João Pedro integra grupo de pesquisa sobre produção de biodiesel
Experiência social, oportunidade de aprendizado profissional. Formação e ampliação do network (rede de contatos). Acesso à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Ter "história" para contar e o que o diferenciar na hora de elaborar um currículo ou disputar uma vaga de emprego.
Essas são só algumas das vantagens apontadas por estudantes, professores e executivos sobre a importância dos projetos - em várias áreas de atuação - desenvolvidos em parceria entre universidades e grandes empresas - ambas públicas e privadas. Estudantes participam como voluntários ou bolsistas.
As iniciativas vão desde a análise em laboratório de combustíveis encontrados em postos da cidade - ou a que transforma palha de cana em álcool - por alunos de um curso de engenharia química à criação de um banco comunitário por estudantes de economia.
Passando por projetos de produção agroecológica, agricultura familiar, inclusão digital, arte e cultura, propostas que dão origem a cooperativas, associações comunitárias ou mesmo grupos de ostreicultura (cultivo de ostras).
O objetivo, dizem os envolvidos responsáveis: produzir conhecimento científico, trabalhar o lado profissional do estudante, gerar desenvolvimento social, emprego e renda.
"Essa é uma situação em que todos saem ganhando. A sociedade, que tem a garantia de consumir produtos testados e mais confiáveis. Os alunos, pois estão em contato com o que há de mais moderno em termos de tecnologia e desenvolvimento de novas pesquisas. E por último, as empresas, que contribuem na formação de jovens profissionais", elenca o coordenador do curso de engenharia química da Universidade Salvador (Unifacs), Diniz Silva.
Parceria entre a instituição de ensino, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Petrobras permite que alunos do curso de engenharia química realizem testes em combustíveis comercializados nos postos da rede na Bahia e Sergipe.
Segundo Silva, utilizando a estrutura de laboratórios da universidade, os futuros engenheiros verificam situações como o grau de octanagem (queima, e consequentemente o rendimento) do produto e ausência de contaminantes (solventes) e presença de metais.
"Eles (os alunos) fazem uma iniciação científica. Treinam auxiliando os professores, desenvolvendo metodologias mais confiáveis. Hoje, trabalhamos em uma patente junto à Petrobras que é um marcador utilizado para rastrear o combustível desde a origem, na refinaria. E no laboratório de biomassa, queremos transformar a palha da cana em álcool, o que elevaria a produção por hectare em até 50%", explica Diniz Silva, doutorando em engenharia química e membro do Conselho Regional de Química (CRQ).
Os estudos contam com suporte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação e responsável, entre outros, por fomentar a articulação entre universidades, centros de pesquisa e empresas.
Com apenas 18 anos e cursando o terceiro semestre do curso, na Unifacs, o estudante João Pedro Moreira tem suas primeiras experiências entre tubos de ensaio. Recebendo uma bolsa no valor de R$ 400 - fornecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) -, ele pesquisa sobre a produção de biodiesel a partir do óleo da soja e mamona.
"Essa é uma oportunidade de amadurecimento. Aprendo, ganho responsabilidades. Temos rotina de apresentações e treinamos falar em público. Quero ser pesquisador", diz João.