Se você, torcedor, estivesse no lugar de Guto Ferreira, quem escolheria para vestir a camisa 10 do Esquadrão? A dúvida tornou-se inevitável na cabeça dos tricolores depois do triunfo sobre o Ceará, quando Régis entrou na vaga de Renato Cajá e participou de dois gols no triunfo de virada por 3 a 1.Não foi a primeira vez que isto aconteceu. Dos 19 jogos que fez saindo do banco, Régis substituiu Cajá em 13. Ao todo, fez quatro gols e deu quatro assistências. Mais do que o colega de time, que, em 28 jogos como titular, marcou três tentos e passou três vezes para gol.
Apesar dos números brutos, a participação de cada um tem de ser medida de maneira proporcional, já que, no total, Cajá jogou muito mais do que o colega: foram 2078 minutos nesta Série B, contra apenas 724 do reserva.
Nos números levantados por A TARDE, vê-se que Régis faz mais chutes, recebe mais faltas e dribla mais que o concorrente pela vaga. Além disso, sofreu dois pênaltis, ambos convertidos pelo time, contra nenhum do companheiro. Cajá, por sua vez, tem mais eficiência nos chutes e nos passes e, além disso, perde menos a bola (veja o levantamento abaixo).
Cauteloso
Como não deixaria de ser, a disputa pela vaga foi o assunto que tomou conta da entrevista coletiva desta segunda-feira,31, no Fazendão. Régis foi bombardeado por perguntas, a maioria delas sobre o assunto. Visivelmente sem jeito, preferiu evitar a saia-justa: “Isso [a vaga como titular] eu deixo a critério do professor, ele sabe melhor do que eu. Minha função é mostrar meu melhor futebol”.
Em certas respostas, Régis parecia ‘pisar em ovos’, como diz o verbete popular, tentando não criar polêmica com o colega. Foi assim, por exemplo, quando foi perguntado sobre as diferenças dele para o do titular: “Cajá é um grande jogador. Ele cadencia mais o jogo, procura mais o passe. Já eu sou mais agressivo, jogo em direção ao gol. Não que ele não seja, né? Mas eu pego mais a bola e parto para cima, procuro a individualidade. Não que ele não tenha isso também, mas eu gosto mais”.
A verdade é que, no clube pelo qual se destacou no ano passado, o Sport, Régis já vivia essa sina de ser jogador de 2º tempo. Na Série A de 2015, quando o time pernambucano brigou por uma vaga na Libertadores, o meia de 23 anos fez 26 partidas, sendo 21 saindo do banco de reservas. Ali, já havia tido uma boa participação nesta condição, com três gols e nove assistências.
Nas poucas oportunidades que teve como titular do Bahia – foram três – Régis pouco produziu. Foram duas derrotas (2 a 1 para o Brasil e 2 a 1 para o Londrina) e um empate (0 a 0 com o Náutico).
Sobre a sina de não conseguir ser titular, Régis se diz conformado: “Acho que todos têm condições de começar jogando, mas só 11 podem entrar. Aí, o professor sabe da melhor forma como montar o time. Mas, independentemente de quem começa, a gente é uma mesma equipe”, prega.
Apertado, porém, reconhece ‘de leve’ que gostaria de jogar mais: “Todo atleta quer estar jogando. Se você fizer essa pergunta para mim ou para outros jogadores, todos vão dizer que querem jogar. Mas, independentemente de começar jogando ou não, quero ajudar minha equipe”.
Por fim, Régis afirmou que Guto Ferreira nunca o procurou para explicar a sua utilização como reserva, e continuou em cima do muro quando falou sobre a possibilidade de ele e Cajá jogarem juntos: “Se o professor colocar a gente, vamos procurar fazer o melhor. Acredito que quem ganha com isso é o Bahia”.
Vídeo e regenerativo
O Bahia iniciou nesta segunda, 31, a sua preparação para enfrentar o Vila Nova, sexta. No início da tarde, os atletas assistiram a um vídeo com lances do jogo contra o Ceará.
Depois, quem enfrentou o Vozão realizou uma atividade regenerativa, enquanto os demais fizeram um trabalho tático em campo reduzido
Participação de cada um em campo
Gols - Régis fez quatro e deu passe para outros quatro; já Cajá marcou três e contribuiu com três assistências
Passes - Cajá erra menos que Régis: acerta 6,25 passes para cada um errado; Régis faz 5,31 passes para cada erro
Finalizações - Cajá tem bom aproveitamento: acertou 30 e errou 28. Já Régis errou quase o dobro de chutes que acertou: 9 contra 5
Perda de posse - Cajá perde menos a bola. Ele desperdiça uma posse a cada 25 minutos de jogo; já o reserva perde a bola a cada 15
Chances criadas - Régis cria uma chance de gol a cada 30 minutos em campo; Cajá cria uma oportunidade a cada 50
Faltas recebidas - Régis tem média de uma falta sofrida a cada 34 minutos; já o titular sofre uma a cada 57
Dribles - Régis acerta um drible a cada 80 minutos; Cajá faz isso a cada 188