Distribuidores detectaram botijões violados, com menos de 13 Kg, no mercado
Berna Farias
Olha o gáes!. Aos gritos, o vendedor oferece botijões de gás nas portas das casas e condomínios. Ele está fardado e os recipientes lacrados, mas nem sempre isto garante que o consumidor está levando para casa um produto 100% confiável e seguro. Vendedores desonestos transformam um vasilhame em dois, dividindo o conteúdo de 13 quilos de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo, ou gás de cozinha) do botijão original.
Além de ficar com apenas metade do que comprou, o consumidor corre sério risco, porque o botijão manipulado indevidamente pode apresentar vazamentos e explodir.
Já recebi queixas sobre isso. Vendedores clandestinos fazem de tudo para lucrar: mandam meninos pegarem botijões, fazendo um carregamento tipo formiguinha, e transformam, no depósito, sem qualquer responsabilidade: violam o botijão e botam um bico que retira o gás de um para outro.
É uma prática já denunciada mas corrente, e acontece, principalmente, no interior. Pior é que esses depósitos ficam, geralmente, vizinhos a residências, afirma Selma Magnavita, presidente do MDCCB Movimento das Donas-de-Casa e Consumidores da Bahia.
Os fraudadores utilizam botijões de várias empresas e pelo menos uma delas, a Brasilgás, tem alertado os consumidores para evitar que sejam lesados pela atitude desses maus comerciantes, observa Magnavita. Se o consumidor desconfiar do peso, tem que mandar pesar e, se encontrar diferença, deve recorrer a quem vendeu.
Por isso, o botijão deve ser adquirido diretamente dos caminhões das distribuidoras ou em postos autorizados. O Código de Defesa do Consumidor não ampara uma compra feita em depósito clandestino ou com vendedor avulso, não autorizado, orienta.
Selma também aconselha as pessoas a não virarem o botijão quando ele está dando sinais de que precisa ser trocado. Tem gente que vira o botijão para poder aproveitar tudo, mas é um risco. O dever do consumidor é saber usar o botijão, não usar truques como virá-lo quando o gás está acabando. Há risco de o gás vazar.
PERIGO EM CASA Leandro Del Corona, gerente de Mercado da Brasilgás na Bahia, concorda inteiramente com Selma Magnavita. O fogão é feito para queimar gás, e não líquido vaporizado na pressão ambiente, o líquido do botijão se transforma em gás e esse gás é que é queimado no fogão.
Quando se deita o botijão, há risco de o líquido entrar na mangueira e, ao ligar-se o fogão, pode haver explosão. E não há resto de gás para aproveitar porque, em temperaturas como a da Bahia, não fica resíduo no botijão, ele se esvazia por si, explica.
O uso seguro do botijão envolve, ainda, muitas outras coisas. Uma delas é a mangueira, que deve ser de uso autorizado pelo Inmetro (do tipo transparente com faixa amarela) e dentro do prazo de validade. Passar a mangueira por trás do fogão deve ser evitado, porque o calor do forno pode rompê-la, causando risco de incêndio. Não se deve, de forma nenhuma, improvisar uma mangueira de jardim para o fogão, porque ela não tem a espessura própria para suportar a pressão do gás.
Outro ponto é o regulador que, junto com a mangueira, está relacionado com quase todos os acidentes envolvendo gás de cozinha. O regulador não pode ser do tipo que é colocado direto no botijão: tem que ter a borboleta, que permite o ajuste, e o diafragma, que regula a pressão, e também tem prazo de validade.
Fazer trampe (fogareiro adaptado diretamente no botijão, sem o regulador, o que é muito comum entre vendedores de rua) é outro perigo, porque o botijão não fica completamente vedado e o plug fusível (válvula de segurança) pode liberar gás para evitar a explosão do botijão e o gás, em contato com o fogo, vai incendiar. A trampe só pode ser feita com o botijão de dois quilos, nunca com os de cinco ou de 13 quilos.
Para trocar o botijão não se deve usar qualquer ferramenta (martelo, chave, etc). Basta apertar firmemente com a mão, para não quebrar ou danificar a válvula borboleta. Feita a conexão, passe uma esponja com espuma de sabão ou detergente e observe se há formação de bolhas. Se houver, retire e recoloque o regulador e, se as bolhas continuarem, tire a válvula, deixe o botijão em local ventilado e chame a assistência técnica da distribuidora de gás.
Clientes são iludidos por fardamento
Embora não desenvolva ação específica e direta nesse sentido, a Brasilgás, que detém 65% a 68% do mercado em Salvador e cerca de 45% do mercado na Bahia, alerta os consumidores sobre o grande risco da venda clandestina de gás de cozinha. Segundo o gerente de Mercado, Leandro Del Corona, muitos vendedores compram fardamento igual ao da empresa no mercado negro ou de antigos revendedores, adquirem os botijões em qualquer posto da Brasilgás, pegam um carrinho e vendem o produto como se fossem autorizados.
O fardamento falso pode ser encontrado no mercado de Sete Portas, garante o gerente. O consumidor tem meios de diferenciar o clandestino do revendedor autorizado ou funcionário da Brasilgás: cada revendedor tem um número de três dígitos (ex: 183) estampado no fardamento, que identifica a que posto de revenda da rede autorizada ele pertence, além de um crachá da revendedora. O funcionário não tem esse número, mas tem o crachá da empresa.
O perigo da venda clandestina envolve o risco de assalto, furto de pequenos objetos da casa e adulteração dos botijões. Deixar uma pessoa estranha entrar em sua casa é um risco muito grande. Assim como há o desempregado que vende botijões para ganhar a vida, existem os marginais, argumenta.
OLHO NO LACRE Sumir com o dinheiro do cliente e não devolver o troco e trocar o botijão por outro vazio são delitos relativamente comuns, assim como adulterar botijões. Vendedores desonestos retiram gás de um botijão para outro e injetam água, para que o consumidor não perceba a diferença no peso.
Ou retiram quantidades pequenas, para que essa diferença não seja notada. Às vezes refazem o lacre, mas o que mais acontece é o vendedor se oferecer para trocar o botijão e a dona-de-casa, por comodidade, nem repara se há lacre ou não, ou se o botijão está mesmo cheio.
Para aumentar a segurança e dificultar as fraudes, a Brasilgás mudou recentemente o lacre dos seus botijões. O lacre hexagonal, de plástico rígido, foi substituído por um lacre do ripo retrátil, que se molda e adere à válvula do botijão. A empresa está lançando uma campanha de divulgação e informação sobre essa mudança.
Leandro Del Corona alega que a empresa não pode agir contra os clandestinos, por ser uma ação de competência policial. Mas aconselha os consumidores a só comprarem o gás em postos da rede autorizada ou nos caminhões e pick-ups da Brasilgás ou de outra empresa igualmente idônea, evitando comprar em mercadinhos, postos não autorizados ou de vendedores sem crachá e número no fardamento.
No caso da Brasilgás, redes de supermercado como Bompreço e G. Barbosa vendem um vale gás, que permite ao consumidor guardá-lo em casa e, a qualquer momento que precisem, trocá-lo pelo botijão. É prático, porque a pessoa pode estar sem dinheiro no momento em que o gás acaba, e pode incorporar a despesa com o gás no gasto mensal com supermercado, pagando com cartão, acrescenta o gerente.
Veja as dicas
O GLP para uso residencial pode vir acondicionado em diferentes tipos de recipientes, que são padronizados e variam conforme a utilização e as necessidades dos consumidores
Fabricados com chapas de aço e capazes de suportar altas pressões, os recipientes são totalmente seguros. São seguidas as normas de segurança definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Os recipientes precisam ser manuseados corretamente para que a válvula e os mecanismos de segurança não se danifiquem
Dentro do recipiente, o gás encontra-se no estado líquido e no de vapor: 85%, no máximo, é de gás em fase líquida e, 15%, no mínimo, em fase de vapor. Isso constitui um espaço de segurança que evita uma pressão elevada dentro do recipiente
Todo combustível é inflamável e, portanto, potencialmente perigoso. Assim como a gasolina, o álcool ou o querosene, o gás de cozinha também pega fogo com facilidade ao entrar em contato com chamas, brasas ou faíscas
Se houver um grande vazamento em um ambiente não ventilado, o gás, por ser mais pesado do que o ar, se acumulará a partir do piso. Assim, qualquer chama ou faísca provocará uma explosão no ambiente e conseqüentemente o incêndio
Procure instalar seu fogão em lugares onde não existam correntes de ar. Além de retardar o cozimento e gastar mais gás, o vento pode apagar a chama e provocar vazamentos
Fonte: Brasilgás
Informações
Brasilgás: 0800-7010-123 ou site: www.brasilgas.com.br