Mariana Bamberg* | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE
Clara, da Casa do Agrimensor, pontua que é essencial a capacitação
Vistos até pouco tempo como instrumentos de lazer e diversão, as aeronaves remotamente pilotadas – ou simplesmente drones – tornaram-se importantes ferramentas tecnológicas em diferentes segmentos do mercado. Os mais de três mil equipamentos registrados no estado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) fizeram surgir diversas oportunidades de trabalho para os baianos especialistas nesse equipamento.
De acordo com o presidente da Associação Baiana de Pilotos Remotos, Amaury Oliveira, as possibilidades de aplicação dos drones no mercado já são inúmeras.
"Imagine um biólogo marinho que não precisa mais preparar um barco para acompanhar as baleias em alto-mar. Um prédio que não precisa mais colocar alguém em um andaime para fiscalizar as rachaduras na fachada. E as emissoras que não precisam mais de um repórter e um cinegrafista dentro de um helicóptero para registrar imagens. Tudo isso o drone pode fazer".
E não só isso. Esse equipamento já é utilizado em várias outras áreas. Em eventos, registrando imagens aéreas do local. No agronegócio, auxiliando na pulverização e distribuição de insumos. Na segurança pública, permitindo um monitoramento mais eficiente. Na construção civil, facilitando visualizar e mapear locais de difícil acesso. E até mesmo na fiscalização ambiental.
Mas as perspectivas são ainda melhores. Para Amaury, há muitos segmentos que nem sequer descobriram como explorar o potencial desse equipamento.
"Quando o mercado conseguir enxergar essas várias outras possibilidades de uso, a demanda se tornará ainda maior. Estamos em um processo de inserção, por isso há ainda uma demanda adormecida. Já ouvimos falar em transportar um coração que será transplantado, empresas que falam em usá-los para fazer entregas. Isso tudo ainda está em fase de teste, e muito mais ainda pode acontecer", explica o presidente.
Para Luís Andrade, diretor da DronesApps, os benefícios dos drones estão principalmente na minimização dos riscos à segurança humana e na redução dos custos e do tempo.
Mas não é tão simples assim. Quem pensa que pilotar um drone é como manusear um carrinho de controle remoto está enganado. O equipamento é considerado, pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, uma aeronave. Por isso, seu uso é regido por uma série de normas implementadas pela Anatel, Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e pelo Ministério da Defesa.
Capacitação profissional
Atentas a esse novo cenário, empresas passaram a oferecer cursos de capacitação voltados para o público que deseja se profissionalizar nessa área. A empresa de Luís é uma delas. Com aulas práticas e teóricas, o curso promete, além de ensinamentos de técnicas de pilotagem e sensoriamento remoto, conteúdos sobre a legislação aeronáutica, segurança e as aplicações nos segmentos de mercado.
A Casa do Agrimensor, empresa de Clara Martins, também oferece curso de pilotagem para profissionais. Para a empresária, como esse equipamento ainda é recente no país, é essencial capacitar e qualificar quem quer trabalhar utilizando-o. E o mercado reconhece isso. Clara conta que, após algumas mudanças, o curso, que também conta com embasamento em cartografia, aumentou sua demanda.
Curso capacita pilotos de drone
Com o intuito de capacitar profissionais, a DronesApps promoverá, a partir desta segunda-feira, 12, um curso profissionalizante de pilotos de drone. Com carga horária de 40 horas, divididas entre aulas práticas e teóricas, o curso será realizado no Hub Salvador e custa R$ 999. As inscrições são feitas em: cursos.dronesapps.com.br
De acordo com a Anac, até junho deste ano apenas cerca de 36% dos drones registrados no país são para fins profissionais. O restante é de uso recreativo. O engenheiro agrimensor Alexandre Aquino, instrutor do curso da Casa do Agrimensor, acredita, no entanto, que esse cenário será invertido nos próximos anos.
"Chama muita atenção como o mercado de drones para uso profissional vem crescendo. Um relatório da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos, por exemplo, prevê que, em 2023, eles tripliquem, enquanto o crescimento dos recreativos vai desacelerar", conta.
Os cursos custam em média R$ 1.100. Mas Amaury Oliveira faz um alerta: é possível capacitar alguém para operar o equipamento, mas isso não quer dizer que ele poderá desempenhar outras atividades naquela área.
"O curso é interessante para aprender a manusear o drone e registrar imagens. Mas elas serão analisadas por profissionais da área, que é regida por um conselho e requer outras formações. Pode ser interessante também para esses profissionais, um engenheiro, topógrafo, biólogo e tantos outros. Para que eles tenham mais uma opção de uso de ferramenta e tecnologia que facilitará sua atividade", esclarece Amaury.
*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló