Evento procura preparar corretores e outros profissionais do segmento imobiliário
Priscila Dórea*
O mundo de hoje pede inovação constante. Em casa, na rua, no trabalho. A tecnologia está avançando e mudando a forma como pensamos e executamos atividades que repetimos todos os dias. Mudança de cultura ou cultura de mudança? Esta é a questão e tema do Seminário Imobiliário 2019, que será realizado pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) da Bahia no dia 30 de agosto no Fiesta Bahia Hotel. O evento procura preparar corretores e outros profissionais do segmento imobiliário para um mercado que cada dia mais está se ligando à indústria 4.0.
"Tudo está mudando com uma velocidade alucinante. As certezas de ontem já são dúvidas hoje, as pesquisas que apontavam tendências se tornaram fotografias do passado e os monopólios estão sendo quebrados por boas ideias tecnológicas. Basta a gente observar o Uber, a Netflix, o Spotify e várias outras empresas", explica Samuel Prado, presidente do Creci-Bahia. A organização estima a presença de mil pessoas, que participarão de palestras e painéis que discutirão os avanços tecnológicos que estão impactando todos os segmentos, inclusive o mercado imobiliário.
Professor de inovação, empreendedorismo e criatividade nos negócios, Thiago Nascimento será um dos palestrantes do evento, com o tema Revolução digital: uma espiada no futuro, ele chama a atenção para que tanto a antiga como a nova geração tenham noção do impacto da quarta revolução. "O objetivo da palestra é conectar alguns pontos da nossa geração, as formas como elas afetam e o muito que ainda irão afetar a vida de todo profissional, não apenas os do mundo do mercado imobiliário. A digitalização da indústria 4.0 vai interferir na vida de todos", explica.
Thiago afirma que é imprescindível que corretores que estão no mercado há muito tempo busquem conhecer e acompanhar esses avanços tecnológicos, dessa forma podem se manter atentos a quais dessas tecnologias podem ser usadas a seu favor. Antes dos sites de busca de imóveis, os corretores eram de fato procurados, já que eram a principal referência profissional com quem os clientes poderiam encontrar o imóvel que procuravam. Hoje, no entanto, são os corretores que procuram seus clientes.
"A profissão de corretor nunca irá acabar", afirma Romeo Busarello, professor de MBA da ESPM e o responsável pela palestra sobre o tema do seminário, Mudança de cultura ou cultura de mudança? Ele explica que o objetivo da palestra é mostrar quais as transformações digitais que os negócios e carreiras estão pedindo – e vão pedir ainda mais – para os profissionais. Isso está criando uma necessidade de que as pessoas se eduquem para o futuro que terão que enfrentar e prestar atenção no quanto a vida e a competência dos corretores mudará a curto prazo.
A necessidade de viver em constante renovação, estando aberto a novas possibilidades e acompanhando os avanços tecnológicos, tem se tornado parte vital dos profissionais. O segredo, conta Romeo, é não parar de aprender. A educação é um item indispensável da cesta básica da vida, e é preciso ir alimentando essas competências. "Os corretores precisam perceber que não é suficiente ter armas digitais, mas sim cultivar almas digitais. No fim, a educação não acaba sendo cara, mas a ignorância sim".
Foco no cliente
Thiago salienta que, tanto para aqueles que já estão no mercado quanto aos que estão entrando agora, o importante é manter o foco no cliente, já que quando o produto é o foco, são maiores as chances de o mercado acabar. "O mercado imobiliário junto à quarta revolução faz com que fique cada vez mais difícil predizer as atuações dos corretores, e isso faz com que muitos busquem trabalhos paralelos para garantir seu sustento. Por isso os novos corretores precisam entrar no mercado à frente dessa tecnologia, não acompanhando, mas desenvolvendo ela e se desenvolvendo com ela", afirma o professor.
Por isso, explica Romeo, é preciso estar em contínuo aprendizado. A educação mais formal, para ele, tem perdido seu lugar nesse novo mercado, e "educação" não é mais a palavra correta. O caminho mais certeiro é aprender por meio de cursos rápidos, dinâmicos e frequentes, e não os cursos mais longos e estáticos.
Isso porque, ele afirma, o futuro mercado imobiliário não terá espaço para corretores mais ou menos, explica Romeo. "A tecnologia pode eliminar muitos corretores mais ou menos, e para se manter nesse mercado eles vão precisar compreender profundamente o comprador de imóveis. Hoje o cliente tem uma jornada muito mais complexa e está a um clique da concorrência, não a uma quadra como antigamente".
*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló