Empresário Ricardo Scartazzini, dono da Tutto Bianco, conseguiu ampliar área de atuação
Há 15 anos no mercado de micro e pequenas empresas (MPEs) de fabricação de uniformes, o empresário Ricardo Scartezzini se viu em uma encruzilhada em 2010: com 12 funcionários e previsão de crescimento, o espaço de 80 m² não comportava mais o maquinário e a demanda de produção.
Após um longo planejamento, em 2012, Ricardo optou por um financiamento para um prédio de 800 m². Hoje sua empresa conta com mais de 50 funcionários, e o novo espaço já se tornou pequeno. De lá para cá, o número de financiamentos também cresceu: para capital de giro, veículos e maquinário.
"Fazer caixa era praticamente impossível. Eu poderia financiar junto ao fornecedor, mas os juros seriam altíssimos e o prazo curto. No banco, os juros são melhores e consigo pagar em um prazo maior", conta o empresário.
E não foi só Ricardo que passou a enxergar financiamentos como uma boa alternativa para o crescimento de MPEs. De acordo com o Banco do Nordeste, só nos primeiros cinco meses deste ano, foram realizadas, pela instituição, 17,2 mil operações de crédito, totalizando R$ 1,4 bilhão financiado. Isso significa um crescimento de 68,5% nas aplicações, quando comparado ao mesmo período de 2018.
Atendimento digital
Para o superintendente de Negócios de Varejo e Agronegócios da instituição, Luiz Sérgio Machado, "esse aumento é resultado de uma série de medidas tomadas pela instituição, entre elas, o investimento no atendimento digital e o estreitamento de várias parcerias, como com a Fecomércio e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)".
Mas as taxas de juros são as principais aliadas nesse crescimento. Machado explica que o banco atua com capital do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), o que permite um juro de 0,46% ao mês, ante uma faixa de 1,2% e 1,5% praticada no mercado.
O juros são considerados, pelas MPEs, a principal dificuldade para o financiamento. É o que aponta a analista da Unidade de Gestão de Portfólio do Sebrae, Liliane Rocha.
"Muitas vezes elas não condizem com a realidade de pagamento da empresa e acabam se tornando um entrave. A ausência de garantia, de um avalista ou fiador e de uma documentação contábil também são fatores que dificultam esse acesso", esclarece.
Com relação à garantia, a analista do Sebrae alerta que é necessário apresentar um imóvel, veículo ou até estoque como contrapartida ao banco. "Se não há prova de que será pago, o crédito não será cedido".
Planejamento
A dica de Ricardo é planejamento financeiro. E a analista do Sebrae concorda. Para ela, o primeiro passo é estar pautado em informações confiáveis sobre o negócio. É preciso saber exatamente quanto precisa e quais necessidades devem ser supridas com o valor. "Agindo de forma aleatória, o crédito pode se tornar um problema". Liliane frisa ainda que é preciso estar preparado para sustentar a empresa até a liberação do crédito, que não é imediato.
Outro fator importante é o relacionamento bancário. A analista orienta para seu cultivo através de movimentações na conta, contratação de seguros e pagamentos em dia. Mesmo com o avanço do atendimento digital, procurar o gerente e falar abertamente dos planos previstos para a empresa é também um bom caminho.
Ricardo confessa: seu primeiro financiamento foi carregado de burocracia. Mas garante que, a partir de então, os processos foram mais fáceis. Agora, com muitos financiamentos na conta, o empresário faz questão de encorajar e levar seus amigos ao banco.
"Os financiamentos são fundamentais para as MPEs. A gente não teria condição de fazer esses investimentos e crescer se dependesse de capital próprio", finaliza.
*SOB SUPERVISÃO DA EDITORA JOYCE DE SOUSA (interina)