O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, advertiu hoje ao Ocidente que eventuais sanções não irão fazer com que seu país pare de enriquecer urânio. "Vocês (ocidentais) estão enganados se acreditam que a nação iraniana irá se afastar por um só momento do caminho rumo ao uso de energia nuclear devido aos seus resmungos", discursou ele para uma multidão em Hashtgerd, 90 quilômetros a oeste da capital Teerã.
"Esta nação é poderosa e não arredará um milímetro por coação", clamou, provocando gritos de "Morte aos EUA!" na multidão. Mais cedo, o chefe da Política Externa da União Européia, Javier Solana, relatou que "horas intermináveis" de conversas com o Irã sobre seu programa nuclear - com o Ocidente pressionando pela suspensão do enriquecimento de urânio - não produziram quaisquer progressos.
"Cabe agora ao Irã decidir se chegou o momento de acabar" com as negociações, disse Solana ao Parlamento Europeu. Ele sugeriu que se este for o caso, o impasse deveria ser transferido para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que poderia impor sanções à república islâmica.
"Faz 27 anos que eles (o Ocidente) não nos permitem usar tecnologias que eles dispõem", reclamou Ahmadinejad, referindo-se ao tempo em vigor de sanções dos EUA contra o Irã: desde a revolução islâmica de 1979 e a crise de reféns na embaixada americana em Teerã.
Mais cedo, a televisão estatal iraniana divulgou que Ahmadinejad havia ordenado que fossem abertas as instalações nucleares do país a turistas estrangeiros, para provar que seu programa é pacífico. "Depois de uma ordem do presidente [...] turistas estrangeiros podem visitar as instalações nucleares do Irã", anunciou o chefe da Secretaria de Turismo iraniana, Rahim Mashai.