Evelin dá dicas de finanças nas redes sociais | Foto: Amanda Rodrigues | Divulgação
Lidar com a perda de emprego e de renda, consequentes da crise gerada pelos casos da Covid-19, é ainda mais difícil para parte significativa da população que não conseguiu economizar dinheiro nos meses anteriores à pandemia. De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 62% dos brasileiros entraram em 2020 sem qualquer reserva financeira para algum tipo de emergência. Para a entidade, a situação aumenta a relevância de se pensar em temas relacionados a poupança e investimento.
Nesse contexto, ganha destaque o trabalho de profissionais que tratam desse assunto de forma acessível na internet. Através de vídeos curtos e dinâmicos, de tira-dúvidas nos “stories” e com a ajuda de “memes”, consultores financeiros têm usado as redes sociais como plataforma de popularização da educação financeira.
Com a maior notoriedade da figura do influenciador digital, surge um nicho voltado ao empreendedorismo e às finanças pessoais e empresariais: os influenciadores financeiros.
Além dos contratempos econômicos do momento, a maior procura pelo conteúdo de especialistas da área financeira nas redes sociais, sejam eles influenciadores ou consultores, se associa também à queda da taxa Selic. Essa baixa leva à diminuição da rentabilidade de investimentos em renda fixa, o que tem estimulado a procura por aprender sobre aplicações em renda variável, considerada mais complexa.
O economista e educador financeiro Edísio Freire observa o que está acontecendo com bons olhos. “Historicamente, o Brasil não tem a cultura da educação financeira. É um tema novo do ponto de vista da sua divulgação e está alcançando um maior número de pessoas. Vejo de forma positiva”, avalia o economista..
Orientação na internet
Para quem deseja acompanhar especialistas em finanças na internet, é possível encontrar perfis que abordam o assunto de maneiras distintas e que podem se adequar melhor a necessidades específicas. Tem para aqueles que precisam de uma orientação nas finanças pessoais, a lidar com os gastos do dia-a-dia, e também para os que buscam dicas sobre administração de gastos empresariais e ainda desejam investir.
A consultora de finanças pessoais paulista Evelin Bonfim (@evelin_bonfim) usa suas redes sociais para dar dicas, advertências e explicar questões-chave sobre organização financeira aos seus seguidores, além de oferecer consultorias e cursos. Ela afirmar que sua missão é ajudar mulheres a terem mais poder sobre o próprio dinheiro.
Consultora desde 2016, ela busca através de seu conteúdo, voltado principalmente ao público feminino e endividado, mostrar que é possível começar a investir aos poucos e que “podemos melhorar nossa relação com o dinheiro do jeito que a gente está”, sem esperar pela situação imaginada como perfeita ou mais adequada.
A falta de educação financeira é um problema comum para pessoas de variadas classes sociais e acaba conduzindo a dívidas e aplicações equivocadas. Segundo Evelin, o próprio mercado financeiro, que descreve como “propositalmente obscuro”, é um dos principais motivos para falta de proximidade da população com assuntos relacionados às finanças. O seu objetivo é simplificar essa linguagem e tornar o tema acessível.
O fechamento antecipado de novas empresas – 60% delas fecham em 5 anos de atividade, segundo pesquisa do IBGE de 2017 – é um dos grande incômodos da CEO da companhia de gestão financeira Lucrativa Raquel Santos (@souraquelsantos). A consultora baiana usa o Instagram como plataforma de divulgação da educação financeira desde 2015.
Raquel, que trabalha com finanças empresariais, tem como propósito fazer com que as pessoas alterem aos poucos o comportamento através do seu trabalho nas redes. “Quero que essa realidade mude para que essas empresas não precisem mais fechar”. Para alcançar seu objetivo, ela faz postagens com linguagem fácil, simples, direta e até divertida. “As finanças já são por si vistas como um assunto doloroso”, diz.
Raquel observa que a popularidade de conteúdos sobre finanças tem gerado uma maior busca por consultorias. Anteriormente, muitas pessoas não imaginavam que ela era algo importante para o negócio, porém isso tem mudado.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló