Weintraub: um desserviço ao país em nome da moral
O anúncio do corte de 30% nas verbas das instituições de ensino superior pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, vem acompanhado da banda podre nas redes. Um bombardeio de memes, muitos nitidamente fakes, mostra gente nua andando pelos corredores, em protestos, nas salas.
Em síntese, uma, intenção deliberada de qualificar os núcleos acadêmicos como ambientes de libertinagem tão explícita que num comparativo visual os prostíbulos, nos seus áureos tempos, até parecem santuários.
Avanço com Lula — Dizem os defensores das universidades que os ataques partem dos mesmos núcleos que durante a campanha eleitoral turbinaram as redes sociais pró-Bolsonaro.
Os ataques, oficiais ou marginais, apenas carimbam uma convicção: o viés ideológico presente. Bolsonaro e cia acham que as universidades são ninhos da esquerda.
Antes da era Lula a Bahia só tinha uma universidade federal, a UFBa. Ganhou mais quatro (UFRB, UFSB, UFOB, Unilab e Univasf). Mesmo nesse tempo se via setores como biologia marinha, nutrido com dinheiro da Petrobras, pujante, enquanto os laboratórios de genética, que estuda as deformações que os desatinos industriais e ambientais causam, à mingua.
Sem dúvida que Weintraub presta gigantesco desserviço ao país. Boicota o progresso do conhecimento, aumenta a segregação social, premia o atraso. Como diz o poeta, é triste, mas existe.
Rebuliço no ninho tucano
Pergunta ao deputado Paulo Câmara: o PSDB vai ter candidato a prefeito de Salvador no próximo ano?
— Pergunte à secretária da secretária de João Gualberto. É ela a presidente do diretório de Salvador.
Ele se refere a Cristiane Andrade, a presidente, indicada de Gualberto. Ano passado, para deputado estadual o mais votado em Salvador foi David Rios (36 mil votos), seguido de Marcell Moraes (18.450) e Paulo (16.492).
Deputados no foco das redes
Quem também virou alvo preferencial nas redes sociais são os deputados federais, todos recebendo mensagens com apelos para votar contra a reforma da Previdência.
Num grupo de deputados, um pergunta:
— Você tem recebido?
— Só não recebe quem ainda está na era do orelhão.
Mas convém ressaltar: aí o jogo tem sido limpo. Os que enviam mensagens mostram a cara.
Sertão ainda espera chuva
Embora a chuvarada de março tenha enchido açudes e barragens, o sertão ainda espera as chuvas de inverno. A deputada Fátima Nunes (PT), que acompanha os humores climáticos do semi-árido com base nas informações do Instituto Tempo, diz que os sinais até agora não são bons.
— O pessoal tem demonstrado preocupação. E no sertão, os pássaros ainda não começaram a voltar, o que também não é bom.
Moralidade e eficácia, um sonho no time das contas
Seriedade no manejo do dinheiro público é tudo que todos querem, mas os tribunais de contas vislumbram a possibilidade de dar um passo adiante: para além da moralidade, verificar também a eficácia da aplicação dos recursos.
Assim o é que Marcus Presídio, conselheiro do TCE da Bahia, foi a São Paulo realizar palestra e comandar o treinamento para integrantes de controle de qualidade sobre a aplicação de uma nova ferramenta, o Marco de Medição de Desempenho dos Tribunais de Contas.
O foco é auspicioso: verificar também a efetividade das políticas públicas nas mais diversas áreas, da segurança à saúde. Presídio, antes avesso a microfone, deu um show. Espera-se que as intenções sigam o mesmo caminho.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Embananamento
Essa quem conta é Franklin Maxado, o cordelista maior de Feira de Santana.
Prefeito de Jequié no final dos anos 50, Lomanto Júnior circulava de olho no governo do Estado. Lá um dia foi a Maracás, cidade próxima, num carro dirigido por João Cardoso (sogro de Franklin, que lhe contou o caso).
A estrada era carroçável, no meio da caatinga, o carro pifou no fim da tarde quando ambos tinham dispensado o almoço pensando em chegar logo a Jequié. Parados naquele ermo, a fome batendo, Lomanto ergueu o corpanzil de mais de 150 quilos, botou o pé na estrada, deu num casebre. Bateu na porta, depois de muito insistir, o roceiro envergonhado atendeu. Perguntou se tinha algo para comer. Não tinha.
Lomantão mirou um cacho de banana que nem bem madura estava, mandou ver. Comeu umas dez pencas. Tirou uma nota gorda, deu ao roceiro, agradeceu e voltou para o carro perguntando a João, oferecendo uma penca:
— Ainda embananado? Pois estou aqui inteirinho.