Shirley Stolze | Ag. A TARDE
O evento Bahia Energy Meeting foi aberto nesta terça-feira, 3, no Senai Cimatec, em Salvador, com palestras de representantes de diversas empresas atuantes do setor de energia renovável.
O painel de abertura, mediado pelo secretário estadual da Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, teve como tema "O Desafio dos Pioneiros" e foi marcado pelo compartilhamento de experiências das primeiras empresas que aportaram na Bahia para explorar o potencial eólico do estado.
Adelson Gomes Ferraz, da Brennand Energia, lembrou da dificuldade enfrentada devido à cultura dominante da vocação hídrica e seus grandes empreendimentos.
Além da hegemonia do setor de hidrelétricas, Ferraz lembrou que os investidores não tinham confiança para aplicar recursos no setor eólico, porque consideravam um risco investir em uma área pouco conhecida.
Outro obstáculo citado pelo representante da Brennand Energia foi a dificuldade para encontrar locais com potencial. "A medição de vento é um investimento muito alto. O vento é uma coisa extremamente complexa". Para além disso, outra questão se constitui um gargalo até os dias atuais: o uso das propriedades rurais para implantação e expansão dos negócios. "O manejo das questões fundiárias foram e ainda são os grandes problemas para desenvolvimento dessas áreas", disse.
A mesma preocupação foi compartilhada por Edgard Almeida, da empresa Sowitec.
Atuando desde 2006 na Bahia, a companhia apontou dificuldades relacionadas à insegurança nas negociações das terras e conflito entre competidores. Segundo Almeida, entre as barreiras encontradas estavam também a dificuldade na conexão das linhas de transmissão e a questão ambiental.
Rafael Cavalcanti, da empresa baiana Quinto, foi quem também apontou fragilidades na área ambiental para desenvolvimento do setor. "Quando chegamos na Secretaria de Meio Ambiente, não havia termo de referência para licenciamento ambiental", contou.
Representando o grupo Neoenergia, Adriano Gouveia apresentou o histórico de atuação da companhia no Nordeste, com a implantação do Parque Eólico Rio do Fogo, o primeiro da empresa no setor no Rio Grande do Norte.
Gouveia mostrou também dados que exemplificam o alto potencial do Brasil para desenvolvimento de energia eólica, com média superior a apresentada por países da Europa.
No início da operação no país, contou o representante da Neoenergia, o alto potencial exigiu turbinas maiores, que precisaram ser construídas para a realidade local. Gouveia recordou ainda que o primeiro leilão para energia eólica aconteceu em 2009 e foi marcado por muitas incertezas.
"O tempo de medição era 12 meses e as medições tinham menor representatividade. Ao longo do tempo, houve evolução no estudo dos critérios energéticos", apontou.
Clécio Eloy, da empresa Casa dos Ventos, destacou que a geração eólica na Bahia será responsável pela produção de mais do que é consumido em energia no estado. O cenário mostra que a Bahia poderá exportar energia eólica futuramente.
"Hoje, nossa empresa tem 14,6 milhões de megawatts gerados anualmente na Bahia, o que é capaz de atender cerca de 6 milhões de residências", explicou Eloy, informando que foram gerados 14.6 mil empregos diretos e indiretos no estado pela companhia.
O secretário Marcus Cavalcanti contou das dificuldades enfrentadas também pela gestão pública. "O setor público precisou se adaptar, principalmente na avaliação dos licenciamentos ambientais", disse.
"Falar de energia eólica há 12 anos era tratado como um sonho. Eram dificuldades com financiamentos, debates sobre impactos ambientais e escoamentos da produção", enumerou.
O evento no Senai Cimatec segue até quinta-feira com diversos painéis que tratam do setor de energia renovável.