Que coisa boa é ver o Bahia vencer. Já tinha tanto tempo que isso não acontecia no Campeonato Brasileiro que eu confesso que a euforia foi ao topo. Entre os confrontos contra os paranaenses, Coritiba, em 16 de novembro, e Athletico, ontem, foram mais de dois meses e oito jogos pela competição sem vencer. Mas o 1 a 0 de ontem acabou com esse incômodo jejum e preparou o terreno para uma reviravolta. Foi o primeiro triunfo no quarto jogo sob comando de Dado Cavalcanti.
Importantíssimo foi passar os 90 minutos sem sofrer nenhum gol e sem levar grandes sustos. Foi apenas o quarto jogo, em 30 rodadas, em que o Bahia saiu de campo sem ser vazado. Antes, só tinha acontecido nos triunfos por 1 a 0 contra Coritiba e Botafogo e por 3 a 0 contra o Vasco. Todas as vezes em que conseguiu tal feito, o time saiu de campo com o triunfo. E quase metade dos nove triunfos no Brasileiro aconteceu com essa condição, afinal, como essa coluna trouxe na semana passada, balançar as redes não é problema para esse time, que tem média de gols superior inclusive à do time campeão brasileiro em 1988.
Um dos problemas do Bahia nessa campanha ruim é que, apesar da qualidade ofensiva que a equipe tem, refletida na boa média de gols marcados, o Bahia parece ter mais dificuldade para fazer gol contra equipes que não saem muito para o jogo, como o Athlético se comportou ontem no primeiro tempo. E, devido a deficiências defensivas, tem dificuldades para evitar os gols de adversários mais qualificados. Por isso, mesmo aproveitando os espaços dados por esses times, e atuando melhor ofensivamente, o time apresentava dificuldade para vencer.
Ontem, quando o Athlético se empolgou e começou a atacar no segundo tempo, Rossi deu uma arrancada providencial e rolou para Thiago fazer o primeiro gol na equipe principal, empurrando para as redes no melhor estilo de gol de raça que a história do Bahia e o momento pediam.
Quando o cronômetro passou dos primeiros 15 minutos e o placar ainda estava inalterado, o nível de confiança no resultado já aumentou. Afinal, o time vinha levando muitos gols antes dessa marca. Foram 12, representando 23,5 % do total de 51 sofridos na competição. O fato de não ter que correr para reverter o resultado deu mais tranquilidade para alcançar o triunfo. No domingo, contra o Sport, será outra decisão e é o momento de consolidar a reviravolta na competição.
O que o Tricolor está passando nesse campeonato, lutando rodada a rodada pela permanência na Série A, era o normal das participações do clube na competição na era dos pontos corridos. O alívio geralmente só chegava na penúltima ou na rodada final. Quando vinha. A salvação era acompanhada pela comemoração pelo objetivo cumprido. Depois de três temporadas com finais muito mais tranquilos, em que a cobrança e a frustração estavam atreladas a objetivos maiores, o torcedor se desacostumou.
A irritação atual é amplificada porque a expectativa era muito boa no início da temporada. Mas acredito que tenha chegado o momento, tal qual naqueles anos anteriores ao acesso de 2016, em que, depois de muito reclamar, a torcida parecia deixar a bronca de lado para abraçar a equipe em nome do propósito de permanência. Que a fase, que pareceu começar a mudar na rodada passada, em que os resultados ajudaram mesmo sem o Tricolor atuar, seja consolidada com outros triunfos como o de ontem, e que o torcedor do Esquadrão possa comemorar a permanência na Série A.