A fisioterapeuta Carla da Silva também costura, faz impressão de camisas e doces para sustentar a ca
As mulheres baianas são responsáveis por 39,5% das famílias, número que mostra uma evolução em uma década. Os dados de 2010, comparados a 2000, foram divulgados nesta sexta-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revela que, antes, elas eram tidas como líderes em apenas 25,3% dos lares.
O nível de responsabilidade da baiana com a família, superando inclusive a média nacional (37,3%), não implica que ela tenha a maior renda do lar. Os dados do IBGE revelam que na Bahia a mulher responde, em média, por apenas 46,2% de todo o rendimento da casa. Por outro lado, o índice mostra que a baiana contribuía mais com a renda do lar, em 2010, do que a média de todas as brasileiras, com índice de 40,9%.
O rendimento médio dos homens, de modo geral, considerando emprego formal e outros tipos de renda, é bem superior, embora as mulheres avancem mais nos níveis de escolaridade. Na prática, a cada R$ 100 ganhos por um homem baiano em 2010, a mulher só recebia R$ 66,40.
No Brasil, a mulher ganhava, em média, R$ 74 - o que revela que a mulher baiana, embora fosse até mais vista como responsável pelo lar, na prática, ganhava menos do que os homens e também do que a média das mulheres brasileiras.
"Foram considerados todos os rendimentos obtidos pela família e não apenas o emprego formal", explica o coordenador de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Joilson Rodrigues. Ao se comparar com o rendimento de homens e mulheres no mercado formal, a baiana ganhava um pouco mais: R$ 78,20 a cada R$ 100 pagos a um homem no estado.
Escolaridade
Numa tendência nacional, as mulheres baianas avançam mais nos estudos do que os homens - porém menos do que a média das mulheres brasileiras. No total de homens baianos, 5,22% tinham ensino superior completo em 2010; enquanto 7,49% das mulheres alcançaram o feito.
O percentual é, entretanto, menor do que a média nacional, que revela, segundo os dados do Censo de 2010, que 12,5% das brasileiras tinham ensino superior completo em 2010, contra 9,95% dos homens.
Na base da escolaridade, os homens baianos são maioria: 61,7% eram classificados como sem instrução ou com, no máximo, o ensino fundamental incompleto, enquanto 55,1% das baianas estavam nessa faixa. O dado mostra a desigualdade não apenas da mulher, mas também regional, pois no Brasil, a média é de 50,8% dos homens nessa categoria, contra 47,8% das mulheres.
Mais responsáveis pela família, mas ganhando menos do que os homens e a média das mulheres brasileiras e superando dificuldades regionais para avançar nos níveis de capacitação, a mulher baiana enfrenta ainda um outro agravante: quanto mais filho, menos ela tem chance no mercado de trabalho.
O nível de ocupação da baiana com um filho em 2010 era de 45,2%, enquanto as que tinham três filhos era de 37,6%. "Quanto maior a prole, menor as chances da baiana de conseguir emprego", frisa Joilson Rodrigues.
Os dados do Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG), foram compilados pelo IBGE a partir do Censo Demográfico de 2010, num trabalho realizado em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e a Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais e Quilombolas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (DPMRQ-MDA).
Capacitação
A história da estudante de Fisioterapeuta Carla Abdon, de 36 anos, reflete os avanços obtidos pelas mulheres baianas na participação da economia - mesmo que ainda considerados tímidos, no comparativo com a média de rendimento dos homens.
Carla começou a trabalhar há 14 anos com encomendas de buffet, mas sempre está apostando na capacitação, visando uma melhor colocação no mercado de trabalho, para aumentar o rendimento da família.
Com cursos de enfermagem e patologia clínica, a mãe de Luiz Ramon, de 17 anos, separou-se do marido há cinco anos, mantendo a família e sustentando a casa desde então.
Para ela, o fato da mulher está, mesmo que aos poucos, conquistando o espaço na sociedade brasileira "é incrível", disse ao saber do dados do levantamento do IBGE.
"Acho bom demais, pois podemos conquistar o nosso próprio patrimônio e mostrar que estamos por cima", afirma, citando como referência o caso da presidente Dilma Rousseff: "Uma mulher para nos representar no posto mais alto do país".
Carla Abdon conta ainda que, em todos os seus empregos, nunca teve um chefe do sexo masculino.
"Sempre trabalhei com mulheres", diz ela, que, além do trabalho com o bufê, ainda presta serviços em um hospital, sob a supervisão de uma coordenadora.
Colaborou Wynne Carvalho
