Manoel foi contratado após período de experiência
Quem sonha com uma oportunidade profissional mesmo que temporária, este fim de ano - pensando em garantir um dinheiro extra ou, quem sabe, ser até efetivado -, pelo visto vai precisar suar a camisa. Em tempo de vacas magras, a tendência é que o número de vagas de trabalho provisório em 2015 seja bem inferior do que em 2014.
De acordo com dados da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), até dezembro devem ser geradas, em todo o país, cerca de 107,8 mil contratações - número 20% menor que no mesmo período do ano passado.
Aqui no estado, segundo estimativa da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado da Bahia (FCDL), a previsão é que o comércio crie cerca de dois mil postos extras - 20% dos oito mil de 2014.
"Estamos vivendo um cenário diferente dos últimos 20 anos. As admissões vão continuar, apesar do fechamento de algumas lojas. Mas sobretudo as contratações devem se concentrar nos grandes varejistas", afirma o presidente da FCDL Bahia, Antoine Tawil.
"O período é demissionário. No primeiro semestre, mais de quatro mil funcionários foram dispensados. As empresas do setor vivem um problema sério de faturamento. Os hotéis estão com 56% de ociosidade. Não acredito que haja contratações a curto prazo", diz, mais pessimista, o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Sílvio Pessoa.
Sem esmorecer
Não está fácil para ninguém, todo mundo sabe, mas, se a ideia é conseguir uma colocação, não adianta esmorecer. "Tem de perseverar", diz a psicóloga do Sine Bahia - serviço estadual de intermediação de emprego -, Milena Motta.
"Existe hoje um número maior de pessoas em busca de poucas oportunidades. Logo, os critérios de seleção, as exigências dos empregadores aumentaram. O candidato precisa buscar qualificação, se destacar em meio à multidão. E nunca deixar se abater", diz.
O vendedor Manoel Geraldo Santos, 45 anos, sabe bem o que é não desistir. Dezembro passado, depois de seis meses desempregado, ele começou como temporário em uma loja de materiais esportivos em que sempre desejou trabalhar.
Como combinado, seguiu até fevereiro (cerca de 90 dias), e depois foi dispensado. Quando pensa que não, três meses depois, o telefone toca: era o gerente, Cláudio Duarte da Silva, chamando-o para completar novamente o time, só que dessa vez como titular.
Nas palavras de Silva, o "comprometimento" de Santos durante a experiência foi determinante para sua contratação. "Muita gente pensa que, porque são três meses, não precisa se dedicar" diz.
"Se antes entravam (na loja) 20 clientes, (com a crise) agora entram 15, 10. Eu trabalho esses 15, 10 clientes de forma a otimizar o resultado como se fossem 20", explica Santos.
"Tem crise, a gente sabe. Mas não podemos trabalhar com ela, e sim com o cliente", diz a hoje gerente de uma loja de calçados, Beatriz Machado, 18. E pensar que em 2014 ela começou como temporária.