Mariana Bamberg* | Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE
Fernanda alerta sobre necessidade de avaliar a vaga
Até mesmo os empreendedores mais desavisados já sabem que escolher bons profissionais é fundamental para o sucesso do negócio. Mas, para quem não pode contar com a ajuda de um empresa especializada em recrutamento, esse processo pode ser um grande desafio.
Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos na Bahia, Wladimir Martins, o erro mais comum é não definir as atividades que devem ser cumpridas por quem for preencher a vaga e buscar pessoas genéricas, que consigam cumprir qualquer função. “Nessas situações, as chances de uma escolha mais assertiva são muito menores”.
Por isso, o primeiro passo é, de acordo com a gerente do departamento de atendimento individual do Sebrae Bahia, Fernanda Grerz, analisar a vaga: se ela é realmente necessária, qual o perfil de funcionário para ela, quais as funções e responsabilidades atribuídas a ele. “É preciso encontrar uma pessoa para aquela vaga e não uma vaga para uma pessoa. Colocar um funcionário sem necessidade pode, por exemplo, aumentar o custo do seu produto. É comum também se deparar com situações de entrevistar um candidato muito bom, mas que não é para aquela vaga. Por isso, é preciso ter clareza das necessidades da vaga”, alerta.
Anúncio da vaga
Depois de 14 anos como empreendedora, Janúsia Passos já tem certa familiaridade com esses momentos. Recentemente, a empresária decidiu mudar o ramo do negócio: saiu de moda feminina e foi para o segmento de lojas colaborativas. Agora, iniciando uma nova trajetória, ela está à procura de um funcionário. Para isso, Janúsia costuma deixar um cartaz na vitrine da loja. Isso, diz, já é suficiente para a chegada de vários currículos.
Essa é a etapa de divulgação, que, de acordo com o gestor em RH Otávio Santana, pode ser feita também em faculdades, escolas, sindicatos e até nas redes sociais. O importante, para ele, é que ela seja feita tanto para a comunidade externa como a interna. “Não há problema em contratar um amigo ou familiar, desde que ele seja qualificado para a vaga”.
A próxima fase é a análise curricular. O momento de receber e ler todas as informações sobre os candidatos. Nesse momento, Otávio indica que o empresário defina critérios e requisitos relacionados para a classificação dos candidatos. Pode ser desde a localidade onde ele mora, até a escolaridade ou experiências profissionais, desde que estejam relacionadas às necessidades da vaga. O critério de Janúsia, por exemplo, é ser o primeiro emprego, “para treiná-lo do zero e deixar do jeito que a loja precisa”.
Já na fase da entrevista, a gerente do Sebrae orienta que o entrevistador vá com uma lista de tudo o que precisa saber sobre o candidato.
É justamente o que faz Janúsia. A empresária prepara uma ficha para cada candidato. Perguntas como quais seus pontos fracos e por que se interessou pela vaga são feitas e preenchidas pela própria entrevistadora, que tem espaço também para anotações sobre a segurança e o comportamento do entrevistado. Nessa etapa, Fernanda também indica testes dinâmicos.
“Se a vaga é para uma atividade no computador, pode pedir para que ele faça uma tarefa nos programas que serão usados. Para quem vai trabalhar com comunicação, é possível pedir um teste de escrita. Tudo depende da função”, explica a gerente.
Além desses testes, Janúsia resolveu inovar. Depois de tantas estratégias e algumas decepções, a empresária agora, depois da entrevista, faz um teste prático com o candidato selecionado. Combina com ele uma semana de treinamento, “para identificar se a pessoa leva jeito e se tem mesmo interesse” e só depois contratar. Isso porque ela já chegou a passar por todas as burocracias da contratação e em seguida o selecionado desistiu.
Essa parte, de acordo com Fernanda, ainda faz parte do processo de recrutamento e também deve ser pensado, para que não atrase o começo das atividades. “É preciso encaminhá-lo imediatamente para todos esses trâmites e pensar na seleção de ponta a ponta: desde a necessidade da vaga até os trâmites de contratação”.
*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló