Para desespero dos atletas, nem todos os animais são dóceis como os golfinhos
Quem teve o privilégio de ver golfinhos, arraias, cardumes de peixes e outros animais marinhos só lamenta mesmo a aparição rápida deles durante os 12 km da Travessia Mar Grande. Quem não viu, ainda espera ter o privilégio do encontro, tão rápido que ninguém consegue fazer fotos.
Quem sabe o fato não acontece neste domingo, a partir das 8 horas, quando será dada a largada para a 50ª Travessia Powerade Mar Grande / Salvador. "Eles são rápidos, às vezes dois ou três. Passeiam perto do barco e logo somem", descreveu o professor de natação Henrique Borges, o Kiko.
Nos 20 anos de experiência na prova, como técnico, guia e há seis anos árbitro-geral, Kiko diz que golfinhos sempre aparecem. "Eu guiava Luís Eduardo Oliveira e um deles chegou a nadar perto, colocou o focinho fora e desapareceu", relatou.
Focado na prova, na qual foi segundo lugar, o nadador bicampeão da travessia sequer percebeu o 'companheiro' de viagem. "E eu nem falei, para ele não se apavorar", brincou Kiko, que lembra ter visto o animal já na meia-travessa.
Por coincidência, na metade da prova é justamente a área em que as testemunhas mais veem os animais. "Acho que é porque ali tem um banco de areia e nessa região ficam muitos peixes", procurou explicar o guia, Christian Giamarino.
Guiando desde 1998, Giamarino não tem ideia da espécie mais estranha já vista. "Conduzia Fábio Lima (tricampeão da prova) e vi um peixe grande, saltando e acompanhando a gente, mas não sei o nome. Só que era diferente, e eu muita gente viu", garantiu.
Christian também não avisou para não distrair o atleta. Ele lembra que as espécies de peixes chamaram a atenção da campeã mundial Poliana Okimoto, em 2011. "Quando eu guiava Poliana, apareceu muito peixe diferente nos bancos de areia. Ela ficou encantada", lembrou. Este ano Christian será guia de Allan do Carmo.
Nem todos dóceis - Para desespero dos atletas, nem todos os animais são dóceis como os golfinhos. "O que a gente mais vê é água-viva", avisa o experiente Christian Giamarino. Nem precisa o alerta, pois antes de largar, tradicionalmente os atletas lambuzam o corpo de pomadas, óleo e cremes à prova d'água para prevenir tais encontros dolorosos.
"Uma caravela me pegou na perna esquerda, já perto do Yacht Clube. Tive de parar de nadar com a perna ferida até terminar a prova", resgatou Marília Barreiros, primeira mulher na Travessia, feita por ela aos 18 anos. Em 2013, aos 75 anos, ela nadará a prova pela oitava vez.
A tetracampeã Ana Marcela também sofreu. Na estreia, aos 13 anos, uma caravela queimou ombro e rosto. Mesmo assim ela enfrentou a dor e foi campeã. Naquela mesma prova, o pai e guia George Cunha lembra bem de um visitante inusitado: "Apareceu um submarino grande. Não deu nem tempo de a gente tomar susto", recordou.