O Santos Futebol Clube fechou 2006 com déficit de R$ 21,802 milhões, resultado bem distante do superávit de R$ 63,167 milhões contabilizado em 2005. A comparação pura e simples dos números, no entanto, esconde realidades diferentes.
Em 2005, o Santos recebeu receitas de R$ 93,57 milhões de repasses de direitos federativos de jogadores - com destaque para a transferência de Robinho para o Real Madrid, da Espanha. No ano passado, essas negociações trouxeram apenas R$ 6,393 milhões aos cofres do clube.
O que aconteceu em 2006, na verdade, foi o reinvestimento dos recursos obtidos um ano antes, tanto na infra-estrutura como na própria equipe.
No relatório da administração que abre o balanço, a diretoria santista destaca os investimentos feitos para reforçar a equipe, no sentido de levá-la de volta à Copa Libertadores. No primeiro semestre, os planos foram interrompidos com uma prematura desclassificação para o Ipatinga (MG) nas quartas-de-final da Copa do Brasil. Mas as contratações de jogadores como Zé Roberto, Maldonado, Cleber Santana, Kleber, Fabio Costa, Denis e Rodrigo Tabata levaram o time ao quarto lugar na Série A do Campeonato Brasileiro, o que garantiu uma das vagas para times brasileiros na principal competição sul-americana.
Antes disso, o Santos conquistou o título do Campeonato Paulista, coisa que não acontecia desde 1984. A equipe disputou ainda a Copa Sul-Americana, mas não passou da fase das oitavas, desclassificada pelo San Lorenzo, da Argentina.
Em termos de infra-estrutura, o Santos iniciou o processo de modernização do estádio da Vila Belmiro, com a construção de novos camarotes, e adquiriu equipamentos importados para seu Centro de Prevenção e Recuperação de Atletas de Futebol (CEPRAF), que foi inaugurado em 2007, mas que já recebeu aporte de recursos do exercício de 2006. O objetivo desse centro é o de reduzir a incidência de contusões e garantir um menor tempo de recuperação dos atletas lesionados.
Outro investimento foi a compra de novos equipamentos de fisiculturismo, médico e fisioterápico para as equipes de base. No Centro de Treinamento Meninos da Vila foram construídos dois campos de futebol com a mesma qualidade do gramado da Vila Belmiro, e um campo de beach soccer.
Em termos financeiros, as receitas operacionais totais do clube encolheram, de R$ 135,695 milhões em 2005 para R$ 54,607 milhões em 2006, exatamente devido ao menor ingresso de recursos de transferências de jogadores. Em compensação, as verbas de transmissão de jogos pela televisão subiram de R$ 19,741 milhões para R$ 22 milhões. O Santos faturou menos com a bilheteria dos jogos: a receita caiu de R$ 6,228 milhões para R$ 4,978 milhões. A taxa de ocupação de estádios nos jogos dos Santos caiu de 64% em 2004, para 47% em 2005 e voltou a subir para 48% em 2006. Nos dois últimos Campeonatos Brasileiros, a taxa de ocupação ficou em 32%.
O principal motivo para o déficit superior a R$ 21 milhões no ano passado foi a elevação dos custos do departamento de esportes, de R$ 52,665 milhões para R$ 75,066 milhões. A principal explicação é que a qualidade superior da equipe elevou os gatos mensais com os atletas. O Santos pagou em 2006, em direitos de imagem e de arena, R$ 27,726 milhões, ante R$ 17,581 milhões em 2005. Os gastos com pessoal ligado ao futebol profissional passaram de R$ 15,504 milhões para R$ 18,011 milhões no mesmo período.
A diretoria projeta investir R$ 9 milhões em modernização durante o ano de 2007. Entre os principais projetos estão a atualização do website do clube, com a criação da rádio Santos e do Santos TV na internet, maiores aportes no painel multimídia do estádio, reforma da fachada da Vila Belmiro, ampliação do complexo de camarotes e contratação de novos atletas. Também conta no relatório da administração a promessa da prefeitura de Santos de ajudar na ampliação da capacidade do estádio Urbano Caldeira ou a destinação de uma área para a construção de uma nova arena desportiva.