ano para a gente", garante Carlos Andrade, proprietário da empresa e vice-presidente da Federação do Comércio do Estado da Bahia (Fecomércio).
Numa perspectiva otimista, o comércio baiano deve fechar o mês com crescimento zero. A expectativa inicial do setor era crescer pelo menos 4%.
A maioria dos empresários, contudo, acredita num resultado negativo, quebrando uma trajetória ascendente. No ano passado, o comércio baiano registrou um crescimento de 7,4%, de acordo com os dados do Produto Interno Bruto (PIB).
Protestos
O fechamento de lojas e o clima criado pelas manifestações que tomaram conta do País durante as últimas semanas agravaram ainda mais um mês que já vinha ruim.
Em pelo menos três dias, as lojas da região das avenidas Sete de Setembro e Joana Angélica, no centro da capital, fecharam mais cedo.
O mesmo aconteceu com os estabelecimentos do Shopping Iguatemi, que fechou no início da noite no sábado passado por conta de um confronto dentre manifestantes e polícia na região.
Na avaliação de Carlos Amaral, presidente da Fecomércio, o vandalismo registrado na manifestação do dia 20 de junho acabou deixando lojistas e consumidores temerosos, sobretudo em Salvador. "Coincidiu disso acontecer justamente no período que antecede o São João, quando aconteceria um pico de vendas", afirmou Amaral, que classificou o resultado do mês como "muito ruim": "Junho foi um fracasso. Os estoques não caíram da maneira desejada".
Lamento
Entre os principais dirigentes de entidades de classe do setor, o clima é de desalento, já que desempenho ruim de junho se alia a um cenário econômico não muito promissor, com inflação e juros em rota de alta.
Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador, Geraldo Cordeiro lamentou o resultado negativo justamente num mês que é o terceiro melhor do comércio. Já o presidente da Sindicato dos Lojistas do Comércio da Cidade do Salvador (Sindilojas), Paulo Motta, disse que junho foi um mês "totalmente perdido".