Representantes debateram a crise dos cruzeiros marítimos na Câmara de Turismo da Fecomércio-Bahia
Em rota contrária à do crescimento mundial do setor, o Brasil amarga queda de 75% no número de passageiros de cruzeiros pela costa nacional, desde 2010. O índice é acompanhado pelo terminal do Porto de Salvador, destino certo de todos os pacotes pelo litoral do país. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 30, na capital baiana, pelas associações brasileira e internacional de cruzeiros marítimos - que integram hoje a CLIA Abremar -, em sessão na Câmara Empresarial do Turismo da Federação do Comércio da Bahia (Fecomércio-BA).
Pelos dados da CLIA Abremar, enquanto o setor vive um boom internacional, com previsão de crescimento em 1 milhão no número de cruzeiristas -- passando de 23 milhões para 24 milhões na próxima temporada, no Brasil, só vem acumulando perdas na preferência dos turistas. Em 2010, quando o país viveu um bom momento, foram 20 navios de cabotagem (percorrendo apenas a costa brasileira), levando cerca de 800 mil turistas.
Na última temporada (de novembro de 2015 à abril deste ano), o número de navios já havia caído pela metade (apenas 10), reunindo cerca de 500 mil cruzeiristas. Para a próxima, a ser iniciada em novembro deste ano, até agora só há confirmação de apenas seis navios de cabotagem, com 300 mil cruzeiristas - "uma queda de 75%, caso novas rotas não sejam inseridas até lá", como alertou o presidente no Brasil da CLIA Abremar, Marco Ferraz.
Além da crise
"Não se trata apenas de um reflexo da crise econômica do país, que se acirrou mais nos últimos dois anos, mas principalmente por questões relativas à falta de infraestrutura, custos, regulação e excesso de impostos", acredita o executivo. Em palestra na reunião da Câmara de Turismo da Fecomércio-BA, Ferraz conclamou o empresariado local para ampliar as pressões junto ao governo e parlamentares no sentido de alertar para a importância de medidas que resgatem a competitividade do país nessa área.
Segundo Ferraz, a média de oito navios internacionais que têm o Brasil em rota ainda vem sendo mantida, apenas por conta de investimentos gerais externos, aliados à desvalorização cambial. "Ainda assim, nada comparado aos outros destinos internacionais que valorizam o peso econômico da atração de navios de cruzeiros", frisou, completando: "Para se ter uma ideia, os 24 milhões de cruzeiristas previstos para a próxima temporada no mundo equivalem a todo o fluxo de visitantes da Disney, nos Estados Unidos, e Paris, na França".
Privatização
Ferraz citou o exemplo de outros destinos no país cujo nível de comprometimento da infraestrutura acaba afetando a demanda para Salvador: "Em Florianópolis (SC), há pelo menos 50 anos não se faz uma batimetria (medição da profundidade do mar), assim como em Fortaleza (CE) não há dragagem na frente do terminal, o que amplia custos, desestimula as empresas do setor e afeta as demais rotas", explicou.