Selma Morais, vice-presidente da CBA
Recém-eleita para o cargo de vice-presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Selma Morais relata nesta entrevista exclusiva ao A TARDE seus principais projetos e detalha seu legado à frente da Federação de Automobilismo da Bahia desde 2002, quando a entidade foi criada, após a extinção da Federação Baiana de Automobilismo. Ela responde também a críticas de pilotos quanto à transparência das contas da FAB, que deixará em março para assumir o cargo da CBA.
Agora na vice-presidência da CBA, o que o automobilismo baiano e nacional pode esperar de promissor?
Primeiro, uma notícia muito boa para a gente. Para mim, pessoalmente, muito, mas é muito boa para a Bahia e para o Nordeste. Se a gente prestar atenção de que há muito tempo a CAB não tinha uma disputa eleitoral como teve agora, então isso é muito saudável. Sempre era por aclamação. Se discutia uma diretoria e todos os outros concordavam e se aclamava o vencedor. Este ano não. Tivemos uma eleição extremamente disputada, extremamente democrática. E, para minha alegria e felicidade, eu fui convidada pelas duas chapas para ser vice nas duas. Uma chapa encabeçada por Waldner Bernardo, o Dadai, que foi eleito, e a outra por Milton Sperafico. Agradeci o convite dos dois e discuti o que tinha da participação da Bahia, que eu tinha alguns objetivos, se é que eles queriam a minha presença lá. Os dois concordaram e, em função das discussões e das maiores aproximações e dos detalhamentos dos projetos que eu pretendo promover, optei pela chapa de Dadai. Foram 10 contra 7 de Milton, mas acabando a eleição já sentamos e discutimos que o que vale agora é o automobilismo.
E quanto aos principais planos para movimentar o automobilimo nacional a partir de 2017?
Vou começar pelas colocações que eu fiz para as duas chapas e principalmente para o presidente eleito. Eu vou ser o elo entre a CBA e as montadoras e as entidades que lidam com o automobilismo brasileiro. E o elo também junto à imprensa automotiva. O que mais eles pediam à CBA era a profissionalização nas ações. Os primeiros passos, mesmo a gente não tendo tomado posse, já foram dados: a semana passada toda a diretoria foi reunida e foram acertadas várias decisões, dentre elas a profissionalização das ações da CBA. Estão sendo estudadas e sendo contratadas empresas para cuidar da comunicação geral da CBA, em todos os sentidos e do marketing. São dois pontos extremamente necessários e de ação imediata. Não será mais um único diretor que será o responsável pelo marketing da CBA. Não será um jornalista apenas responsável pela assessoria do automobilismo brasileiro. Agora será uma equipe profissional. Um outro ponto que foi muito destacado é que as comissões de automobilismo (arrancada, rali, velocidade no asfalto). Cada comissão terá um presidente e agora terão três membros, se possível agregando um máximo de regiões representadas. O grande objetivo é abrir esse leque de trabalho fazendo com que apareçam várias ideias das regiões. No caso da velocidade na terra, temos um da Bahia, Mato Grosso do Sul e um de Santa Catarina, para que várias ideias de várias regiões sejam discutidas. Esses membros serão colocados nas principais redes sociais do automobilismo brasileiro e terão o nome e o contato divulgados para que o piloto faça contato. Assim, o piloto terá resposta imediata. Não vai precisar ligar para a CBA para saber as coisas administrativas. Um outro detalhe é que a meta é fortalecer os promotores de eventos para que as modalidades sejam fortalecidas. O grande objetvo é que a CBA junto com os promotores fortaleçam as modalidades. No caso específico da F-3, ela é extremamente importante para que os pilotos que saiam do kart tenham uma primeira opção antes de se aventurarem no exterior. Saindo do kart tenham uma primeira opção antes de irem para o exterior. Para que a gente possa ter a competição-escola e eles possam ir para o exterior correr na F-3 europeia, Renault GT2 ou até a Fórmula 1. A nossa grande carência hoje é formar pilotos de F-1. Principalmente formar pilotos para a F-1.
Quais serão os seus principais desafios para cumprir essas metas e fazendo parte da direção da CBA?
Esses desafios na verdade são da CBA, a gente ainda tem outros desafios estaduais, mas um outro detalhe importantíssimo é que a CBA tem como meta tentar fortalecer os promotores de eventos no país para que a gente possa ter as modalidades fortalecidas. Hoje a gente tem algumas dificuldades com a Fórmula Truck, com a Fórmula 3, só para citar duas das importantes modalidades do país que passam por algumas dificuldades. O grande objetivo é que a CBA possa, junto com os promotores, fortalecer essas modalidades. No caso específico da F-3, ela é extremamente importante para que os pilotos que saiam do kart tenham uma primeira opção de automobilismo antes de se aventurarem no exterior. E possam ter o que a gente chama de competição-escola, para que ele possa ir para as competições no exterior. Seja ela F-3 Europeia, Fórmula Renault, GT2 ou até a F-1, que a nossa grande carência hoje é formar pilotos para a F-1. Que é o objetivo geral dos grandes competidores do mundo. E a CBA, também através da área do marketing, vai trabalhar em Brasília a possibilidade de buscar o apoio através da lei de incentivo ao esporte para o fortalecimento dessas modalidades e das federações. E também o fortalecimento das federações. O principal projeto que já foi lançado é um projeto da escola brasileira de kart. Já há várias escolas através de um projeto que foi feito na França, a CBA foi à FIA, fez uma parceria e já trouxe para o Brasil esse projeto. Esse projeto já está em Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina. A Bahia também receberá essa escola e o objetivo é que todas essas federações ou estados recebam essa escola. Porque o kart é a porta de entrada do automobilismo. Essa escola é para crianças de 6 a 11 anos de idade, então a CBA vai dar para todas as federações os karts, os macacões, capacetes, tudo. E nós vamos colocar os instrutores para que a gente tenha muitas crianças nessa escola. Aqui na Bahia vai começar antes de ser oficilalizado com a CBA, porque a gente já vai começar aqui sob o comando do piloto experiente Diego Freitas, campeão brasileiro. Ele será responsável pela escolinha de kart aqui na Bahia para que a gente possa formar essas crianças e colocá-las no rumo do automobilismo brasileiro.
Em que outros pontos o automobilismo baiano será contemplado?
Eu, claro, estando lá na CBA vou brigar pelo automobilismo brasileiro, mas um pouco mais especificamente pelo automobilismo da Bahia. O que precisamos é a confirmação do nosso espaço que é o autódromo em São Francisco do Conde. No ano de 2016 tivemos 328 pilotos filiados na FAB. Catorze de asfalto (autódromo), 26 de kart, 229 de rali, 58 velocidade na terra e um piloto de arrancada. Aqui dá para ver onde estamos fortes ou fracos. Só temos um piloto porque não tem pista de arrancada. Nós temos mais de 100 pilotos de arrancada, mas só temos um porque esse piloto está correndo lá fora. Os outros estão esperando ainda que a gente tenha provas oficiais, que a gente tenha pista, e ela virá futuramente com o nosso complexo esportivo, que não é um autódromo, é um complexo esportivo. Para se ter uma ideia, a FBA é a oitava do país em número de filiados. De 19, somos a 8ª federação. E a nossa federação é a segunda sem autódromo. Das sete federações que estão na frente da gente, só uma não tem autódromo, que é o Rio, que tem três pilotos a mais que a Bahia. Todas as outras têm autódromo. E nós não temos e somos a oitava. É um dado para se explicar porque a Bahia se destaca no país. Ela é a oitava força em número de competidores, sem ter autódromo. Esse número fortalece a nossa luta para que a gente possa lutar junto ao governo do estado e governo municipal, no caso de São Francisco do Conde. As próprias empresas que atuam na Bahia e que participam muito pouco do nosso automobilismo. Hoje a gente tem basicamente uma empresa apoiando o automobilismo baiano, que é a Petrobahia. Se for olhar, o resto é apoio do governo do Estado, através de FazAtleta ou municipal pela prefeitura de São Francisco do Conde. Então é pouco. É preciso que apareçam outras Petrobahias porque você tem um polo automotivo: A Ford e 35 empresas que gravitam em torno da Ford. A Continental, a Pirelli. Veja quantas empresas que atuam diretamente com automobilismo e dessas não tem ninguém apoiando o automobilismo baiano. Existe uma parcela de culpa nossa também, porque talvez seja para a gente elaborar mais projetos e apresentar para essas empresas. Existe também um problema de nível nacional? Existe. Nós estamos em crise no país. Mas existe também uma falta de ação dessas empresas de investirem onde elas estão localizadas. A ponto de que nós fomos fazer autódromo em São Francisco do Conde porque o polo Petroquimico que é Camaçari e não tivemos apoio nenhum deles para construir o autódromo lá em Camaçari. Então, o autódromo hoje é São Francisco do Conde.
Este é o principal projeto para o automobilismo baiano e do Nordeste?
O mais importante de todos é o complexo automotivo. Eu estou com um master plano. É um projeto que eu brinco dizendo que a gente faz ele na pobreza ou na riqueza. Por enquanto, estamos fazendo na pobreza. E na pobreza, a gente dividiu ele por fases. Na pobreza, quando digo pobreza, é a gente fazendo com recursos próprios ou com apoio da prefeitura e do governo do estado no limite do que eles podem fazer agora, que pode ser muito mais. Na riqueza, é quando os investidores enxergarem nisso aqui o futuro do automobilismo do Nordeste. A Bahia é hoje a porta de entrada do Nordeste para tudo. Turismo, cultura, música, educação, o esporte. O que chega aqui para a Bahia vai repercutir no Nordeste. Então, se a gente tem um autódromo aqui, as competições passam a vir com mais regularidade para cá e automaticamente para a Paraíba, que agora já tem autódromo, Pernambuco, que tem em Caruaru, ou para Euzébio, no Ceará. Mas uma modalidade esportiva nacional, dificilmente vem para o Nordeste para levar um evento só. Vai ficar extremamente caro. Se ele tiver três praças esportivas ele pode fazer uma etapa no Ceará, uma na Paraíba, uma na Bahia. Já diluiu os custos de todas as equipes. Nessa fase de você fazer o complexo esportivo por etapas, já inauguramos a primeira que foi a pista de velocidade na terra. Chamamos de autódromo de velocidade na terra. Tá pronto. Nós já estamos fazendo provas lá, em São Francisco do Conde. O próximo passo é o kartódromo internacional. E na sequência, paralelamente, vamos fazer a pista de arrancada. Então são três modalidades esportivas sendo já disputadas ali dentro na fase do que nós chamamos de pobreza. Que é quase com investimentos próprios. Na fase da riqueza, nós vamos partir para o autódromo.
Desde 2002 você dirige a FAB. Que análise faz de sua gestão nesse período?
São muitos legados. Antes de 2002 a gente ia assumir a antiga Federação Baiana de Automobilismo (hoje é Federação de Automobilismo da Bahia - FAB). Ela estava desfiliada da Confederação Brasileira e o automobilismo brasileiro, na Bahia, não existia. Existiam gatos-pingados na Bahia fazendo automobilismo. Quando fomos convidados para assumir a federação não existia federação, porque a antiga era desfiliada e tinha tantos problemas jurídicos que não era viável ela continuar existindo. Então, um dos maiores legados que eu vou deixar é a legalização da Federação de Automobilismo da Bahia. Começou pela criação dela, em 2002, para criar, nós, primeiro, tínhamos que legalizar oficialmente três clubes e nós legalizamos cinco. E esses clubes fundaram essa nova federação, que existe desde 2002, e a partir daí nós fomos pedir à CBA a filiação da Bahia. É a mesma coisa que a Federação Baiana de Futebol não tivesse Filiada à CBF. Significava dizer que Bahia, Vitória ou qualquer time de futebol aqui teriam que filiar seus jogadores por qualquer outro Estado, menos pela Bahia. Era assim que acontecia aqui. Os pilotos que queriam correr pela Bahia tinham carteira de Minas Gerais, porque a Bahia não tinha legalidade. Acho que o maior legado é a legalidade. É você deixar o respeito e a credibilidade que hoje o automobilismo da Bahia tem no Brasil, a ponto de eu, presidente da Federação, estar assumindo um cargo de grande relevância na CBA. Eu serei vice-presidente da CBA. Outro legado é o fortalecimento dos clubes. Hoje os clubes existem de verdade. Para você ter uma ideia, na guerra da eleição da CBA os clubes foram todos fiscalizados e duas federações foram impedidas de votar e nós não. Se você for no cartório, todos eles estão registrados. Estão com toda a sua documentação legalizada. Porque senão, a FAB não poderia estar legalizada e nós não poderíamos votar nem ser votados. Hoje nós temos legalizados seis clubes. Dos seis, cinco estão aptos a votar, um ainda não. Mas isso é legalizar o esporte. é dizer que não estamos brincando de fazer automobilismo. E por último, um legado, esse aí é incrível: é que o automobilismo da Bahia, a Federação de Automobilismo da Bahia, hoje tem um terreno de 850 mil metros quadrados em São Francisco do Conde. A gente tem uma pista de velocidade na terra, um projeto assinado pelo governo do estado de uma verba de 3 milhões de reais para o kartódromo e já temos definido pela prefeitura de São Francisco do Conde e o governo de estado a construção da pista de arrancada. O kartódromo ficará pronto em fevereiro de 2018 e a pista de Arrancada até dezembro deste ano.
Quem assumirá a FAB em seu lugar?
Estou saindo no começo de março. Assumo em 17 de março a vice-presidência da CBA e em meu lugar assume o primeiro-vice-presidente, Miguel Jacob. Até maio de 2018, que é quando teremos novas eleições para a FAB.
Conseguiu agregar todos os pilotos? Percebe a existência de algum segmento insatisfeito com a sua gestão?
Eu diria que se eu fosse piloto de arrancada não estaria satisfeita. Normalmente ele não está satisfeito com a FAB, e eu dou todo o direito de ele não estar, mas é que só precisa entender e vários já entenderam que não depende da FAB mas de ter uma pista. Eu não autorizo, como presidente da federação, provas que não tenham 100% de segurança. E arrancada é uma modalidade que exige um nível de segurança muito grande. Eu posso fazer provas nas ruas desde que eu tenha um nível de segurança tal que me deixe tranquila para dar o permit. Então, se você prestar atenção, todos os anos que nós tivemos provas da Stock Car, que foi outro de nossos legados, todas as vezes que tinha prova aqui uma semana depois a gente tinha prova de arrancada. Porque o nível de segurança da Stock Car é muito grande. Usávamos a estrutura da stock e o governo nos ajudava liberando a gente para fazer a prova no Centro Administrativo. Como a Stock parou de vir para a Bahia, nós paramos de ter prova de arrancada. Tivemos durante muito tempo arrancada no Comércio, porque tínhamos segurança, contratando defensas vindas de Vitória do Espírito Santo. Por que que nós paramos de fazer provas no comércio? Porque tínhamos segurança grande. Mas a tecnloogia dos carros avançou muito. Os carros são muitos fortes, com motores fortes que só param com paraquedas e não temos nível de segurança. Não temos distância suficiente para parar os carros. Não gosto de promessa, mas é um compromisso de que antes de sair eu espero deixar a máquina tirar o primeiro pedaço de terra para que até dezembro deste ano os sofridos pilotos de arrancada tenham o seu espaço no complexo de São Francisco. E, ao invés de um piloto filiado, vamos fechar 2017 com mais de 100 pilotos filiados.
A TARDE apurou que alguns pilotos estão insatisteitos com a federação. Uma questão que reclamam é transparência na prestação de contas da federação diretamente no site.
Primeiro eu queria saber quem são os pilotos e gostaria que citassem os nomes dos pilotos na reportagem que pedem transparência.
Consultamos, por exemplo Leri, Lizandro e Rafael Soares, que garantem que há mais pilotos... (Ricardo Lima foi citado, mas negou qualquer crítica a FAB).
Bom então, todos esses pilotos estão convidados a sentar aqui na federação e conversar com o nosso diretor financeiro, que é Humberto Cajaíba, e ele apresentará todas as informações financeiras que eles quiserem. E mais um detalhe, no site a gente não coloca, porque, se você observar, está muito defasado. A gente realmente não tem uma equipe para nos auxiliar nesse trabalho e está tentando ver se viabiliza quem cuide do site da gente. A federação está de portas abertas e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, para todos esses pilotos. Todos esses e todos os filiados sentarem aqui para ver a prestação de contas de Humberto Cajaíba. Se quiserem, é só também passarem no cartório, onde estão registradas todas as nossas prestações de contas assinadas pelo conselho fiscal.
A outra questão desses pilotos é se a Federação de Automobilismo da Bahia tem algum plano B para o caso de as obras do complexo em São Francisco ficarem sem verbas devido à crise financeira do país?
Vou responder basicamente até para esses pilotos auxiliarem a federação a buscarem o plano A, B, C, D, E. Porque é muito fácil você ficar falando de plano B. Primeiro a gente não tinha nem plano. A gente não tinha nem federação. Não tinha clubes. Não tinha pilotos filiados à Bahia. Terreno. Não tinha projetos. Hoje nós temos clubes legalizados, federação legalizada, pilotos legalizados, terreno oficial, pista de velocidade na terra, contrato assinado publicado no diário oficial do estado. Verba para o kartódromo, máquinas na pista, e eles falam se estamos buscando um plano B? O plano A é a gente arregaçar as mangas e fazer o que chamei de fazer na pobreza. Ir para cima do trator trabalhar para fazer a pista. A pista de velocidade na terra foi feita por Aureliano Campos, conhecido como Lelo Bala, que morreu numa pista de velocidade na terra construindo uma pista, e em outras cidades. Alguns desses não foram para lugar nenhum fazer pista, seria bom se fizessem.
Como estão as obras no autódromo? Que etapas faltam para a pista de kart, por exemplo, ser inaugurada?
Nós temos um terremo em São Francisco, doado pela prefeirqa Rilza Valentim que morreu um mês após doar o terreno. Interlagos, em São Paulo, tem um milhão de metros quadrados e nós temos 150 metros a menos. O prefdeito que asumiu, Evandro Almeida, abraçou completamente o projeto e ele deu o documento final de doação depois que ela morreu. Já foi averbado no cartório. Nós desenvolvemos o projeto em etapas. Primeiro velocidade na terra com 1.660 metros, já está pronto. O próximo passo é o kartódromo. Dia 27 de dezembro de 2016 o governo da Bahia aprovou e publicou no Diário Oficial o projeto deste kartódromo com a liberação de 3 milhões de reais de incentivo através do FazAtleta para que o projeto comece a sair do papel. O primeiro milhão já foi liberado para a captação para que a empresa que a gente for buscar comece a fazer o aporte financeiro. A empresa é a Petrobahia. A partir de fevereiro a Petrobahia vai fazer na conta da federação os depósitos de parcelas deste primeiro milhão. A empresa contratada para fazer o projeto vai começar em setembro. Porque de abril a agosto é um período de chuva na região e você não pode botar dinheiro, investir nada ali porque vai perder o dinheiro. A empresa já está contratada pela FAB, a verba já começa a ser depositada na conta da FAB em fevereiro e quando chegar em final de agosto a empresa monta o seu barracão de obras e em seis meses ela é obrigada a nos entregar o kartódromo. No máximo em fevereiro de 2018. O projeto está no governo do Estado, na Associação de Kart e pode ser visto por qualquer pessoa. A segunda etapa vai começar este ano, que é a construção da pista de arrancada, que vai ficar pronta em dezembro deste ano. A construção será pela prefeitura de São Francisco do conde com apoio do governo do estado.
Em relação à liberação de dinheiro. Como vão ser essas parcelas?
O governo do Estado da Bahia liberou no dia 27 de dezembro o projeto do kártodromo. NO dia 6 de feveriero recebi um certificado de enquadramento com o pojeto do kartódromo. O governo está liberando um milhão de incentivo. Eu tenho que captar esse valor até no máximo de um milhão que corresponde a 80% de incentivo. Ela vai ter isenção de um milhão, por isso ela vai botar 1.200.000 já que um milhão é 80% de isenção. Os 200 mil é o investimento da empresa. A Petrobahia pode começar a depositar agora, em fevereiro ou em março, depende do caixa dela, eu não entro no caixa da empresa. Para o governo me dar esse certificado eu tive de apresentar o projeto com todo o cronograma de despesas no kartodromo. com esse certificado eu posso buscar qualquer empresa que dê esse dinheiro que terá isenção do ICMS. Fizemos um acordo com a Petrobahia que ela vai colocando em parcelas o dinheiro para quando chegar agosto a gente já tenha um milhão em caixa. Quando o governo me der outro certificado em 2017, a Petrobahia vai dar o outro milhão. A gente quer chegar em setembro com 2 milhões em caixa e em 2018 receber o terceiro e pagar a empresa construtora. Ao meso tempo, a federação está contratando uma empresa de auditoria para auditar essa empresa que vai fazer o kartódromo.
Você disse agora que alguns pilotos correm fora da Bahia. Os pilotos de velocidade na terra dizem que no interior, como Vitória da Conquista, vão bem o kart e o rali, mas aqui em Salvador está fraco o automobilismo. Muitos estão correndo em outros estados, há alguma plano para conter essa evasão?
Kart e rali. Kart, a mais ou menos uns 25 anos não tinha em Salvador. O kartódromo de Salvador foi desativado a uns 30 anos, era no Stiep. Eu nem era presidente da federação, vamos deixar as coisas bem claras. O kart passou a existir em Lauro de Freitas, deixou de competir quando o governo do Estado destruiu parte do kartódromo para construir o centro de excelência do judô. Então nós ficamos com um pedaço de pista que não dava para fazer eventos nacionais, por exemplo, só copas, festivais e treinos de pilotos porque ali onde ficava o ponto de ônibus moravam vários usuários de drogas. Tanto é que o governo da Bahia, por ter feito isso, assinou um protocolo de intenções para doar três milhoes e um terreno de 50 mil metros quadrados. Como nós conseguimos o terreno em São Francisco, o governo agora, três anos depois, está repassando o dinheiro que assinou no protocolo de intenções que nós reconhecemos pelas dificuldades que o país está passando. Mas está cumprindo a palavra de entregar esse dinheiro parcelado. Mas através do incentivo do FazAtleta e da Petrobahia, constuimos o kartodromo de Vitória da Conquista onde se pratica um kart muito forte. Com relação ao rali, foi também reativado pela federação. Com apoio do próprios pilotos e dos clubes nós fizemos por sete anos campeonatos de rali. Mas infelizmente, os próprios pilotos pararam de correr. Então, a gente fazia os campeonatos e tinha 16 pilotos no grid. Isso é muto pouco. E não é uma federação que faz. Ela não existe para fazer a competição. Ela existe para homologar a competição. Supervisionar e dar o suporte técnico. Quem tem que fazer são os clubes e os promotores. A pessoa que critica que não tem rali pode bolar uma copa, uma competição, elabora o projeto, vem aqui na federação homologa a prova dele. A Stock Car quem faz é um promotor de eventos, a Vicar. Se a fórmula truck vier para a Bahia é um promotor, não é a federação. Talvez alguns pilotos estejam mal acostumados a ficarem sentados em casa querendo receber de mão beijada a prova. Mas alguns desses até nem o carro coloca na pista para correr nas provas que a gente tem aqui. Hoje a gente tem o rali do Batom, a gente coloca 200 duplas, porque que a gente não pode botar 50 carros numa prova de campeonato de rali? Porque não tem quem faça a prova. Se tiver alguém para fazer, faça coloque 50, 100 carros a federação vai mandar um comissário de prova que é a obrigação da federação.
Quer dizer que se os pilotos quiserem fazer uma prova no complexo de São Francisco, eles podem bolar e homologar na federação?
Eles têm que, ou o promotor ou o clube vir aqui, trazer a competição e homologar a prova e entrar no calendário do campeonato. E no caso específico, no momento a pista é prioridade para os clubes que fazem uso dela. No caso de velocidade na terra, a prioridade é do clube de automobilismo da Bahia. No kart é da associação baiana de kart. Se um promotor quiser fazer a prova, vai ter que submeter o calendráio dele a federação que vai pegar a prova dele e ver o calendário e ver uma data livre. Paga o permit, o aluguel da pista e faz a prova. Claro que a partir de quando tiver liberado a pista, a prioridade é dos clubes. Agora, não é só fazer uma prova porque se acontecer acidente é da culpa de quem? Não é tão fácil, abrir a boca. Tem que ter segurança, asistência médica, UTI, uma série de ações que você tem que ter para dar segurança. Qualquer um que me traga isso aqui que acabei de dizer a gente libera.
Houve uma comoção grande com a morte de Lelo Bala, ex-piloto e ex-dirigente, e também com a morte de Pernambuco. Que tipo de lacuna deixam esses dois pilotos no automobilismo baiano?
Vamos começar por Pernambuco. Era um ícone, amado por todo mundo, conhecido pelas loucuras que fazia, mas era conhecido pelo coração que tinha. Ele era capaz de sair do carro dele e dar o carro para você correr se ele sentisse que voce estava perecisando. Pernambuco ajudou a fazer uma série de pistas por aí. A botar muita gente dentro do automobilismo, mas fazia muitas loucuras e foi por uma dessas loucuras que fez ele perder a vida. Mas ele deixou um legado do companheirismo, ele era parceiro aqui da federação. Já Lelo Bala, sou extremamente suspeita, o automobilismo da Bahia perdeu um dos seus maiores nomes. Era respeitado no Brasil. Entendia de velocidade na terra e das outras modalidades. Era querido entre todas as modalidades. Era presidente do CAB e morreu como presidente de um clube totalmente legalizado. Viajava pelo interior abrindo pista de velocidade. Ele morreu na pista, na última bateria do ano do campeonato de velocidade na terra. A pista de São francisco foi idealizada por ele. Quando reinaugurarmos dia 25 e 26 de março a pista vamos chamar o circuito de Lelo Bala.
Quando é que se terá o autódromo?
Eu vou responder de outra forma: quando é que nós teremos provas nacionais numa pista de autódromo? Se o governo do estado e a prefeitura de São Francisco assinarem o protocolo de intenções assumindo a construção da pista de 3.800 metros. Se eles assinarem esse protocolo, no final de 2018 a Stock Car e a Fórmula Truck poderão vir para a Bahia.