Currículo invejável no maior clássico do Norte/Nordeste do País. Isto tanto o goleiro Darci quanto o atacante Índio tem. Em uma partida que não envolve só esquemas táticos e a técnica dos jogadores, mas também a mística de um Ba-Vi, a importância de contar no elenco com um atleta que costuma ser iluminado quando os dois rivais se enfrentam é grande.
Instável – Darci Afonso Jacobi Júnior tem 28 anos e iniciou a carreira no Paraná. Passou boa parte da sua carreira no tricolor de Curitiba, mas nunca conseguiu se firmar como titular. Teve algumas oportunidades quando o camisa 1 Flávio não estava disponível.
O arqueiro catarinense veio para o Bahia, pela primeira vez, em 2006, para a disputa do Campeonato Baiano e da Série B. No começo, era reserva de Marcão, mas aos poucos foi ganhando espaço e se tornou titular.
Desde aquela época, ele já era capaz de se transformar em cada jogo. De destaque no triunfo, por 1 a 0, no Barradão, na última partida do Esquadrão no Estadual daquele ano, Darci viraria o vilão na estréia da Série C, quando bateu roupa em um chute do Cabo Lima e o Bahia acabou derrotado pelo Confiança.
Mesmo alternando boas e más atuações, o goleiro continuou com a camisa 1 até o final do ano e iniciou 2007 ainda como titular. Contundiu-se e acabou perdendo a posição para Paulo Musse. A cabeça esquentou e o homem de aparência tranqüila discutiu com o técnico Arturzinho. O resultado da confusão foi a saída dele do clube.
No começo de 2008, Darci retornou sob muita desconfiança dos fanáticos torcedores, que não engoliram sua partida no ano passado. Sem concorrentes, logo se firmou na equipe principal.
Até o Ba-Vi no Barradão, no dia 10 deste mês, ele não passava de um coadjuvante, mas sua atuação no clássico levou a galera tricolor ao delírio. Mesmo com o Vitória pressionando durante a maior parte do tempo, Darci não deixou passar nada e realizou defesas incríveis nas cabeçadas de Moré e Marcelo Batatais.
Será possível repetir a façanha? “Estou aqui pra isso, mas prefiro não trabalhar tanto e ganhar o jogo. Se precisar, estarei pronto, mas se eles não chegarem muito é menos perigoso”, desejou. Segundo ele, o ritual de reza antes de um Ba-Vi é o mesmo de qualquer jogo, mas o sentimento muda totalmente. “É muito diferente. Todo jogador gostaria de disputar esse clássico das multidões”.
Se Darci não voltar a ser o herói do clássico, ele já tem um favorito para assumir seu posto. “Gostaria que fosse o Emerson Cris. Conheço ele desde os 16, 17 anos, na época do Paraná, e é um grande amigo. Além disso, tem qualidade e chuta muito bem de fora da área”.
O retorno – Oito gols para um goleador pode ser pouco na sua carreira. Na verdade, tudo depende de como, onde e contra quem foi feito estes tentos. Para Índio, esta quantidade de bolas na rede tem um gostinho especial, que ele pretende aumentar neste domingo. Oito gols é a quantidade que o Cacique fez no rival tricolor, em 2006. Para o atacante, este número chega a ter um valor sentimental. “Como é que esquece? Foi o momento marcante na minha carreira. Na verdade, a mais importante. Apesar de ter sido o maior artilheiro em todos os estaduais do ano passado, foram com aqueles gols que todos me conheceram”, disse o ídolo rubro-negro.
Como o próprio atleta afirmou, apesar de sua carreira começar bem antes de vestir a camisa do Vitória, foi atuando nos clássicos que o apelido de Antônio Rogério Silva Oliveira ganhou o País e entrou para a história do Ba-Vi. No último duelo na Fonte Nova, Índio fez quatro dos seis gols do Leão (6 a 5).
Carrasco do tricolor, o Cacique quer repetir os feitos de 2007 nesta temporada. “Será a minha volta por cima, depois de alguns problemas no ano passado. Mas estou com outra cabeça e quero voltar a ajudar meus companheiros. Se vou fazer gol, espero e conto com isso. Mas qualquer um pode fazer. Por tanto, que seja do nosso lado”, disse o atacante rubro-negro.
No atual Campeonato Baiano, Índio já fez dois gols, mesmo número de jogos disputados. “Mas contra o Bahia, um gol sempre tem um gosto especial”, acrescentou o Cacique. E realmente terá.
Caso consiga o mesmo desempenho do primeiro semestre da temporada passada, o jogador cearense poderá recomeçar de onde parou. Se foi praga tricolor, ninguém sabe. Mas depois de conquistar o Estadual em cima do rival, a vida profissional e pessoal do astro entrou em crise.
Depois de problemas conjugais, Índio entrou numa maré de azar na Série B do Campeonato Brasileiro, passando o bastão de ídolo para Joãozinho. Contusões também apareceram, prejudicando, inclusive, seu retorno este ano. “Sou humano, como todos. Mas hoje estou feliz e mais experiente. Tenho certeza que estou pronto para recomeçar de onde parei. Contra o Bahia”. confessou.
Junto com Índio, apenas quatro jogadores enfrentaram o Bahia no ano passado. Jackson, Bida e Vanderson também fizeram sua parte e fizeram história no clássico. Caso Antônio Rogério não consiga fazer uma boa exibição, o técnico Oswaldo Alvarez aposta em outras promessas de herói, como os garotos Marquinhos e Ramirez.