William Souza foi o primeiro a garantir uma TV | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE
A expectativa era grande para a abertura dos portões de um grande shopping de Salvador na manhã desta sexta-feira, 29. Muito antes das 6h - horário previsto para o início das vendas -, centenas de clientes já se aglomeravam do lado de fora para não perder nem um minuto da Black Friday.
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No horário marcado, a correria tomou conta da entrada do estabelecimento, que já estava com cinco lojas de departamento funcionando. Quem entrou na frente já garantiu os produtos desejados: no topo da lista estão os eletrodomésticos, especialmente as TVs.
Este foi o caso do motoboy William Souza, de 35 anos, o primeiro do dia a comprar uma televisão de 50 polegadas por aquele precinho. "Cheguei cedo, por volta das 5h30, e consegui comprar o que estava à procura, esta TV, que estava mais cara em outros locais", disse ele.
Expectativa era grande para a abertura dos portões do shopping || Ag. A TARDE
Mesmo com a movimentação e a 'corrida' pelos descontos, teve gente que foi ao local apenas para dar aquela pesquisada nos preços. "Estou indo para o trabalho, mas não resisti e vim dar uma olhadinha antes. Se não achar algo que me interesse agora, volto mais tarde", conta a atendente Cristina Vilasboas, de 52 anos.
O enfermeiro Alan Brito, de 31 anos, fugiu da fila dos eletroeletrônicos e foi aproveitar as promoções no setor de utensílios para o lar. "Estou com minha irmã. Enquanto ela escolhe os produtos da promoção, fico aqui na fila para adiantar", disse, aos risos.
Alan Ribeiro preferiu as promoções do setor de utensílios para o lar || Ag. A TARDE
Há ainda outras opções que ocupam a preferência dos consumidores, entre eles aparelhos celulares, fraldas, produtos de limpeza e roupas. A vendedora ambulante Vanessa Pereira, 27, disse à reportagem do Portal A TARDE que saiu de casa, no bairro de Paripe, as 4h40 para aproveitar as ofertas. Acompanhada dos filhos, comprou 30 pacotes de fralda. "De uma média de R$ 18, compramos por R$ 12. Fizemos o estoque".
Já o técnico em Edificações Antônio Silva, de 45 anos, pretende trocar o celular por um mais moderno, mas só depois de muita pesquisa. "Estou dando uma olhada nos smartphones, notei uns preços melhores, de aproximadamente 20% de desconto em relação ao último mês, que venho acompanhando, mas ainda vou esperar até domingo. Prefiro não me precipitar".
Data especial para o varejo
A gerente de marketing do Shopping da Bahia, Mayara Diniz, destaca que a Black Friday entrou para o calendário anual do varejo, como uma data significativa para as vendas.
"A gente tinha Dia das Mães, São João, Dia dos Namorados, e agora temos também a Black Friday. É uma data extremamente importante, e todos os shoppings e lojas se preparam para isso. Acaba sendo uma sexta-feira em que a gente tem um fluxo no shopping superior a 30% de uma sexta normal. Como esse ano a gente tem uma crescente boa, estamos esperando um fluxo de 15% maior em relação à edição anterior", explica.
A Black Friday vai movimentar o comércio baiano durante todo o dia. A expectativa dos lojistas e empresários para esta edição é de alta nas vendas. "Em todo comércio, a estimativa é o crescimento econômico de 5% e de 20% nas unidades vendidas", afirma o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia, Paulo Motta.
Segundo o dirigente, a entidade leva em consideração para o aumento das vendas a "redução de preços e margem de lucro das empresas".
Black Fraude
Nem tudo são flores quando se trata deste dia especial de compras, quando os clientes também correm o risco de ser vítima da 'Black Fraude'. É o que denuncia o maître Loivo Pereira, que descobriu a 'armadilha' de uma loja durante a pesquisa de preços.
"Eu estive aqui ontem com minha esposa, fazendo pesquisa de geladeira. Passei numa loja e vi que o preço de R$ 1.799 estava interessante. Conversei com o vendedor e ele disse que o preço estaria mais baixo na Black Friday, então eu deixei para comprar hoje. Cheguei às 6h e, quando fui à loja, o preço estava mais alto, de R$ 1.899. Fiquei chateado, não comprei e aproveitei que a equipe (de reportagem) estava aqui para denunciar", reclama ele.
Loivo Pereira reclama de aumento do preço de uma geladeira || Ag. A TARDE
Uma equipe da Diretoria de Ações de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon) acompanhou o consumidor até o estabelecimento, pois o caso se configura como publicidade enganosa, segundo a diretora do órgão, Roberta Caires.
"Há um mês, nós fizemos o levantamento dos produtos mais procurados na Black Friday. Estivemos em mais de 30 estabelecimentos comerciais populares, com uma gama de produtos que varia de aparelhos celulares a eletrodomésticos, fazendo todo o levantamento de preço, para que no dia de hoje pudéssemos comparar e, de fato, verificar se as propagandas de descontos em cima desses produtos se verificam como verdade. Isso tudo para impedir que o consumidor seja enganado, lesado e induzido ao erro", destaca.
Equipes da Codecon estão atuando em diferentes pontos da capital baiana - entre eles os shoppings da Bahia, Piedade, Bela Vista e Salvador, Relógio de São Pedro e avenida 7 de Setembro - para autuar os estabelecimentos onde forem constatadas fraudes. Nestes casos, a multa pode variar de R$ 650 a R$ 9,5 milhões.
Procurado pela reportagem, o gerente da loja onde foi verificado aumento no preço da geladeira, Inaldo Gabriel, negou que haja alguma infração. "O que deve ter acontecido é que estávamos no 'Esquenta Black', que é uma ação promocional que antecede a Black Friday. O produto que ele apontou é um dos que integram a Esquenta. Estamos tranquilos, até porque a lista com todos os produtos está em local visível para todos os clientes", explica.
Veio quebrado? Pode trocar!
De acordo com o advogado e professor universitário Eduardo Gomes, a legislação prevê o direito à troca nos casos em que há um problema na compra. O prazo é de 30 dias para produtos e serviços não duráveis e 90 dias para produtos e serviços duráveis. Segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a loja tem a obrigação de receber o produto e encaminhar para a assistência técnica, resolvendo o problema em 30 dias.
Caso não haja resolução, o consumidor pode exigir a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso, a restituição imediata da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço. A loja pode restringir o prazo para troca em caso de produtos em promoção, mas precisa deixar essa informação clara para o consumidor.
Quem se sentir lesado pode recorrer ao o Fórum do Juizado Especial, no Imbuí. No local, são processadas causas de até 40 salários mínimos, sendo que, até 20 salários mínimos, não precisa de advogado. Acima de 40 salários mínimos, o encaminhamento é dado na justiça comum. Além disso, o consumidor pode comunicar aos órgãos de proteção ao consumo, a exemplo da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e da Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon).