ACM Neto proibiu acesso a praias da capital | Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE
Quem diria que ACM Neto, no finalzinho do mandato como prefeito de Salvador, estaria proibindo o acesso das pessoas a praias como o Porto da Barra? Sinal dos tempos, diria você, forçado pela Covid que tanto inferniza as nossas vidas.
Neto dá um bom exemplo, o da responsabilidade na condução da gestão pública, mas a boa intenção morre aí. O povo nem tchum. Lotou as praias de Salvador no Natal e, no fim de ano, tudo caminha na linha do velho normal.
Ou melhor, definitivamente o professor Roberto Badaró está certo. Ele costuma dizer que o povo cansou da Covid, mas a Covid não cansou do povo. Ontem, no Natal da Covid, numa quinta-feira, todos os points dos mais de 1.100 quilômetros de extensão do litoral baiano estavam apinhados de gente. E vai piorar. Até porque em grande parte dos hotéis não há vagas.
Efeito São João - Até o início da tarde de ontem o Brasil contabilizava 190.032 mortos, uma média de 737 por dia, 15% a mais do que 14 dias atrás, segundo os números do Consórcio de Veículos de Imprensa. A Bahia soma 8.954 mortes, média diária de 28, com 74% dos leitos de UTI ocupados.
Segundo Leo Prates, secretário da Saúde em Salvador, no São João foi assim, 15 dias depois, o número de casos disparou. Para os prefeitos que ficam ou elegeram sucessores, menos mal. Os demais terão muitas dificuldades até a vacina chegar. O triste do caso é que o preço é em vidas.
Natal triste em Porto Seguro
Apesar de estar no clima do liberou geral, o mundo político de Porto Seguro sofreu um baque ontem. Morreu Aliomar Bittencourt, 70 anos, aposentado da Polícia Rodoviária Federal, ex-vereador, pai da vereadora Lívia Bittencourt, figura muito querida lá.
Se diz que foi ele quem introduziu a família Oliveira na política, a prefeita Cláudia Oliveira (PSD) e o marido dela, Robério Oliveira (PSD), prefeito de Eunápolis, ambos em fim de mandato.
Cobrança no Morro fica
A volta da cobrança da taxa de R$ 20 para acesso ao Morro de São Paulo, suspensa desde março, no início da pandemia, foi reinstituída por Fernando Brito (PSD), o prefeito de Cairu que sai, mas Hildécio Meirelles (DEM), o prefeito que entra, diz que o município já sofre com a vertiginosa queda de produção do campo de gás de Manati, da Petrobras.
Lá se diz que em cinco anos ele para de produzir.
Novo hotel para a praça
Assim que a Assembleia retomar suas rotinas terá uma pauta que vai render boas conversas. O governo quer vender o Palácio dos Esportes, na Praça Castro Alves, desde que seja para ‘destinação turística’. Ou seja, para fazer hotel. Bem em frente, na antiga sede do jornal A TARDE, já há o Hotel Fasano.
Construído em 1935, o Palácio dos Esportes era teatro, famoso por receber personalidades famosas, como o jurista Ruy Barbosa.
Mudar nomes de lugares públicos é um desserviço
De onde será que Jerônimo Rodrigues, secretário de Educação, tirou a ideia de mudar os nomes de cinco escolas estaduais?
Sabe-se lá, mas, com certeza, bate de cara com o que o historiador Cid Teixeira sempre defendeu, a preservação dos nomes conforme a história. E ele sempre deu a justificativa:
– Veja você que Wall Street, em Nova Iorque, o maior centro financeiro do mundo até hoje é Wall Street, Rua do Muro.
Conforme a tese do velho Cid, o troca-troca de nomes só faz contribuir para o aumento da bagunça em termos de referência:
– Simples. Se um hoje desfaz o que outros fizeram, nada impede que os próximos também desfaçam o que se faz hoje.
POLÍTICA COM VATAPÁ
A foto do nada
Conta Sebastião Nery que em 1964 Juracy Magalhães, ex-governador da Bahia, embaixador do Brasil nos EUA, recebeu um telefonema de Castelo Branco, o presidente que se instalou no poder após o golpe militar de 1964 chamando-o de volta ao Brasil para assumir o Ministério da Justiça.
Chamou a imprensa toda para mostrar o telegrama e registrar ‘a importância do momento’. E também o fotógrafo para fazer a foto que iria para a galeria dos ex-embaixadores lá.
– Quero uma foto original, algo nunca visto.
– Com a mão no peito?
– Não, não. Napoleão já tem uma assim.
– E com a mão no bolso?
– Também não. Joaquim Nabuco já fez.
– E os braços estendidos?
– O Amaral Peixoto também já tem...
– Então vamos sem nada, só o rosto.
– E você acha que o rosto é nada?!
– Não, embaixador. É tudo. Principalmente tudo o que eu posso fazer.
Deu o clic e se mandou. E até hoje a foto está lá, a do nada que é tudo