Na loja Capim Rosa Chá, Cleide trabalha com marcas veganas que possuem projetos na área social ou ambiental e têm certificações
Questões como sustentabilidade, impacto social e saúde têm ganhado importância entre os consumidores brasileiros. Uma pesquisa da empresa alemã de estudos de mercado GFK mostra que a preocupação dos brasileiros com a responsabilidade social dos produtos e com onde e como eles são feitos, aumentou 5% entre 2011 e 2016.
O estudo também constatou que 40% dos consumidores acham que as empresas devem ser ambientalmente responsáveis, e 48% leem o rótulo antes de comprar qualquer produto. Na indústria de cosméticos, esse pensamento tem se tornado ainda mais popular, com o crescimento da adesão a técnicas de cuidados com a pele e os cabelos que dispensam o uso de sulfatos, silicones e derivados de petróleo.
“As pessoas estão começando a ler os rótulos e se envolver cada vez mais com a composição dos produtos, buscando ingredientes mais naturais”, conta Mona Soares, criadora da marca de cosméticos Ewé Alquimias. Em sua loja, ela trabalha com produtos artesanais para cabelos e corpo com ingredientes em sua maioria orgânicos, produzidos de forma ética e sustentável, e sem origem animal.
Apesar do nicho de negócio bastante específico, seu público é variado, e vai desde clientes que gostam do cheiro e sensação de produtos artesanais, até veganos, e pessoas que buscam usar produtos menos agressivos nos cabelos, seguindo métodos de limpeza e cuidados alternativos, como no e low poo.
Para produzir seus cosméticos, Mona tem uma série de preocupações, que começam na escolha de ingredientes: ela trabalha apenas com componentes naturais e ingredientes autorizados para produtos naturais por certificadoras internacionais, como a Ecocert. Também evita o uso de matéria-prima de origem animal, utilizando apenas cera de abelha e mel em alguns produtos.
Para reduzir o desperdício e a produção de lixo, vários dos produtos são feitos em forma sólida, embalados em papel, dispensando o uso de embalagens de plástico. Na escolha dos materiais, a empresária busca pequenos produtores, de preferência locais, e se informa sobre as condições de coleta e produção dos insumos para garantir que não há irregularidades.
“Procuro sempre conhecer melhor os produtores, saber com quem eles trabalham, como essas pessoas são pagas, como os recursos são explorados”, conta Mona, que começou a produzir os próprios cosméticos há cerca de cinco anos.
Público informado
Trabalhar com um público exigente e que busca se informar sobre os processos por trás de tudo o que compra exige muita comunicação. Para Cleide Carvalho, dona da loja de cosméticos naturais, orgânicos e veganos Capim Rosa Chá, informar os clientes é parte importante do trabalho.
“Temos uma paciência maior na divulgação para que o público conheça nossos valores. Divulgamos a composição de todos os produtos e temos vários materiais informativos sobre componentes nocivos usados na indústria cosmética, e os benefícios de ingredientes naturais”, conta a empresária. Estar sempre disponível para tirar dúvidas também é essencial.
Outro cuidado de Cleide é na escolha das marcas vendidas: “Trabalhamos com marcas que são veganas, possuem projetos na área social ou ambiental e possuem certificações da Anvisa, IBD ou Ecocert”, explica a empreendedora.
O analista técnico do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Eduardo Garrido lembra que a busca de certificações junto a esses órgãos é importante para quem deseja entrar nesse mercado. “Bioeconomia é um assunto que está em evidência no país, e nosso programa de certificação orgânica tem sido muito demandado”, conta.
O Sebrae oferece o Programa de Preparação para Certificação Orgânica, e o próprio processo de certificação junto à Ecocert e ao Instituto Biodinâmico (IBD) pode ser feito por meio do órgão. O Sebrae também oferece consultoria em assuntos como redução de desperdício e rotulagem de produtos.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló