Milhares de pessoas em luto participaram hoje das procissões fúnebres em homenagem aos 18 civis mortos em um bombardeio israelense na madrugada de ontem em Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza. Todas as vítimas do ataque pertenciam à família Al-Athamna, um clã destacado da cidade do qual fazem parte diversos doutores e profissionais. Entristecidos e revoltados, participantes dos funerais juraram revolta. Cerca de 20 homens armados dispararam esporadicamente para o alto. No meio da procissão, um pai desolado pegou nos braços o corpo de seu bebê de apenas um ano.
O novo cemitério de Beit Hanoun, cujas obras ainda estão em andamento, foi preparado às pressas para receber as vítimas porque nenhum outro cemitério da cidade tinha espaço suficiente para que elas fossem sepultadas juntas. Havia oito crianças e sete mulheres entre os 18 civis mortos no bombardeio israelense, realizado no meio da madrugada, enquanto as pessoas dormiam.
Os corpos chegaram ao cemitério a bordo de um comboio de 18 ambulâncias. A procissão fúnebre partiu de dois pontos diferentes, pois os hospitais da região, superlotados com as vítimas da ofensiva israelense, não tinham capacidade isolada para manter todos os corpos em suas morgues.
"Deus é maior do que Israel e a América", gritaram no meio da procissão. As palavras de ordem eram entrecortadas por tiros. "Vou me vingar. Vou me vingar", jurou um familiar. "O inimigo sionista entende somente a linguagem da força. Portanto, eu digo: olho por olho, dente por dente", disse Abdel al-Hakim Awad, um porta-voz da facção política Fatah, amplamente vista como moderada.
Hoje, toda a atividade em Beit Hanoun concentrou-se nos funerais. Numa manhã comum de quinta-feira, as ruas da cidade estavam cheias de pessoas. Horas antes dos funerais, as ruas estavam praticamente desertas. Um luto oficial de três dias decretado pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) manteve o comércio fechado.
Em Nova York, os integrantes do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) irão se reunir para debater e possivelmente votar uma repreensão a Israel. O bombardeio foi o mais mortífero ataque promovido por Israel contra civis palestinos ao longo dos últimos seis anos e minou os esforços para a composição de uma coalizão de governo mais moderada, assim como acabou com qualquer perspectiva imediata de retomada dos esforços de paz.