As discussões a respeito do comércio de trigo entre Brasil e Argentina foram adiadas para o dia 27 de março, em Brasília, na próxima reunião bilateral entre os países. De acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, há consenso entre os países de que é necessária uma mesa específica sobre o trigo para analisar as questões em que há divergências entre as visões brasileira e argentina.
Apesar disso, Ramalho nega que haja um clima tenso entre os parceiros comerciais e ressalta que a decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) brasileira de liberar a cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC), de 10%, para 1 milhão de toneladas para o trigo com origem em países de fora do Mercosul seja uma retaliação do governo brasileiro à posição Argentina de suspender os registros de exportação. "Foi uma medida técnica que o Brasil tomou, com a mesma preocupação da Argentina, ou seja, que não falte trigo para abastecimento do mercado interno", disse ele.
O secretário lembrou que os embarques de trigo para o Brasil registraram aumento significativo nos meses de janeiro e fevereiro, mas ressaltou que a utilização da cota da Camex vai depender da regularidade desses embarques. "Minha expectativa pessoal é de que, se a Argentina mantiver a regularidade dos embarques e atender as necessidades brasileiras, pode ser até que os importadores nacionais não precisem utilizar essa cota. Mas tudo depende do que virá da Argentina para o Brasil", explicou.
Ramalho destacou que o trigo argentino tem bons preços, excelente qualidade e é favorecido pela questão logística da proximidade com o Brasil. Porém, admitiu que há muitas questões a serem debatidas pelos países nas próximas reuniões. "Há consenso de que precisamos melhorar a comunicação entre Brasil e Argentina nessa área", afirmou. Entre os temas, além da interrupção de registros de exportação e dos embarques de trigo, está também a cobrança do governo argentino de um imposto sobre as exportações de trigo e as diferentes alíquotas cobradas sobre o grão e a farinha, que é considerada um tipo de subsídio à indústria argentina pelos moinhos brasileiros.