Marcell Moraes, deputado estadual (PSDB)
O deputado Marcell Moraes (PSDB) tem sido discreto nos últimos tempos. Não é sem motivo. É estratégia.
Há um processo contra ele em julgamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O Conselho Regional de Medicina Veterinária o acusou de ter feito castrações de cães e gatos irregularmente e com fins eleitorais. No início do julgamento, que se arrasta há dois meses, ele começou perdendo de 2 a 0 e esta semana, na última vez que o caso entrou em pauta, tinha conseguido virar o placar, está ganhando de 4 a 2.
O julgamento deve ser concluído semana que vem, e, como só falta um juiz votar, na pior das hipóteses, ganharia apertado, de 4 a 3.
A confusão — Óbvio que o caso não acaba aí. O Ministério Público certamente vai recorrer ao TSE. Mas há outros ingredientes. O primeiro suplente do PSDB é Tiago Correia, que está no mandato porque Leo Prates (DEM) se afastou para tornar-se secretário da Saúde de Salvador. O segundo é Carlos Geilson, agora primeiro, que era aliado de ACM Neto e pulou para Rui Costa. Se Marcell cair, é só Leo Prates voltar, nada muda.
Mas ontem, após a confusão em que ele é acusado de ter agredido um primo e a mulher, se suscitou o seguinte: teria isso força para mover a Assembleia a cassá-lo por razões éticas?
Dez entre dez deputados dizem que nenhuma. O espírito de corpo lá fala alto. Mas, seja como for, no conjunto da obra, ele com a briga nada ganha. Só perde.
Inválidos de conveniência
Cruzando seus dados com os do INSS, a Secretaria de Administração do Estado (Saeb) constatou que 73 servidores estaduais ativos recebem, em paralelo, aposentadoria por invalidez do INSS. A lista já foi enviada para a tomada de providências.
Em setembro, outra ação revelou que 69 servidores acumulavam a aposentadoria estadual com o recebimento pelo INSS de benefícios assistenciais ao idoso ou ao deficiente (BPC).
‘Se chegar, a gente limpa’
As prefeituras de Cairu (onde ficam Morro de São Paulo e Boipeba), Valença (praia do Guaibim) e Ilhéus espalharam memes pelas redes sociais com os dizeres; ‘Se chegar, a gente limpa’.
Chegou, e, pelo visto, com o óleo invadindo manguezais, brincaram com coisa séria. Em Ilhéus, o secretário Jerbson Moraes, de Desenvolvimento Econômico e Turismo, postou vídeo nas redes chorando.
Ou seja, viu o estrago, estava limpando. As lágrimas.
Cel. Anselmo, o prefeiturável
Sempre citado como prefeiturável em Juazeiro, sua terra natal, o coronel Anselmo Brandão, comandante-geral da PM na Bahia, não descarta a possibilidade:
– Só vou decidir isso lá para dezembro. E é evidente que tudo isso passa por uma conversa com Rui Costa.
Em Juazeiro, o prefeito Paulo Bonfim (PCdoB) é aliado de Rui, pode disputar a reeleição, mas está muito mal avaliado, segundo o consenso geral.
Cocos, onde moram os baianos mais brasilienses
Cocos, o mais longínquo município baiano, situado na divisa com Minas Gerais e Goiás, tem muito mais identidade com Brasília, a capital do País, do que com Salvador, a capital da Bahia. Quem atesta isso é o prefeito Marcelo Emerenciano (PL):
– A questão é que Brasília fica a 500 km e Salvador a 1.080. Lá ninguém sabe o que é acarajé e muito menos vatapá.
Diz Marcelo que a recíproca é verdadeira. Cocos é bonito, com quatro belos rios (Carinhanha, Itaguari, Do Meio e Formoso) e os baianos não conhecem.
E o que acha da ideia de emancipar o oeste?
– Já fui muito a favor, hoje sou contra. De Jaques Wagner para cá passaram a nos olhar, antes éramos esquecidos. A ideia de transformar o oeste em estado era mais um grito de excluído.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Erro de imprensa
Conta Sebastião Nery que Ariston Cardoso, prefeito de Ilhéus, em 1973 foi um dos delegados da Arena baiana à eleição do general Ernesto Geisel, pelo Colégio Eleitoral (eleição indireta e de faz de conta, um jogo de cartas marcadas em que todos já sabiam, com muitas semanas de antecedência, qual seria o resultado).
Voltou todo feliz, contando as venturas e aventuras de eleitor presidencial, uma honra para os aliados da ditadura militar.
Armando Oliveira, dos melhores textos da imprensa baiana, tinha sua coluna no Diário da Tarde de Ilhéus. E escreveu a odisseia de Ariston:
“O prefeito Ariston Cardoso chegou de Brasília de mãos inchadas de tanto aplaudir tamanho cinismo”.
Ariston pegou o telefone, ligou para Armando irado:
– Que diabo é isso, Armando? Você virou meu inimigo, e também inimigo do governo?
– Desculpe, Ariston. Foi um lamentável erro de imprensa. Eu quis dizer civismo. Trocaram o “v” pelo “n” e saiu cinismo.