Tosta exibe a sua técnica na Praia da Ribeira, onde aprendeu a nadar
Campeão da segunda edição da Travessia Mar Grande Salvador, em 22 de janeiro de 1956, o nadador Manoel da Paixão Tosta continua na ativa aos 77 anos. A aposentadoria das competições ele pretende fazer em grande estilo, nadando a travessia daqui a três anos.
"No dia 15 de abril de 2017 eu vou completar 80 anos e o presente de aniversário que eu quero e sonho é completar a travessia daquele ano do meu aniversário", explicou Tosta, que trabalha como corretor de imóveis em Salvador.
Para mostrar que continua em forma, ele ensaiou algumas braçadas na praia da Ribeira, bairro onde nasceu e aprendeu a nadar aos cinco anos de idade. Naquele bairro, segundo conta, treinando pequenos percursos ele se preparou para a Volta da Peninsúla Itapagipana de 1955.
Acostumado com o mar sem ondas da Cidade Baixa, completou os 6 km em primeiro lugar. Com o passar do tempo, acabou gostando de provas longas e foi assim que chegou ao título da 2ª Travessia Mar Grande/Salvador.
O treinamento antigo em piscina era feito no Instituto Normal - hoje o Iceia. Agora, a preparação está restrita aos finais de semana, no mar. "Toda noite eu ia para a Vila Olímpica, na Fonte Nova, treinar na piscina. Agora que derrubaram tudo, não tenho lugar onde treinar", queixou-se.
Estratégia para 2017
Como ainda tem mais de dois anos de preparação, o nadador elaborou um plano estratégico para chegar em forma à travessia em 2017. Este ano já pretende retomar a participação no Circuito Baiano de Maratonas Aquáticas.
Pesando 58 kg para uma estatura de 1,69 metro, ele se considera capaz e com saúde suficiente para encarar os 12 km entre a Ilha de Itaparica e o Porto da Barra. "Minha mulher e filhos acreditam e me incentivam", reforçou.
A empresa Chame Cópia já se prontificou a ajudar na realização do sonho de Tosta. "Eles estão me dando equipamentos, como pé-de-pato, para nadar e fortalecer as pernas, e palmar, para fortalecer os braços", explicou.
A ideia é dedicar-se durante o tempo que o separa da travessia dos sonhos para chegar lá em condições plenas de completar a prova dentro do tempo exigido.
"Sei que a preparação envolve o conjunto braço e perna, como eu fazia antes", observou Tosta, que também coleciona ouros da época em que era um jovem cabo do exército. Seus feitos estão no livro História do Batalhão Pirajá.
A publicação registra a passagem pelo quartel do 19º BC, no Cabula, por conta dos feitos em eventos realizados pelo Exército Brasileiro.
Constam nas páginas 205 e 206 títulos dos 100 m livre, com o tempo de 1min15s810, e nos 800 m livre, em 13min43. O livro menciona também a vitória de Manoel Tosta na Travessia Mar Grande de 1956. "De todos os campeões da travessia, eu sou o único vivo", assinalou o veterano atleta.
Preocupado com a falta de piscina, seu Tosta torce para o equipamento voltar a servir à população de Salvador. "Tem a piscina do Sesi, no Largo do Papagaio, mas é muito longe para quem mora na Vila Laura como eu", reclamou.