Talita Pimentel é uma das adeptas dos brechós online
Acumular coisas sem uso em casa já é uma atitude ultrapassada. Com os brasileiros cada vez mais conscientes na hora de comprar, e até pelo espaço reduzido dos apartamentos, acumular quinquilharia não é para todo mundo. Uma pesquisa realizada pelo Ibope, encomendada pelo site OLX, revela que aproximadamente 70 milhões de brasileiros possuem objetos sem uso, e destes 84% têm interesse em vender esses objetos. O potencial financeiro de venda desses itens chega a R$ 262 bilhões.
Com isso, as pessoas começam a dar um jeitinho de ganhar um dinheiro extra, ou até fazer disso a sua renda principal. E são inúmeras as possibilidades. Com a tecnologia, é possível encontrar plataformas gratuitas para anunciar seus objetos usados, como o OLX e o marketplace Enjoei, que tem foco principalmente em moda.
Mas o que caiu no gosto das pessoas mesmo foram os grupos criados nas redes sociais, principalmente no Facebook e WhatsApp, exclusivamente para vendas e trocas de produtos. Neles, as vendas de coisas usadas podem ser feitas de forma bem prática e simples e o negócio é fechado pessoalmente, em lugar público, marcado pelo vendedor e comprador do item.
Talita Pimentel é uma das adeptas dos brechós online. Percebeu que tinha muitas roupas sem uso em seu armário e teve a ideia de criar um grupo no WhatsApp e adicionar as meninas do seu perfil do Facebook para vender essas peças. “Eu viajo bastante, então tenho muita coisa. Comecei a ganhar dinheiro com isso e aproveitei para renovar o guarda-roupa. Encontrei grupos no Facebook em que anuncio e fiz um perfil somente para venda”, conta.
Além disso, ela descobriu que era comum haver também trocas de produtos. “Isso é incrível, porque, além de vender, também posso trocar por peças que me interessam”, observa. “Já vendi muito mesmo. Os encontros para entrega são sempre em lugares públicos e até brinde trocamos. É bem divertido”, completa.
Segundo Anderson Teixeira, analista do Sebrae, isso é um movimento crescente no mercado. “Sempre existiram os sebos e brechós, por exemplo, mas hoje todo mundo pode ter a sua página e fazer suas vendas através da internet, no espaço da própria casa”, analisa Anderson.
Ele atenta que isso também é um tipo de negócio, mas que acontece na maioria das vezes na informalidade e recomenda, se a pessoa realmente quiser se tornar um empreendedor, buscar se tornar microempreendedor individual (MEI), para ter mais segurança ao vender e para quem vai comprar. “Independentemente de ser usado ou não, pode ser emitida uma nota fiscal para produto”, explica.
Peças para alugar
Já o trio Cecília Barreto, Lara Tironi e Igor Tironi viu um potencial de negócio de uma forma um pouco diferente. Um aplicativo em que os usuários podem colocar suas peças de roupa e acessórios para alugar, o LOC. No ano passado, lançaram a versão de teste do aplicativo com 100 pessoas de Salvador, durante dois meses. Após esse período, a ideia foi validada, receberam o primeiro investimento e ele foi oficialmente lançado no final do ano.
“O objetivo do negócio é criar a possibilidade de aluguel de roupas do dia a dia, não só de festas, e de a pessoa estar sempre na moda sem precisar comprar”, explica Cecília. Para isso, os sócios investiram muito no marketing, como parceria com blogueiras e evento de lançamento para divulgação da novidade.
A empresa de tecnologia, como a sócia define, ainda está em fase de fortalecimento, com uma média de 60 aluguéis por semana, mais de sete mil downloads e cerca de R$ 1 milhão em peças cadastradas.
“O LOC é um facilitador. Não alugamos nada, todas as peças são de usuários, o aplicativo intermedeia a transação garantindo segurança para quem usa e cobra 30% de taxa do valor da peça”, conta.
A ideia surgiu de uma necessidade de Lara de não gastar dinheiro com tendências passageiras, mas Cecília conta que, mais do que isso, elas logo perceberam o potencial de que seria um negócio promissor. Os planos são de expandir para outras cidades.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló