Triatleta também é surfista e músico
O jeito fácil de pedalar mesmo tendo apenas uma perna faz do contador Fábio Rigueira, de 44 anos, um exemplo de superação a cada desafio. Atualmente concentrado no treinamento para o Ironman de Florianópolis, que será disputado no dia 27 de maio, Rigueira atrai a curiosidade das pessoas quando passa rapidamente na bike ou correndo apoiado em suas muletas.
O treinamento tem etapas também no mar, já que o Ironman reúne três provas completas, começando com 3,8 km de natação. Ao sair da água, os atletas emendam com uma pedalada de 180,2 km e mais 42,2 km no pique.
"Corrida é a novidade da minha vida. Nunca tinha corrido nem dois metros, agora vou para uma maratona", disse Rigueira, que se especializou em vencer desafios desde os 9 anos, quando teve a perna esquerda amputada devido a um câncer no fêmur.
Na mesma época, foi diagnosticado com metástase no pulmão direito e também se recuperou com a retirada de uma parte do órgão. Ao longo de sua trajetória, aprendeu também a cozinhar pratos típicos e a tocar instrumentos como guitarra, contrabaixo e bateria enquanto se dedicava ao esporte.
No mar, é vice-campeão da categoria especial na Travessia Mar Grande/Salvador, promovida pelo jornal A TARDE desde 1955. Ele fez os 12 km em 2h44min. Na piscina, tem medalhas de ouro nas provas dos 50 e 100 metros livre do Campeonato Norte-Nordeste.
"Sou surfista nas horas vagas e praticante de ciclo-turismo", acrescentou, referindo-se ao último evento que participou: um passeio, sem competição, feito exclusivamente pedalando.
Mestre-cuca
Nessas viagens de bike, já foi de Aracaju a Salvador e também de Maceió a Salvador. O primeiro percurso fez em dois dias e o segundo, em quatro dias. Ambos serviram de preparação para os 900 km de pedal que ele fez em Santa Catarina, durante dez dias.
Em meio aos treinamentos, o para-atleta encontra tempo livre para a culinária. "Fábio cozinha um salmão ao molho de manga divino. O que imaginar, ele faz", elogia a publicitária Alexsandra Sousa, 43, com quem Rigueira é casado há 13 anos. Ela relatou não conseguir acompanhar o ritmo dele nas corridas, quando acontece de tentar seguir o marido nos treinos para a prova em Floripa.
Sonho próximo
Participar do Ironman era um sonho, conforme relatou Rigueira. Certo de que tem o maior desafio da carreira pela frente, ele treina diariamente para completar os três percursos no tempo estabelecido pelo regulamento da categoria 40 a 44 anos.
Na natação, cada atleta terá 2h20min para completar. caso contrário, será retirado da prova. Até fechar o percurso de bicicleta, cada participante terá de marcar no máximo 10h30min de prova. Encerrando com a corrida, as três provas vão fechar no limite de 17h. Passar desse tempo, significará a desclassificação.
Algo fora de cogitação para o para-atleta baiano. Conseguindo superar o Ironman, Rigueira vai mirar um próximo desafio. "Eu tenho muito medo de altura. Penso em quebrar esse tabu, quem sabe, pulando de paraquedas. Mas ainda não sei...".
Atleta durante treino para a competição | Foto: Alessandra Lori | Ag. A TARDE