Maior time da Bahia, São Francisco nunca perdeu o Baiano
Celeiro de jogadoras da seleção brasileira, a Bahia conta hoje com apenas um torneio estadual, o Campeonato Baiano. Como muitos times não têm condição - financeira ou técnica - para disputar a Copa do Brasil ou o Brasileiro, ele acaba sendo a única competição deles.
De acordo com o presidente do São Francisco do Conde, Mário Augusto Filgueiras, o maior problema é o financeiro: "O Brasileirão é a única competição que não tem despesa, nem precisa resgatar reembolso. Na Copa do Brasil a gente pede reembolso, mas não tem como não ter prejuízo. A arbitragem é de R$ 2 mil a R$ 2.700. A CBF reembolsa até R$ 5 mil em transporte, alimentação e hospedagem. Mas tem vezes que ultrapassa. Quando viajamos para Araraquara, no ano passado, só o aluguel do ônibus foi R$ 3 mil e a gente teve que pagar".
O técnico Quinho, do Vitória, concorda com o colega. "Não temos patrocínio, estamos procurando apoio. É muito difícil os empresários e lojistas apoiarem porque o futebol feminino não tem retorno. Temos muito estresse por conta disso", desabafou.
Se por um lado os campeonatos trazem custo para os clubes, a falta de competições prejudica o nível técnico do futebol. "Em termos de calendário, melhorou muito. Mas os custos pesam muito. Só mesmo o Campeonato Brasileiro, que tem o apoio da Caixa Econômica, banca passagem e hospedagem, além da arbitragem, que é a mesma que apita o masculino", disse o técnico.
Em nenhum dos times as atletas recebem salário, mas uma ajuda de custo, que varia entre R$ 400 e R$ 700, a depender da titularidade. A comissão técnica também recebe um auxílio, que chega a, no máximo, um salário mínimo. No geral, o custo para manter uma equipe feminina de futebol é cerca de R$ 30 mil - muito menos do que o salário de um jogador da Série B.
O presidente da Federação Bahiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, reconhece que o calendário ainda está longe do ideal com apenas uma competição. Mas garante que, em agosto, a Bahia pode contar com mais torneios regionais. "Nosso interesse é que as ligas banquem os torneios e a federação ajude com material esportivo. Como são, em média, oito clubes por liga, queremos montar uma seleção para cada região da Bahia", revelou o dirigente.
