Apesar de disputar competições mundiais, Cauã não possui nenhum patrocinador fixo Foto: Arquivo Pessoal
Se engana quem pensa que vida de atleta se resume a fama e dinheiro. Apesar dessa ser a situação de alguns mais reconhecidos no ramo, o início quase nunca é fácil. Primeiramente, é necessário ressaltar que nem todos possuem o aporte financeiro para disputar os diversos campeonatos nacionais e, até mesmo, internacionais.
Um grande exemplo disso, é o caso do nadador baiano Cauã Vinícius de Oliveira. Apesar de ser campeão em diversas categorias, disputar competições nacionais e, até mesmo, mundiais, o soteropolitano de 21 anos, não possui um patrocinador fixo. Por isso, o atleta que compete desde os 7 anos já precisou desistir de torneios em decorrência da falta desse suporte.
“Não é nada fácil, nunca tive patrocínio no esporte, são sempre meus familiares que me ajudavam no custo de viagens, alimentação, hospedagem e materiais esportivos. Cada viagem era uma luta, fazíamos rifas e cada um dava uma parte para suprir as necessidades, já deixei de ir para muitos campeonatos importantes por causa dessa dificuldade financeira", revelou.
Em situação parecida está o Enzo, de apenas 15 anos. Lutador de Karatê, o garoto já competiu nacionalmente por duas vezes. No entanto, todas elas bancadas por seu pai e maior incentivador, Fábio Reis. Para ajudar na busca pelo sonho de seu filho, Fábio realiza uma rifa no trabalho que serve para ajudar nas despesas do atleta mirim.
“Até o momento, meus pais que foram os responsáveis por me manter no esporte, pagando todas as dispensas para minha participação nos campeonatos. Agora para a final do Brasileiro fizemos duas rifas. Estamos realizando pesquisas para 2020 conseguir patrocínio via Faz Atleta", contou o jovem lutador.
Faz Atleta
Criado no ano de 1999, o programa “Faz Atleta” surge justamente com o intuito de estar ajudando os atletas, equipes e eventos amadores, olímpicos e paraolímpicos, na busca de promover o incentivo ao esporte no estado da Bahia. Para isso, a iniciativa visa custear os gastos em viagens, hospedagens, alimentação, entre outros.
“Os grandes atletas olímpicos baianos tiveram financiamento do Faz Atleta. Em todas as modalidades: o pessoal do boxe, natação, como é o caso do Allan do Carmo. Pode ser que esses atletas participem de provas que não sejam do programa, como mundiais. Nesse caso, eles não recebem esse benefício. Entretanto, quando faz parte, o projeto arca com passagens, hospedagem, nutricionista, assistência médica, entre outros. Isso compõe o valor do projeto dele”, informou o chefe de gabinete da Secretária de Trabalho, Renda e Esporte (SETRE), Everaldo Augusto.
De acordo com os dados divulgados pela SETRE, cerca de 75 atletas são beneficiados, além de duas equipes e um total de 10 eventos em toda o estado da Bahia. Além disso, a iniciativa informou a mudança no atendimento por faixa etária. Antigamente, o Faz Atleta atendia por categoria até os 21 anos, e após essa idade, o atleta deveria pleitear a vaga no geral. Agora, eles irão concorrer junto às empresas em suas respectivas categorias.
"O Faz Atleta é voltado para o alto rendimento que existe em todas modalidades. O pré-requisito principal para ser contemplado, é comprovar que está rankeado com o aval da federação que vai, efetivamente, participar do evento oficial que participa do programa. Caso não faça parte, existe outros projetos, como o Bolsa Esporte"
Neste ano, o programa divulgou pretende investir R$ 4,5 milhões em incentivo fiscal. A projeção é de que, para o próximo ano, a iniciativa amplia ainda mais seus horizontes.
"Existe uma possibilidade de aumento. O governo estuda aumentar o percentual de 3 para 5 por cento. No entanto, esse acréscimo depende muito da arrecadação. Particularmente, nós achamos que o investimento ainda é pouco. Se você comparar com a cultura, por exemplo, o esporte recebe relativamente pouco”, concluiu o chefe de gabinete.