Rui Costa, o começo tumultuado e o ajuste na chegada
— Política é como uma nuvem. Você olha e ela está de um jeito, pouco depois olha de novo e ela já mudou.
A frase aí, atribuída ao ex-governador mineiro Magalhães Pinto, sempre evocada em embates políticos, encaixa como luva na mão no ponto do cenário eleitoral baiano com os imbricamentos federais da peleja que tem como protagonistas principais Rui Costa de um lado, Zé Ronaldo de outro.
Coisa de dois meses atrás, o lado de Rui Costa era só incertezas. Lula estava candidato, mesmo preso, e não se tinha certeza se a ideia de colocar Fernando Haddad no lugar dele daria certo. Deu. E Haddad agora é competitivo.
Tudo errado — Na outra banda, deu tudo errado, não de agora, mas desde sempre, embora o início indicasse expectativa promissoras.
Em agosto de 2016, os opositores do PT cassaram Dilma e soltaram foguetes. Veio o escândalo de Joesley Batista, da JBS, que detonou a moral dos tucanos junto com Aécio Neves.
No campo baiano veio o bombástico caso das malas de R$ 51 milhões de Geddel, ACM Neto desistiu da disputa, o deputado João Gualberto saiu de cena e para completar Geraldo Alckmin, o candidato tucano com vasto leque de apoios políticos, mais tempo de tevê, agora entra nestes sete dias à espera de um milagre. Um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad nem nossos mais requisitados videntes viram.
Lauro aspira a inovação
Mauro Cardim, o secretário de Planejamento de Lauro de Freitas, mandou para a prefeita Moema Gramacho uma lei que revoluciona a área de tecnologia em incentivos a empresas e instituições de ensino, com a pretensão de transformar o município num centro de excelência da inteligência. É o primeiro da Bahia a tomar tal iniciativa. Fala Cardim:
— Essa lei ficará na história da Bahia. É modelo para outros seguirem.
Inquietações entre tucanos
O fraco desempenho de Alckmin está incomodando os tucanos baianos. O partido que tem hoje como deputados federais Jutahy Júnior, João Gualberto e Antonio Imbassahy, corre o risco de encolher, só eleger dois.
Tem cinco estaduais e a pretensão de eleger quatro. Carlos Geílson, Augusto Castro, Marcel Moraes, Davi Rios tentam se reeleger, com os vereadores em Salvador Tiago Correia e Paulo Câmara correndo por fora.
Lei do Uber entra em pauta
Está na Câmara de Salvador esperando a eleição passar o projeto de ACM Neto que regulamenta os aplicativos, ou Serviço de Transporte Individual Privado de Passageiros, como o Uber.
O projeto impõe exigências como o veículo ter quatro portas e ar condicionado e, principalmente, limita o número de veículos no serviço em 7,2 mil, como o de táxi, que é 7,5 mil.
Vai dar rolo. Só o Uber tem mais de 10 mil.
Linha de corte, a pauta na cabeça dos candidatos
Tal e qual o labor diário de muito, cuja missão é ‘bater a meta’, candidatos a deputado federal e estadual também correm atrás da meta eleitoral, que é ultrapassar a chamada linha de corte, o limite mínimo que as coligações têm que atingir para ganhar os mandatos.
Em 2014, para deputado federal, a linha de corte foi de 110 mil votos. Este ano, estima-se um avanço para baixo, algo em torno de 85 mil votos. Na estadual, foi de 60 mil votos. Agora também caiu para 45 mil.
Nas contas feitas por políticos em roda de conversas, governistas acham que farão de 42 e 46 estaduais. A oposição já esteve mais otimista. Chegou a achar que faria 25. Hoje se contentaria com 19. Domingo que vem veremos.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Erudição
Luiz Augusto Gomes, o companheiro que esta semana nos deixou, bom de caneta, bom caráter, bom pai e também bom entrevistador, estava no time de jornalistas reunidos pela IV Itapoan na campanha eleitoral de em 1986 para entrevistar o jurista Josaphat Marinho, candidato ao governo apoiada por ACM contra Waldir Pires, que acabaria vencendo de ponta a ponta de forma esmagadora.
Pergunta Luiz:
— Professor, o senhor não acha que essa sua linguagem um tanto erudita dificulta a aproximação com o povo?
E Josaphat, na bucha:
— Falece razão ao meu arguinte!
Alguém perguntou a Luiz o que ele achou da resposta de Josaphat:
— O homem carimbou a erudição com todas as pompas do vernáculo!
Em 1962, Josaphat protagonizou caso único na história baiana. Elegeu-se senador na chapa que tinha Waldir Pires como candidato ao governo e perdeu para Lomanto Júnior.