Ciro lidera no Ceará e é terceiro na maioria dos estados
A proibição de doações empresariais para campanha, instituída a pretexto de lavar as eleições das sujeiras apontadas pela Lava Jato, não foi a melhor das estratégias para atingir tais objetivos, muito pelo contrário, gerou outro tipo de corrupção, o mercado de lideranças, conforme gritaria generalizada de deputados estaduais de todos os lados.
O xis da questão é que o modelo de financiar campanhas via Fundo Partidário saiu pela culatra. O dinheiro ficou fácil para deputado federal, muito pouco para estadual e nenhum para os novos candidatos. No tempero, o direito de quem tem dinheiro doar a si próprio.
Comércio livre — Disso resultou que este ano proliferou a pleno vapor o comércio de lideranças, especialmente vereadores e chefes políticos do interior. Ou seja, o que antes se fazia com a contratação de minitrios e afins, dando aquele clima festivo, descambou para botar dinheiro no bolso dos tais líderes, eleitos como potenciais cabos eleitorais.
Esta semana um deputado bradou nos corredores da Assembleia em alto e bom som:
– Esta é a eleição mais corrupta da história!
Contam que em Santa Maria da Vitória uma liderança se vendeu três vezes, primeiro a um, depois a outro e finalmente ficou com um mais endinheirado.
O professor Ney Muniz, de Cruz das Almas, admite:
– Eu fui assediado.
Leão agradece no Bonfim
Há mais de uma semana Rui Costa e João Leão, o vice, fazem campanha separados, cada um para um lado.
Ontem, enquanto Rui foi para o interior, Leão foi para a Igreja do Bonfim.
Alguém perguntou a Leão o que ele fazia ali:
– Vim agradecer por essa feliz caminhada.
E o cidadão:
– Você deveria ir agradecer a ACM Neto, Geraldo Alckmin e esse povo.
Leão gargalhou.
PDT espera ficar maior
O PDT espera se sair melhor do que entrou nas eleições deste ano. Aliado de Rui Costa, Jaques Wagner e Ângelo Coronel, na disputa de deputado federal está sozinho com a expectativa de crescer 100%: tem um, Félix Mendonça Júnior, acha que vai eleger dois.
Já na Assembleia, no chapão com PT, PMB, Pode, PP, PSB e Avante, tem três deputados: Euclides Fernandes, Roberto Carlos e Samuel Júnior. Quer fazer quatro.
Haddad ataca Zé Ronaldo
Os presidenciáveis, não de agora, sempre escolhem suas terras para encerrar a campanha, mas Fernando Haddad preferiu fechar a dele hoje com uma caminhada em Feira de Santana.
A escolha obedece a uma dupla estratégia: estar na Bahia, o estado mais populoso entre os que ele lidera e também por ser a terra de Zé Ronaldo, o adversário principal de Rui Costa.
Ronaldo lidera as pesquisas em Feira e o PT tenta virar.
Bolsonaro lidera em 18 estados, Haddad, em 8
Uma olhada nas pesquisas presidenciais do Ibope, por estado, mostra que Bolsonaro lidera em 17 estados, mais o Distrito Federal, enquanto Fernando Haddad fica na frente em 8, todos no Nordeste, a Bahia inclusa.
Eles polarizam a disputa em todo o Brasil, com a exceção do Ceará, onde Ciro Gomes foi governador e lidera com 39 a 21 de Haddad, o segundo. É também o único estado em que Bolsonaro fica em terceiro, com 15.
Ciro é o segundo também no Piauí e no Pará, onde o líder é Bolsonaro.
Já Marina Silva, que é do Acre, deu chabu na terra natal. Fica em segundo, mas longe de Bolsonaro, que pode colher lá a sua mais expressiva vitória: está dando 53 a 11.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Amigo famoso
Conta Sebastião Nery em 1950 Histórias do Folclore Político Brasileiro, que José Paulo Freire, o Zé do Pé, lendária figura do folclore de São Paulo, sempre bem trajado e elegante, hábito desde os tempos de jovem em Araçatuba, estava num restaurante com amigos quando entrou o banqueiro Walter Moreira Salles, dono do Unibanco.
Zé começou a se gabar que era amigo de Moreira, ninguém acreditou, apostaram.
Numa hora em que Moreira foi ao sanitário, foi atrás, atacou:
– Dr. Walter, preciso de um favor do senhor.
– Mas eu nem conheço o senhor. E logo aqui?! Procure-me depois.
– Não é dinheiro, não. Nada de bancário. É que eu estou com uns amigos ali e gostaria que na saída o senhor falasse comigo, Meu nome é José Paulo Freire, mas me chamam Zé do Pé.
Acordo fechado, na saída Moreira cumpriu:
– Como vai, Zé? Tudo bem?
– Não enche, Walter! Não vê que estou ocupado?!
Walter gargalhou. E Zé ganhou a aposta.