Natália Figueiredo* | Foto: Joá Souza | Ag. A TARDE
Brasil é favorável à ocorrência de raios
A incidência de raios no Brasil tem aumentado. Um levantamento feito em 2017 pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelou que o número médio anual de raios no país foi de 77,8 milhões. Em 2002, a quantidade foi bem inferior, apontando cerca de 55 milhões de raios.
Sem os devidos cuidados, os raios podem oferecer grande perigo aos seres humanos. “São sempre perigosos por se tratar de fenômenos de grande intensidade, carregando altíssimos valores de corrente elétrica, com potencial para queimar aparelhos elétricos e danificar instalações inteiras”, explica o engenheiro elétrico Adriano Ventureli.
O Elat-Inpe orienta que as pessoas se protejam em lugares com para-raios para evitar acidentes com relâmpagos, e, mesmo assim, ainda é preciso evitar usar telefone com fio ou celular ligado à rede elétrica, ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas e tocar em qualquer equipamento elétrico ligado à rede elétrica.
De acordo com o engenheiro elétrico, o risco ocorre porque o para-raios protege somente a estrutura da edificação e as pessoas dentro dela, ou seja, ele não evita que a energia das descargas atinja as instalações elétricas. “Os raios provocam surtos elétricos, que transitam pelas redes elétricas e de dados, atingindo as tomadas e os aparelhos dentro de sua casa”, diz Adriano.
Para que os aparelhos eletrônicos também estejam protegidos, o dispositivo de proteção contra surtos (DPS) pode ser instalado. “O DPS possui a função de desviar os surtos gerados pelas descargas atmosféricas e chaveamentos nas instalações elétricas residenciais e corporativas. Eles podem ser instalados nos quadros de distribuição, protegendo aparelhos conectados à rede”, explica o engenheiro.
O para-raios ou sistema de proteção contra descargas elétricas (SPDA) deve ser instalado de acordo com a ABNT-NBR-5419, que é uma norma que estabelece os requisitos para a determinação de proteção contra descargas atmosféricas, e, segundo o engenheiro elétrico, “a obrigatoriedade da instalação é definida por meio da avaliação técnica do profissional habilitado, que leva em consideração critérios que envolvem cálculos matemáticos e estatísticos”.
“Entre os fatores que tornam necessária a instalação do para-raios são: o comprimento, largura, altura da edificação, quantidade de descargas atmosféricas por quilômetro quadrado na região onde a construção será executada ou existente, entre outros”, explica.
Profissional da área
Para que o SPDA funcione de forma adequada é necessário o acompanhamento de profissionais da área. “Este sistema deve periodicamente sofrer uma vistoria, com emissão de laudos para atestar o seu funcionamento. A norma (ABNT-NBR-5419) recomenda inspeções periódicas anuais, para verificar a sua integridade”, conta o engenheiro mecânico Marcus Vinicius Ribeiro.
É de extrema importância que o SPDA esteja bem instalado e com a devida manutenção. “Um SPDA sem manutenção ou mal instalado é pior que sua inexistência, pois pode aumentar infinitamente as chances de uma descarga atmosférica ao atingir a estrutura e não descarregar, causando incêndios, explosões e colocando em risco vidas, equipamentos e a própria estrutura da edificação”, orienta Adriano.
Segundo o Elat-Inpe, a área de proteção de um sistema pode ser representada por um cone ao redor do terminal aéreo, tendo um raio no solo equivalente à altura do terminal aéreo em relação ao solo.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais alerta: se possível, não saia ou não permaneça na rua durante as tempestades, a não ser que seja absolutamente necessário. Se estiver em um local sem um abrigo e sentir que seus pelos estão arrepiados, ou que sua pele começou a coçar, fique atento, isto pode indicar a proximidade de um raio que está prestes a cair. Neste caso, ajoelhe-se e curve-se para frente, colocando suas mãos nos joelhos e sua cabeça entre eles. Não fique deitado.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló