Mauriçola: ‘João Gilberto foi melhor entre os bons’
Juazeiro, no norte da Bahia, que divide com a pernambucana Petrolina a condição de núcleo urbano mais desenvolvido de todo o Vale do São Francisco, tem uma respeitável coletânea de figuras ilustres nos campos de futebol e nas artes.
No futebol teve Luiz Pereira, zagueiro que marcou época na Seleção. Hoje tem Daniel Alves, lateral da Seleção, escolhido domingo passado melhor jogador da Copa América.
Mas nas artes o brilho é forte. Tem Luiz Galvão, que ao lado de Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira criou os Novos Baianos, e nos dias atuais, a nossa Ivete Sangalo e, obviamente, João Gilberto, que nos deixou semana passada.
O pingo — Quem brilha mais? Com a palavra Maurício Cordeiro, o Mauriçola, poeta, cantor, compositor e amigo de João Gilberto.:
— Todos brilhantes, João Gilberto o mais.
Mauriçola conta que conheceu João Gilberto em junho de 1977, um São João, a convite de Del Wilson Oliveira, primo carnal do artista, numa noite memorável.
A mulher de Del Wilson deixou a torneira da cozinha pingando e lá mesmo a festa rolou. O pingo incomodava, menos a João, que lá uma hora, ao som do violão, vibrou:
— Peguei o pingo!
E incorporou o som do pingo aos acordes.
Amanhã Juazeiro faz 141 anos de emancipação. A exposição João Gilberto — Uma vida bossa nova de Juazeiro para o mundo é a estrela da festa.
Quati, sempre fora de pauta
Nas sucessivas reuniões para debater a questão das 421 barragens da Bahia que a Comissão do Meio Ambiente realizou de março para cá, em nenhum momento a Barragem do Quati, em Pedro Alexandre, que rompeu com a chuvarada desta semana, sequer foi citada.
Uma ressalva: Eduardo Topázio, do Inema, advertiu que toda barragem em si contém riscos. O xis da questão é monitorá-las.
O que não acontece.
Comissão que não funciona
Aliás, no rastro da tragédia de Brumadinho, a Assembleia instalou a Comissão Especial de Barragens, presidida pelo deputado Eduardo Alencar (PSD), que nunca funcionou. Na prática, foi engolida pela de Meio Ambiente, presidida pelo deputado José de Arimatéia (PRB).
Eduardo reivindica a nomeação de técnicos e aí entra outro problema: espaços para tais nomeações existem, mas estão ocupados por indicações políticas. Já viu?
Osni tem bens bloqueados
Osni Cardoso (PT), prefeito de Serrinha duas vezes, agora deputado estadual, se enroscou com a justiça. O juiz Marcel Peres de Oliveira, da 32ª Vara Federal de Feira de Santana, determinou o bloqueio de bens dele no valor de R$ 114.137,57, mais contas bancárias e veículos.
Ele foi acusado pelo MPF, a partir de uma ação do prefeito Adriano Lima (PP), de desvios na construção de quatro creches e uma escola com recursos do FNDE.
Vaquejadas, enfim livres dos embaraços judiciais
O deputado Eduardo Salles (PP) diz estar estrilando de felicidade com a aprovação esta semana, em segundo turno, pela Câmara, da regulamentação da PEC do senador Otto Alencar (PSD), que considera vaquejadas e competições com laços manifestações culturais.
A PEC já havia sido aprovada dois anos atrás, mas em outubro do ano passado, por 6 a 5, o STF, ao julgar uma lei do Ceará, considerou as vaquejadas inconstitucionais por entender que tais práticas impunham tratamento de crueldade aos animais.
— Agora acabou aquele negócio da justiça estar impedindo vaquejadas. Mas o melhor de tudo foi a bancada baiana, independente de partido, ter apoiado maciçamente o projeto.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Chuteira de camelô
E por falar em juazeirenses famosos, Roberto Carlos (PDT), três vezes vereador em Juazeiro, agora deputado estadual no quinto mandato, conta que a primeira chuteira de Daniel Alves, craque da Seleção Brasileira eleito melhor jogador da Copa América que terminou semana passada com o Brasil campeão, saiu da barraca dele, 20 anos atrás, no tempo em que ainda era camelô.
Segundo Roberto Carlos, seo Domingos, o pai de Daniel, que era ceboleiro, foi quem comprou:
— Ele tinha um time
lá e resolveu comprar a chuteira em minha mão, e comprou fiado
Recentemente, Roberto Carlos se encontrou com Dani Alves e lembrou a história. O jogador ficou curiosíssimo para saber um ‘pequeno’ detalhe:
— E papai lhe pagou?
E Roberto Carlos, em um sincero lamento:
— Infelizmente, pagou. Eu gostaria tanto que ele tivesse dado o calote. Hoje eu cobraria com juros ou você diria que me deve a primeira chuteira.