O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), buscando limitar o efeito do aumento dos preços dos alimentos, está criando uma linha de crédito de US$ 500 milhões para ajudar os pobres da América Latina a custear sua alimentação e os governos a aumentar a produtividade agrícola, informa "The Wall Street Journal".
Os preços mais altos dos alimentos afetam a América Latina de formas diferentes. De um lado, os exportadores de grãos de países como Brasil e Argentina obtêm bons lucros. A América Latina, como um todo, produz 30% mais alimentos do que a região consome, disse o presidente do BID, Luis Alberto Moreno. Mas, fora das grandes fazendas do Brasil e de outros países produtores, boa parte da produção agrícola é dominada por pequenos lotes, irrigação antiquada, estradas e infra-estrutura ruins.
"As instituições multilaterais superestimaram o grau de desenvolvimento agrícola" do mundo, disse o vice-presidente do BID, Otaviano Canuto. Agora eles estão tentando superar os enganos passados. O Banco Mundial, por exemplo, disse que está quase dobrando seus empréstimos agrícolas para a África, para US$ 800 milhões no próximo ano.
A América Latina pode ser uma aposta melhor do que a África para um aumento rápido na produção por causa de sua infra-estrutura mais avançada. Moreno mencionou a Bolívia como um país que pode aumentar a produção agrícola.
PobrezaEm contrapartida, países no Caribe e na América Central, sobretudo o Haiti, que importam alimentos e combustíveis estão passando por momentos difíceis. Um aumento sustentado de 30% em seis itens alimentares - trigo, milho, carne, soja, açúcar e arroz - pode levar 26 milhões habitantes da região para a "pobreza extrema", estima o BID. A pobreza extrema é definida como viver com menos de US$ 1 por dia.
No mês passado, o primeiro-ministro do Haiti renunciou depois de uma semana de protestos na capital do país por causa da alta dos preços de gêneros de primeira necessidade como arroz e feijão. O BID afirma que ofereceu US$ 25 milhões em ajuda para o Haiti enfrentar o problema dos alimentos. A economia do Haiti é tão precária que o BID apenas concede ao país subvenções, não empréstimos.
SubsídiosOutros países podem usar a linha de crédito para aumentar os subsídios para os mais pobres. Em geral, o BID e o Banco Mundial estão exortando os governos a fazer uso dos chamados programas de "transferência condicional de recursos", pelo qual as famílias recebem pagamentos por cumprir determinadas condições, tais como vacinar e enviar seus filhos à escola. Estes programas, dos quais México e Brasil são pioneiros, se espalharam por mais de 30 países e são voltados para os mais pobres.
Na segunda-feira, o governo do México disse que ampliaria os subsídios em dinheiro para cerca de 26 milhões de mexicanos pobres, cerca de um quarto da população, para cobrir os preços mais altos dos alimentos. No domingo, o México eliminou as tarifas sobre o trigo, o milho e o arroz para tentar manter os preços mais baixos. As informações são de "The Wall Street Journal" reproduzidas pela agência Dow Jones.