Mariana Bamberg* I Foto: Felipe Iruatã I Ag. A TARDE
Tiago comemora o sucesso do Museu do Sorvete nas redes sociais
Para quem não resistiu a uma foto de um drinque diferente ou em algum lugar com decoração inusitada, uma notícia: tudo isso pode ter feito parte de uma estratégia de marketing. A palavra da vez para os negócios que buscam bons resultados por meio das redes sociais é quase um trava-língua. 'Instagramável'.
O conceito surgiu na internet para falar sobre momentos, espaços e até produtos que, para o usuário, valem uma publicação no Instagram. Ele está relacionado à necessidade de compartilhar experiências com amigos e seguidores, típica das sociedades conectadas. E o mundo do marketing não deixaria de usar isso como uma estratégia a seu favor.
Para o consultor e professor de marketing digital Antônio de Freitas Netto, a força da rede social é tão grande que os consumidores conectados tendem a escolher onde consumir a partir da ótica do instagramável. Por isso, ambientes com um visual que estimula o registro e a publicação se tornaram estratégias de marketing que ajudam os negócios a saírem na frente.
"Ambientes bonitos e fotografáveis sempre existiram. Mas hoje o que se discute é como tornar um ambiente fotografável para que as pessoas queiram se mostrar nele e acabem fazendo com que outras pessoas também desejem estar ali", explica o consultor.
Apesar de ser um conceito recente, há quase três anos, Michelle Menezes, idealizadora do Coffee Hub (coffeehub_brasil), já estava atenta a essa tendência quando inaugurou sua cafeteria. Desde o princípio, a empresária buscava um produto e um espaço "completamente instagramáveis", para que a rede social funcionasse "como uma mídia gratuita a seu favor".
Em busca de likes
E deu certo. Basta uma busca no Instagram para perceber como o espaço faz sucesso entre os consumidores que buscam likes. Só para ter uma ideia, em uma ida, uma das clientes chegou a postar oito fotos marcando o café como localização.
Quem vai à cafeteria tem vários cenários para atualizar suas postagens. Uma parede com pôsteres coloridos, um painel com frase em lettering (letras desenhadas) e um palco temático, com decorações que variam durante o ano, são, segundo o gerente Paulo de Souza, os lugares favoritos dos consumidores da cafeteria. E ele não tem dúvidas: a decoração acabou sendo um atrativo a mais para o negócio.
Antônio Netto chama a atenção para o fato de essa estratégia ser orgânica, ou seja, partir da iniciativa do próprio cliente. Para o especialista, esse estímulo acaba permitindo e potencializando uma espécie de boca a boca digital. "E isso faz muita diferença, porque pesquisas já comprovaram que as pessoas confiam muito mais nas opiniões de pessoas comuns do que na empresa ou em um especialista", fala.
A decoração também acabou se tornando uma estratégia de marketing na confeitaria de Priscilla Diniz (@priscilladiniz). A ideia da confeiteira sempre foi um lugar incomum e com um estilo próprio. O resultado foi "a confeitaria dos sonhos de criança" da empresária, uma espécie de casa de bonecas, cheia de doces, no meio da Pituba.
"Eu idealizava algo inovador, com personalidade. Mas sem abrir mão da elegância e do romantismo. E isso depois acabou servindo de inspiração e motivação para que outras empresas do ramo despertassem para a necessidade de oferecer não só o produto, mas um ambiente mais acolhedor e menos impessoal", conta.
Com muito rosa, ursos e delicadezas, não é difícil imaginar que a confeitaria de Priscilla acabou se tornando um cenário instagramável para os clientes. E o resultado não poderia ser diferente. Diariamente a empresária recebe dos próprios clientes fotos, em tempo real, feitas na loja.
Também na paleta cor-de-rosa, o Museu do Sorvete Solar Amado Bahia (@solaramadobahia), com seus picolés e sorvetes gigantes de fibra, tornou-se cenário para consumidores sedentos por postagens.
O gerente Tiago Guimarães conta que a ideia surgiu de uma inspiração em um dos espaços que mais fazem sucesso nas redes sociais: o Museu do Sorvete americano, que, apesar de museu, não conta a história do doce, mas promove ambientes temáticos e lúdicos para fotos e diversão. Em recente exposição no Brasil, a iniciativa americana foi responsável por grandes filas em busca do registro perfeito para o Instagram.
Tiago, no entanto, revela que a decoração não agradou a todos. "Alguns críticos acharam de mau gosto, mas o resultado foi muito bom. As crianças ficam loucas e os adultos também capricham nas poses para fotografar".
O consultor acredita que essa estratégia é uma tendência no marketing, mas alerta: não vale para todos os negócios. "Serve muito para aqueles que precisam atrair pessoas para dentro do seu espaço e querem converter a visibilidade no digital a uma ida ao negócio. Mas se esse não é o foco, não precisa o investimento".
*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló