O trabalho remoto foi adotado este ano devido à pandemia de Covid-19 | Foto: Divulgação | Yeko | 22.11.2015
Dizem que a pandemia acelerou um inevitável caminho do futuro, o home office, ou trabalho a distância; 46% das empresas adotaram, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA). E, apesar das ressalvas, a conclusão é única: não tem volta.
Dado o abatimento que na pandemia de Covid a coisa acelerou a toque de caixa, pintaram novos problemas típicos, como o estresse do isolamento ou algumas empresas expondo suas maldades, como estabelecer jornadas quase intermináveis.
Mas, no mais, quase tudo bem. Afinal, o home office não é novidade. O rádio, por exemplo, que sempre foi o mais ágil dos veículos de imprensa, faz isso há longas datas, já nasceu incorporando o telefone como ferramenta essencial. Figuras conhecidas do nosso tempo, como Mário Kertész e Raimundo Varela, que o digam.
Em Santa Luz — Mas foi de outro patamar, o do impresso (veja nota abaixo), que resolvemos achar de buscar um cidadão que, em 2018, lá em Santa Luz, cavando um buraco de tatu, deu numa pepita de ouro de 814 quilates, uma boa bolada.
Resolvemos entrevistar o cara da pepita e recorremos a um amigo filho da terra. De lá o bom Marão disparou:
– Só tinha duas pessoas procurando ele, Deus e o mundo. Agora tem três, tem você também.
Moral da história: no home office só não dá pepita de ouro. Também, ressalte-se, aí não tem pra ninguém.
Genival Deolino, cristão-novo no tititi de Santo Antônio
Comerciante, ex-presidente da poderosa Associação Comercial de Santo Antônio de Jesus, Genival Deolino (PSDB), figura que cresceu partindo da feira-livre, meio gago, se elegeu derrotando o prefeito Rogério Andrade (PSD), bem falante e posudo numa goleada histriônica, mais de seis mil votos de frente, numa disputa que parecia trincada.
Rogério de saída tentou ridicularizar Genival. No primeiro debate disse que antes de ele ir ali deveria tomar uma aula de dicção. Gargalhada geral. Genival respondeu na canela:
– Não sou candidato a locutor. Sou candidato a prefeito.
Colou. O ‘eu quero o gago’ viralizou. Agora Genival já protagoniza outro furdunço. Já disse que não será candidato à reeleição. E também que o ex-prefeito Humberto Leite, candidato que desistiu para apoiá-lo, não tem direito a nada. Lá, os deputados Alan Sanches (DEM) e Prisco (PSC) têm uma fatia.
O impresso na pandemia
Só para completar o texto acima, convém ressalvar que no impresso, nosso caso, o home office é bem mais novo e complexo.
A informação com suporte de papel passada mão em mão (por isso fortemente atingida na pandemia), a mais antiga, é também a que mais sofre com a sociedade em rede e teve que incorporar as tais para ganhar uma sobrevida. Mas a história é pródiga em mostrar que na vida as coisas se agregam.
Cachoeira, onde Eliana é a primeira negra a chegar
Cachoeira, uma joia do Brasil colonial melada pelo império da escravidão, vai ver esta semana um fato único na história. Eliana Gonzaga de Jesus, ou Eliana (Republicanos), vai tornar-se a primeira mulher negra a dirigir o município. Só falta a posse.
Mais que isso, ela derrotou Fernando Antônio da Silva, o Tato (PSD), prefeito de terceiro mandato tentando a reeleição.
Mais que isso. Tato é rico e tem fama de brabo, tipo vem que tem. Ela, ex-feirante e sindicalista, origem bem humilde.
A declaração de bens dos dois dá uma ideia. Ele, um milhão e 51 mil reais. Ela, uma casa em Cachoeira, metade de outra casa na zona rural e um lote. O típico o tostão contra o milhão.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Quase autocrítica
Nos seus oito anos de mandato como prefeito de Salvador, ACM Neto colheu muitos beijos e abraços nos quatro cantos de Salvador, às vezes entremeados com algumas críticas, que ele tirava de letra.
Lá um dia, reunido com jornalistas, conversa descontraída, alguém falou para ele que a piscina olímpica, que veio das Olimpíadas do Rio para a Pituba, por exemplo, é um obra maravilhosa, mas em seguida fez a observação maligna:
– Neto, no conjunto eu gosto muito da sua administração, mas tem uma coisa que eu não consigo engolir.
– O que é?
– As multas de trânsito. Vem cada uma que eu vou te contar, dói no bolso.
E ele:
– Eu também não gosto, tenha certeza.
– E você é multado?!
– Sim. Quando estou com o meu carro. E quando a multa chega dá vontade de xingar a mãe do prefeito. Quando eu me lembro que o prefeito sou eu e a mãe é a minha, eu deixo pra lá.