O 3º Fórum de Oportunidades de Investimentos na Bahia reuniu dezenas de empresários na Fieb
Enquanto a maioria das pequenas e médias empresas ainda contabiliza as perdas com a crise brasileira, as grandes organizações baianas já começam a centrar as atenções na economia internacional. A ideia é redirecionar produção, investimentos e serviços para cenários que vão além das perspectivas para curto e médio prazos no país.
Esta foi a tônica das palestras realizadas nesta quinta-feira, 5, em Salvador, na programação do 3º Fórum de Oportunidades de Investimentos na Bahia. O evento, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), é uma promoção do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em parceria com a entidade. Participam do Lide Bahia apenas empresários e altos executivos de organizações com faturamento anual de, no mínimo,
R$ 100 milhões.
O palestrante Mauro Morelli, responsável pela área de investimentos do Citibank, alertou às grandes empresas baianas para estarem atentas especialmente a três aspectos da economia mundial: a desaceleração da economia chinesa, a normalização das taxas de juros americanas e a injeção de liquidez maciça das economias da Europa e do Japão.
"Essa diferença entre o que está ocorrendo nos EUA e na Europa faz com que a moeda americana seja mais forte e isso deve ampliar o período de desvalorização da moeda brasileira, num cenário em que todo tipo de investimento, no Brasil, que esteja atrelado à exportação e à substituição de importação tende a se beneficiar nos próximos anos", disse.
China
No caso do mercado da China, que sempre foi um grande importador de commodities, a exemplo dos produtos agrícolas e minerais, o Brasil deve buscar ofertar mais serviços como alternativa, já que as exportações das commodities , embora estejam aumentando em quantidade por causa do câmbio, estão sendo vendidas muito baratas.
"É um reflexo, principalmente, do fato da China ter mudado o foco de crescimento, deixando de importar minério de ferro, por exemplo, para centrar em consumo de bens finais, produtos que o Brasil não tem pauta tão forte de exportação", explicou.
"Temos que apostar em outras potencialidades agora, seguindo o exemplo da Embraer, que exporta aviões concorrendo com empresas francesas e canadenses", disse Morelli, completando: "O empresário brasileiro tem, sim, condições totais para fitar olho no olho desde que acredite que este seja o momento".
Também palestrante, o embaixador aposentado e consultor de empresas, Jorio Dauster, alertou os empresários para brigar pelas obras de infraestrutura, com foco na competitividade.
Dentro do contexto de curto e médio prazos no Brasil, o doutor em Economia João Scandiuzzi, estrategista chefe da BTG Pactual, também sinalizou para oportunidades no mercado interno, com a substituição de importação. "Com a alta do dólar, o mercado doméstico poderá sair fortalecido, assim como o setor de turismo", observou.
Scandiuzzi aconselhou os empresários baianos a buscar sempre inovar e se fortalecer "usando a macroeconômica para amparar expectativas, mas fazendo sua parte, na microeconomia".
O presidente do Lide Bahia, Mário Dantas, e o representante da Fieb, Eduardo Catarino, abriram o evento, que contou com o apoio do Grupo A TARDE.