Aldeia Hippie preserva clima de tranquilidade
Está em fase de elaboração, pela prefeitura de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, o termo de referência que irá detalhar o serviço e definir qual empresa irá desenvolver, por meio de licitação, o projeto executivo para a construção do Parque Ecológico Aldeia Hippie – Museu Vivo, em Arembepe. Trata-se de um plano ambicioso do Executivo municipal, com o objetivo de fazer do local um destino turístico de alcance internacional, tendo como pano de fundo o movimento da contracultura – além, é claro, de toda beleza natural do lugar.
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casas existentes na Aldeia Hippie de Arembepe serão reformadas e decoradas com temas alusivos a obras de artistas baianos; mas não haverá novas construções. Quem já mora vai continuar
A notícia, de saída, agradou a donos de imóveis, hotéis, pousadas, restaurantes, bem como a comunidade em geral. De acordo com a subsecretária de Turismo de Camaçari, Lúcia Bichara, a ideia é que tudo fique pronto em um prazo de dois anos. No momento, ela diz, vários estudos são realizados no sentido de se chegar “às muitas formas de financiamento possíveis”, que deve somar esforços em várias frentes da iniciativa privada. A prefeitura vai entrar com obras de melhorias e infraestrutura nas áreas comuns, afirma ela.
De acordo com Lúcia, existem, atualmente, na aldeia 31 casas – muitas delas abandonas – e 50 pessoas vivendo. Todos os imóveis serão reformados e decorados com temas alusivos a obras de artistas baianos, e novas construções não serão permitidas. Quem já mora lá irá continuar. No espaço há também três áreas para camping. Ainda de acordo com Lúcia, o projeto prevê enfoque na economia criativa – com instalação de pequenos restaurantes, espaço para yoga indiana, massagem, aulas de surfe –, além de potencializar as vendas do artesanato produzido pelos moradores.
“O projeto faz parte do plano da prefeitura de desenvolver o turismo no litoral de Camaçari, e a Aldeia Hippie é vista como área de maior potencial no município. Na década de 1970, a aldeia era um dos destinos mais procurados por jovens de todo o mundo, ao lado de Machu Picchu, no Peru, e Goa, na Índia. A ideia é fazer do parque um equipamento de ponta e o resgate de uma época. A história não pode acabar”, fala Lúcia.
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“O objetivo é construir um diálogo entre os anos 1960 e o século 21”
Gringo Cardia, designer e arquiteto
Para concretizar o projeto foi contratado ninguém menos que Gringo Cardia – cenógrafo, designer, artista gráfico, arquiteto, diretor artístico, de vídeo, teatro, espetáculo de dança, ópera, moda, show, além de criador de museus. Segundo ele, a ideia é construir um museu vivo, valorizando a história da aldeia, seus moradores, e valores da filosofia hippie, como paz, amor e liberdade.
“São temas que se atualizam e respondem aos anseios das novas gerações. O objetivo é construir um diálogo entre os anos 1960 e o século 21”.
Imóveis e espaços comuns da Aldeia Hippie deverão seguir as concepções previstas para implantação do empreendimento turístico (Foto: Gingo Cardia Design l Divulgação)
Preço dos imóveis
Moradora e espécie de fundadora da aldeia, a “professora-hippie”, como ela se intitula, Graça Menezes, 68, diz que a “parceria” (com Lúcia, a prefeitura, Gringo) vem em boa hora, que há muito tempo o lugar estava esquecido, e até sofrendo com a violência.
“Estamos muito carentes de melhoria, marginalizados. Essa é uma mudança que prevê qualidade de vida para a comunidade, que o artesão possa vender o seu trabalho”.
Para o delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci) responsável pela área, Francisco Moura, a iniciativa deve valorizar toda a região, sem deixar de destacar que, mais do que nunca, é preciso trabalhar os preços dos imóveis de forma mais realista. “Hoje, tudo é um milhão, e a gente sabe que não é bem por aí. É preciso descer um pouco à realidade”, diz.
Proprietário há 35 anos do restaurante Mar Aberto, no centro de Arembepe, o empresário João Só diz que a ideia é ótima, que será de grande importância para a localidade e a aldeia – “sob o risco de ela desaparecer” – e que só falta mesmo ser concretizada. “Estamos todos ansiosos”, diz.
*Colaborou Gilson Jorge